terça-feira, 23 de junho de 2009

O curioso caso da porta invisível


A quantidade de desdobramentos de imagens, sons, que a internet meretrizou em poucos anos é algo assombroso ante a História. Passadas as recentes revoluções Industrial e Conceitual (anos 70), atualmente nos enraizamos perigosamente em uma Revolução Tecnológica. Perdemos (ou ganhamos) uma outra noção de tempo, de resignificação de coisas já antes resignificadas criando algo insustentável, esquizofrênico, em que tudo pode ser tudo ou outra coisa, como os conceitos de Anarquia - em que o espaço virtual da Internet é o único possível de existí-la desde o surgimento intelectual do termo -, de Comunicação, Portabilidade, Consumismo, além do surgimento de outros (Link, Acessibilidade, Backup, Deletar).

Não há ainda uma enfermidade eletrônica quanto a isto, posto que, teoricamente, a Internet não polui, não degrada, não causa dano físico a nada nem a ninguém, mas apenas os meios e modos que são utilizados para mantê-la: o que dá na mesma. O fracasso de tal Revolução, no entanto, ergue-se ferozmente ao propiciar a qualquer indivíduo causar mazela psíquica financeira, moral e que, na esfera ciber, toma proporções hipertróficas. Como um cria cuervos, indústrias pensam programas incopiáveis, mas que geram outra demanda, a de pessoas que pensam programas para quebrar tais chaves binárias. A tentativa de criar um panóptico no Google, de estabilizar um sistema por essência instável, de guardar trilhões (dado generoso) de emails em uma única caixa - aliás, onde ficam guardados os emails? -, estaciona em um fato exuberantemente incômodo: não existe controle para aquilo que não existe dono.

Ratificar o improvável, reter o infinito, resguardar algo num corpo nu, combater o todo no espaço da amplidão, são distúrbios eletrônicos criados pelo e no próprio meio em que foram gerados. O que nos "salvaria" de tantos infortúnios futuros deveria ser uma nova Revolução, uma desestruturação do estado das coisas, algo como "pode tudo, mas não pode qualquer coisa", senão vira bagunça, se é que, inconscientemente, já não virou.

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