sexta-feira, 30 de abril de 2010

Se um dia eu Chico fosse

"E pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz. Mas agora, por favor, deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa. E qualquer desatenção, faça não, pois pode ser a gota d´água. Éramos nós, estreitos nós. Enquanto tu és laço frouxo. Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo que eu sou professor! Eu semeio vento na minha cidade. Vou pra rua e bebo a tempestade! Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado. Há de haver algum lugar, um confuso casarão onde os sonhos serão reais e a vida não. Deixa balançar a maré e a poeira assentar no chão. Pra se viver do amor há que esquecer o amor. Eis o malandro na praça outra vez. Caminhando na ponta dos pés como quem pisa nos corações. Minha cabeça de noite batendo panelas provavelmente não deixa a cidade dormir. Agora, falando sério, eu queria não falar falando sério. Chega de mágoa, chega de tanto penar. Me dê só um dia e eu faço desatar a minha fantasia”; aqui, nesse lugar:


Hasta el regreso.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

A espera (ou à espera)

Esperando pela indiferença é que pude enxergar a que ponto as coisas chegam. Na medida em que tudo se transforma percebo que somos capazes de sentir aquilo que sequer imaginávamos existir. Aquilo que nunca esperaríamos sentir. Aquilo que nunca quisemos ver existir e/ou esperar sentir. Ao que parece, são coisas da vida. Transformações engrandecedoras, crescimento involuntário, endurecimento do peito. Sim, coisas da vida, não? Bom também. Ruim também. Casos e acasos. Casos e descasos. Idas e vindas. Algo que talvez eu não tenha tato para controlar. É como diz o poeta em Pessoa: "o homem vulgar, por mais dura que lhe seja a vida, tem ao menos a felicidade de não pensar". Fato é que não me reconheço em mim. Invulnerável e indisposto sigo sem ter onde parar. Estou me guardando para quando o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival chegar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010


Normais manhãs de outono em que acordo esperando a borracha do tempo passar. Está atrasada, mesmo sem ter hora marcada para chegar. Enquanto isso, troco idéias com o espectro do arrependimento, que poucas coisas boas têm para me falar. Anunciou-se a chegada de uma nova fase. Realizaram-se sentimentos ainda piores. Mas é aquela velha história, como dizia o Simonal. “Nem vem que não tem. Para virar cinza minha brasa demora”. Assim como a borracha do tempo, também sem consideração, que com a minha cara insiste em fazer hora. Não faz o que fala e não fala o que faz. Bom mesmo seria se ainda fosse há seis meses atrás.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uma carta (ou sobre Clarice Lispector) [ou viva a Ucrânia!]


Querido casal,

lembrei-me daquele papo que tivemos (no Barnabé, entre umas e outras, se não me engano) sobre Clarice Lispector, João Ubaldo Ribeiro, etc. e tal. Ainda continuo preferindo o João Ubaldo, por achar ser um escritor mais completo, que trata de temas diversos que vão além dos paradoxos de nossa existência. Mas não é o caso desse escrito. Venho para lhes dizer que, nesse processo de recuperação, passagem e superação sobre o qual me encontro, resolvi reler o único exemplar que possuo dessa incrível mulher que, realmente, como poucos, soube escrever sobre o ser que somos. A Hora da Estrela, obra que tem como personagem principal uma nordestina de nome Macabéia, me serviu como um tônico vital, como néctar de vida, como um biotônico de inteligência. Além disso, me fez refletir e enxergar outras coisas que estavam embaçadas por sentimentos ainda entalados em minha garganta. Confesso que sofri. Sofri por me encontrar nessa situação e ler sobre os sofrimentos de uma personagem pela qual criei afeto; pela qual criei proximidade e bem-querer. Sofri por entender coisas difíceis de entender. Sofri por me sentir mal com as minhas perdas. Sofri por sofrer. Sofri por estar vivo, assim desse jeito. Sofri por ler uma autora sofrida e linda. Sofri por me sentir melhor que outras pessoas. Sofri por me sentir sozinho. Sofri por ter que deixar coisas para trás e ter de virar a página na qual queria que o livro de minha vida sempre estivesse aberto. Ou mais ou menos isso... Ainda assim, consegui enxergar coisas. Mais importante: consegui digerir coisas. Meu universo agora é maior. Compreendi com compaixão o que não era pra ser compreendido dessa forma, mas optei por assim o fazer. B me disse que pessoas como eu sofrem mais, mas são melhores e difíceis de se encontrar por aí. Na hora isso me causou muita revolta. Mas agora eu absorvo de outra forma. Sou assim, criado assim, crescido assim. Pobre são os egoístas, os rancorosos, os incapazes, os fujões, os covardes e os desonestos. Não que eles sejam pessoas ruins, como é possível de não serem, visto que pessoas boas possuem um ou outro “adjetivo” desses. Mas são menos felizes, ou passam por uma quantidade de momentos infelizes maior. Eu sei que não sou ninguém para dizer nada – e nem tenho essa pretensão -, mas com vocês me sinto a vontade para falar. Agradeço aos dois por me lembrarem essa autora estonteante (literariamente falando) que tanto bem - através de tanto "mal" - me fez. Sigo agora com cicatrizes, agruras que espero superar e com um livro da dita cuja debaixo do braço.

Um beijo e um abraço!

Ass: J.P.P.

segunda-feira, 12 de abril de 2010


Gosto muito de escrever sobre música, como já foi claramente possível perceber. Algumas pessoas possuem relações diferentes com a música, independente de seu estilo. Eu sou um daqueles exemplares em que o som praticamente dita o rumo da vida. Quando não isso, no mínimo, influencia bastante. Sou daqueles que relaciona tudo a alguma música ou banda, que monta coletâneas temáticas que mais se parecem dolorosos processos criativos, que faz listas, tops e mais um monte de coisas inúteis que, apesar de inúteis, me são muito importantes.

A partir de agora, o resultado de um dos meus passatempos prediletos poderá ser conferido na Rádio Rock Puro, uma rádio on-line que executa o rock mais honesto da web e que ainda possui uma seleta lista de colunistas e colaboradores, que complementam o site com textos bem interessantes. Para quem gosta do gênero, é um prato bem cheio. A minha coluna já está no ar e, muito honradamente, colaborarei com alguns textos sobre as bandas que eu gosto ou outras peculiaridades sobre este universo musical.

A Rádio Rock Puro é um projeto muito bacana do produtor Sérgio Avellar, que desenvolve um trabalho muito legal; um trabalho de resgate e divulgação de grandes nomes do rock, conhecidos ou não. Quem é assinante passa a ter acesso a um conteúdo exclusivo e muito bem organizado pelo Dinossauro. Vocês podem estar se perguntando quais os motivos para pagar por uma rádio on-line, tendo em vista a facilidade para se encontrar inúmeras rádios gratuitas pela rede afora ou ainda quando se tem a possibilidade de fazer downloads de qualquer coisa sem maiores problemas.

Eu lhes respondo com o seguinte: se o preço a ser pago pela assinatura fosse algo exorbitante, eu concordaria. Mas não é. Para quem é fã, o investimento vale a pena. A grade é repleta de programas organizados por temas, especiais de primeira, um acervo de qualidade recheado de raridades, informativos semanais, etc. Além dos textos para completar, que você pode ler enquanto aprecia o conteúdo da rádio. Enfim, eu gosto bastante e recomendo-lhes. É possível fazer um “test-drive” através de um cadastro temporário. Através dele você poderá ter acesso a tudo que a rádio tem para oferecer.

Não é possível explicar todo o projeto por aqui. Mas para saber mais sobre tudo o que a rádio oferece, clique aqui. Siga a Rádio Rock Puro também no Twitter.