quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Que venha o novo ano!


Nós, da equipe do blog Um que Faltava, desejamos a todos os nossos leitores (se é que eles realmente passam por aqui) um feliz ano novo. Uma virada com a merecida comemoração e um 2010 bem melhor que 2009, com muita prosperidade, saúde e bondade. As outras coisas nós continuamos buscando, ainda que sem conseguir. É a luta que nunca cessa. A batalha sem fim que é viver. Que todos nós pensemos em paz, de maneira macro, com honestidade. Pensemos também em alegria, em sinceridade e em ajudar; por mais piegas que isso possa parecer. Ou por mais piegas que isso possa soar para alguma parte dos que aqui fazem visitas.

Em janeiro, após esse hiato de quatro dias, o blog funcionará normalmente, isto é, com posts escassos e respeitando um certo intervalo (longo) de tempo. Para deixa-los curiosos, o ano começará com um TOP 5 do que de melhor foi feito no mundo da música neste ano que está à beira do fim. No mais, deixamos a vocês nossos mais sinceros votos de felicidade. Bom 2010!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Onde não tem chopp

O clima de fim de ano também afetou o blog. Ele está empanturrado de comidas típicas e não-típicas do natal, se recuperando de um longo período ébrio e se preparando para os últimos dias de 2009. Enfim, é a famosa rebordose entre o natal e o reveillón.

Afim de ao menos dar ares novos a isso aqui, venho avisa-los de que mais um texto gastronômico - o último do ano - de minha autoria está no Mondo BHZ. Dessa vez fui parar no Chopp da Fábrica, um tradicional estabelecimento da boemia belorizontina. Curioso é o fato de eu não ter escrito nada sobre o local antes. Todavia, lá está! Aproveitem.

Para ler este e meus outros textos, além de todo o conteúdo de toda a equipe do guia crítico de artes de Belo Horizonte, basta clicar aqui.

Vocês também podem seguir o guia no twitter. Mondo BHZ = arte + cultura.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal!

Nós, do blog Um que Faltava, e o Bob Dylan desejamos a todos os nossos leitores e ouvintes um bom Natal; repleto de bondade, honestidade e alegria, mesa farta e copos cheios. Afinal, é pra isso que serve o Natal. Unir pessoas, juntar familiares, expulsar a hipocrisia e promover harmonia e estabilidade. E nada mais. Isso tudo, claro, se for possível. Uma boa festa a todos!

domingo, 20 de dezembro de 2009

40 anos depois (ou igualmente genial)



Lançado também em 1969, o longa musical-ópera-rock Tommy tirou o The Who da merda. Tornou esta uma das bandas mais viscerais da História, criando um disco (1975) sensacional, um filme épico e um modo de se pensar uma obra musical com um enredo contínuo, mais tarde copiado pelo Pink Floyd com The Wall. Ébrio.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

40 anos depois



O disco, lançado no final de 1969, foi o último com a participação de Brian Jones. Energia. Sem adendos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Linha a linha (ou entrelinhas)

Sacul Ittazub era árabe. Ou escandinavo. Ou israelita. Morava no Brasil há alguns anos. Tinha certa dificuldade em compreender a língua que o acolhia e sustentava sobre o lado direito do ombro um sinal. Fazia uma enorme "salada indigesta" com tantas palavras evidentes. Assim, arriscava constantemente apreciar linhas, apesar de seus "juízos de valor míopes". Era arrebatado de um enorme "frisón" quando ouvia de seus interlocutores que sim, estava correto aquilo que dizia. Alguns, por vezes, corroboravam, no entanto, erroneamente com suas inferições. E assim que percebiam tal deslize, corrigiam-se o corrigindo.

Ele, do alto de sua postura acadêmica (sabe-se lá de onde), arqueava em riste seus antebraços simbolicamente representando uma banana - ou dando uma banana para aqueles. Os "embananando", acreditava que tornaria verdade aquilo que supunha: "logo eu que cri que não crer era o vero crer em colocar a mão no bolso". Vêem? Incompreensível, não? No entanto, havia conseguido arrecadar, por mérito, um montante considerável para um imigrante (devia ser turco) em épocas de pouca colonização e muita massificação.

Havia construído uma enorme lan house sob o letreiro "Fila Dupla", referindo-se, claro, aos códigos binários essenciais para o funcionamento da rede. O logotipo da empresa era idêntico ao sinal cravado em seu ombro. Uma mistura de tatuagem com queimadura de terceiro grau. Certa vez, indagado sobre um corrupto inveterado que recobria de mãos os bolsos alheios e, posteriormente, permanecia por horas e horas em sua empresa, alimentando, por conseguinte, sua conta bancária, causava grande desaprovação entre os comerciantes em redor. "São pessoas sérias, há que se distinguir casos e casos", dizia.

Ora Ittazub, pare de verborragizar tons "a esmo, sem critério, apenas visando lucro". E ele, dando de ombros, dizia que os outros é que deviam "conquistar simpatizantes". Faliu, "devido ao alto índice de desaprovação". No derradeiro momento de desilusão, sustentava olhos em lágrimas ao visualizar as últimas atrocidades de seus invejosos. Ao sair na porta de sua bancarrota internética, o letreiro com sua logo, sua marca, tinha sido vilipendiado, quase um atentado ao pudor. Haviam "furado o sinal" de Ittazub. Cabisbaixo, profetizava: "esse filho-da-puta devia levar uma multa".

Feito trágico, caminhou noite adentro arquitetando pensamentos que, acreditava, eram vanguardistas. "O que haveria de ser feito é uma conscientização da população", "apenas para corrigir", "pro muleque crescer ciente da responsabilidade". Ittazub, Ittazub, volte para a Grécia. Lá não tem brasileiro imprudente ou "pessoas aplaudindo" o equívoco da moralidade. Existem apenas sádicos que, se rindo, riam-se de si mesmos em segredo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Lamentações em cópias coladas

A maioria dos seres humanos é suficientemente incapaz de criar algo para se definirem como autores. Usam arquétipos de pensamentos perdedores, frases de efeito pseudo-insalubres e copiam tendências autorais alheias. E isso se trata de um todo, trata-se de comportamento, no maior ângulo que isso possa alcançar. Todavia, vivem a lamentar. Estão presos à lamentações infundadas, reducionistas, mínimas, baixas e baratas. Eu mesmo também lamento. O que é isso aqui senão uma lamentação típica de uma espécie frustrada? Entretanto, sou a favor das lamentações criativas, das lamentações verdadeiras, particulares, únicas e sinceras. Boas mesmo são as lamentações dos pássaros, em forma de canto. Ou essa logo abaixo, que o artista de rua Moondog compôs lamentando a morte de Charlie Parker, saxofonista, compositor, um dos músicos mais influentes do jazz e também conhecido como Bird:

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Somos feitos para nós mesmos (ou desabafo em julgamento)


De boas almas o mundo está cheio. E vejam só como ele vai bem. É esse altruísmo bonito que nós vemos coroando a Terra. Impressionante mesmo é a esfera da nova filantropia sentimental. Agora, rumores verídicos dão conta de que beneficência é fazer o mal visando o bem, quando muito bom, em médio prazo. Balela. Nisso tudo, a única verdade é que as pessoas, cada vez mais, pensam apenas nelas mesmas; mesmo que com alguma outra parte igualmente envolvida. Tentam lhe convencer de que uma coisa ruim tornar-se-á boa num estalo do tempo. Para mim, é o encontro do absurdo com o egoísmo. A pororoca que resulta em egocentrismo. A piracema dos peixes individualistas. Penso em você, mas sobre as suas próprias costas. Deveras confortável, realmente.

A decepção é mesmo algo lúgubre, não? É o preço que pagamos por insistir em confiar. Confiança é para e em nós mesmos. E nos reais amigos que – no fim das contas – são um pouco de nós mesmos também. É preciso tomar nota de que esse orgulho parasita que vai adentrar mais uma década é sinônimo de pequenez do coração e de frieza do peito. Não dê espaço a quem sozinho caminha orgulhoso, não dê palavras a alguém que as jogue fora, não dê ouvidos a quem não é justo, não dê olhares a quem só tem umbigo, não ofereça ajuda a quem não quer ser ajudado, não dê confiança a quem não é de lealdade, não fale verdades para não escutar mentiras e não dê amor a quem não valha a pena. O egoísmo que às vezes parece saudável lhe faz mesmo pensar o quão importante você é para si mesmo, lhe faz pensar somente na primeira pessoa. Mas e no fim, o que lhe resta? Vai se esbanjar com o que? Egoísmo racional é para tudo aquilo que é micro.

O supremo do contra-senso é essa onda de egoísmo solidário ou solidariedade egoísta, como queiram, ter a competência de confortar alguém. Apesar de fingirem sentimentos, prostram-se suavizados num misto de gozo e prepotência. Não dá para simplesmente engolir tudo aquilo que lhe é jogado na cara. Frente a certos tipos de situação acho cabível e honesta a necessidade de algum julgamento. Nada de petulância, arrogância ou posse da verdade. Nem perto disso. Apenas é preciso entender que nem tudo é passível de carta branca ou passe livre. Portanto, você não mais.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Com o intuito de tirar a poeira - para ceder espço à outra mais nova - venho publicar o último registro da trilogia de textos por mim editada e adaptada, daquele quase-escritor que adotei como pseudônimo imaginário. Bom seria se tudo fosse tão bonito e confortante como as palavras que 'ele escrevi'.

"A vida é a arte do encontro, apesar dos muitos desencontros", por Roberto Terra:











O encontro

(17/08/1977)

Nada há que se compare,
Por um minuto sequer,
À esperança da espera
De esperar a esperança do encontro.

A sensação do amor
Que pode chegar,
Simplesmente não vir
Ou, quem sabe,
Resolver atrasar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

BHTrans não pode mais multar (ou "ô maravilha!")



Certa vez, o Dono do Mundo resolveu tomar uma decisão. Exausto de tantas reclamações de seus súditos, decretou que todos os motoristas de ônibus e caminhão, de táxi e motoqueiros, fossem banidos para uma única cidade, tendo que conviver cotidianamente. Ainda que em protesto, já visualizando o caos entre eles, todos seguiram rumo para a Pqplândia. Com o tempo, o Dono do Mundo conferiu àquela cidade o status de extradição, lugar para onde todos os párias eram banidos. Como não havia meio de tal idéia dar certo, contratou (leia-se criou) uma empresa para canetá-los. E assim se fez a PqpTrans, mais tarde renomeada BHTrans.

Há de se ter parcimônia. Todavia, até que enfim desconfiaram que, além de incompetente no planejamento de tráfego (obrigado) da cidade, tal empresa indubitavelmente visa(va) lucro. O Ministério Público, ao indiciá-la, torna notório algo que apenas os motoristas vivenciavam: o autoritarismo de funcionários contratados pela Prefeitura para exercer a função de juízes da circulação de veículos urbanos. Sendo uma "empresa mista", como todos os períodicos belorizontinos copiaram-se, não deve ter o poder de decretar multas que, muitas vezes, ignoram aquilo que chamamos de bom-senso.

Ao abordar, seus fiscais são prepotentes, arrogantes e perniciosos. Ao multar, parecem ter o dom. Recordo um professor de legislação de trânsito que tive para retirar minha habilitação. Quase em regozijo, vociferava palavras de ordem como: "tem que meter a caneta mesmo!". Como farão agora para arrecadar o gigantesco montante em épocas de IPVA ou no final do ano? Pedirão demissão ou serão demitidos ante ao enorme déficit esburacado pelas mãos da justiça? Não intento aqui tornar caos o trânsito já caótico de Belo Horizonte. Incentivar o motorista a desobedecer as leis. "A BHTrans não pode mais multar, então vai". Entretanto, contratar uma empresa privada - mesmo com a Prefeitura sendo sua maior acionista - para delegar funções e autorizações de punição que deveriam ser exercidas pelo Estado é algo, no mínimo, obscuro.

Isso é dever do poder público. Fiscalizar e punir com multa, mas apenas por aqueles que devem, em teoria, rabiscar o bloquinho. Com arrecadação de multas em torno de R$60 milhões por ano, não será nenhuma surpresa se a empresa decretar falência múltipla de seus órgãos em pouco. Isso não é um desabafo de um lesado pela BHTrans. Recebi, sim, algumas multas por infrações que julgo, inclusive, corretas de serem punidas. No entanto, causar margem para excessos e abusos sendo, inclusive, desconfiadamente maliciosas tais multas, quase maquiavélicas, é algo intolerável.

Contudo, a Prefeitura de Belo Horizonte (atual dona da BHTrans) não concorda com tal decisão. Em nota, informou aos desavisados infratores que tentarem "usufruir" da sentença: "a orientação é de que a BHTrans continue atuando na operação e fiscalização do trânsito até que a ação transite em julgado". Já em nota devidamente autenticada pela empresa deveria também alertar: "informamos que todos os funcionários estão de aviso-prévio".

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E Deus, existe?



Essa semana a Rede Record de Televisão foi acusada de vender propaganda irregular na cidade de Feira de Santana, na Bahia. A notícia conta que a emissora exibe comerciais diferentes na cidade aqui citada e em Salvador. Não sendo geradora, pois não tem concessão, a Record só pode retransmitir o seu sinal. Por lei, tal prática é irregular, posto que ela só pode veicular seus próprios comerciais.

Lhufas para tudo isso. O que penso, notoriamente influenciado por meu agnosticismo, é o tamanho que tal empresa tem ganhado ao longo dos anos. Propriedade de uma igreja - só isto já bastaria para se fitar de soslaio sua integridade, não importando qual corrente religiosa -, maquiada por programação mista, sem radicalismo ou pregações evidentes às suas ideologias (ainda restam?), a Rede Record abraça diversos meios de comunicação no país. Antes pertencente ao Grupo Sílvio Santos, foi vendida no final da década de 80 para a Edir Macedo Indústria Ltda.

A partir daí, comprou diversas redes de televisão pelo país, além de rádios, jornais e revistas do segmento. Atualmente, integra a segunda potência em comunicação no Brasil, tomando progressiva e pasteurizadamente o lugar de outras emissoras no Ibope, ao copiar descaradamente a Rede Globo, outra bobagem audiovisual. No entanto, isto tudo não foi adquirido de maneira desventurada.

A Igreja Universal do Reino de Deus angaria fiés ao longo dos anos de maneira espetacular. Tendo o mínimo de cuidado em apreciar seus métodos, pode-se notar claramente os motivos para tal sucesso que, diga-se com "méritos", não se distancia daqueles utilizados pela Igreja Católica, hoje decadente. Quando se vai a um culto evangélico ou, em sua maioria, aos das quermesses protestantes, notamos um apuro e cuidados meticulosos.

Paralelando-se a Igreja Católica com a Evangélica percebemos: os cantos dos hinos no catolicismo são deploráveis, tanto pelas letras quanto pela melodia, relegada, quase sempre, a um violão e vozes desafinadas; já com as igrejas protestantes, um coro afinadíssimo, uma banda redonda e uma amplificação de show fazem bem aos ouvidos, há de se reconhecer; a missa austera, pragmática, desmedidamente maçante faz qualquer beato dormir; na Catedral da Fé, todos são chamados constantemente ao novo, à atenção com o discurso, seja pelos gritos e uivos do pastor, seja pelos milagres, estes também existentes na Católica; a estrutura física da Igreja Católica lembra o período medieval, com seus bancos de madeira, seus enormes adros que alicerçam sua ostentação, além dos novíssimos ventiladores que circulam ar quente; bem diferente dos Templos da Libertação com seus acolchoados bancos e seus ar-condicionados (foda-se a nova regra gramatical) que recebem confortavelmente seus clientes, ops! fiés (ok, gafe para as duas).

Entre ambas, um dado as aproxima: são extremamente retóricas e preconceituosas. Ainda não tomamos tento de que religião deveria ser tratada de maneira científica e não metafísica, com possibilidades sobrenaturais de intervenção. Mesmo passados o Iluminismo e o Humanismo, somos ainda reféns da fé, este conceito criado e proliferado por todas as religiões quando indagadas ao extremo sobre a explicação das coisas: "não há, deve-se ter fé!". Sob o prisma de que vivemos em um mundo racional, seja lá o que isto significar, perdemo-nos, a exemplo, em porcas discussões televisivas em que se aponta uma para a face da outra demagogicamente o dedo em riste.

Assim, rogo, que a Record e a Globo se fundam em uma mesma empresa, com todos satisfeitos e com os bolsos portentos da junção entre fiés, telespectadores e desavisados que, incautos, ainda acreditam em um discurso proferido por bocas sujas, hereges e ambiciosas. Sim, esta é a lei do mercado ou de Deus, como quiserem. Ou será que o símbolo das duas ser um globo terrestre é apenas um detalhe?

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mais um, este de setembro do ano de 1977, daquele que eu queria que fosse meu pseudônimo. Difícil, não? Pois é.

Uma mensagem cantada para uma certa moça, um poema-declaração para ela que abrilhantava seus pensamentos certos e dava-lhe a sensação de querer buscar. E, de fato, ele achou um incrível mecanismo de busca: a palavra. Palavra após palavra, organizadas em ordem de verdade, naquilo que ele acreditava ser sentimento.

Caraminholas na cabeça à parte, eis o rebento do moreno de traços fortes para a loira dos olhos azuis:












Quem sabe?

Que bela flor
Que suave fragrância
Mas... oh! Temor
Se a retirar da terra
Onde sua alegria germina e me encanta
Que ocorrerá?

Como um passarinho febo
A menina-flor voa com liberdade
Sua graça é sem par
Seu colorido divino

Uma tristeza insiste
Quero ter esta alada esperança
Vê-la cantar junto a mim
Porém... quase sempre não está

Nisto tudo existe o mistério
Um mistério doce
Quero o que não tenho
E o querer me faz pensar
Quando tiver o que eu quero
Posso no obter desencantar

A alegria murcha
A menina-flor presa
E o amor?

É isso, é isto ou não é nada disto?


Não entendo tamanho alarde sobre. Um documentário com fisiologia de show, alma de caça-níquel e personalidade maçante. Não há nada de novo, excetuando-se, claro, os poucos momentos em que a figura de um grande artista - e isto não há como medir ou protelar créditos - se apresenta como o principal atrativo da película. Contudo, perceber a magnitude de um show-hipertrófico em uma sala de cinema é, sem dúvida, o melhor a ser feito quando apreciar o filme.

Ignorar a obra de tal figura ou mesmo endossar o coro de imbecis reacionários/preconceituosos que a vulgarizam seria, bem provavelmente, o caminho mais "intelectualóide" de engendrar comentários. Mas, não é mesmo um bom filme. É algo menos glorioso. Além disto, deve-se ter o prisma de que é uma varredura do material existente de gravações dos ensaios. Ou seja, algo não preparado, mas sim reutilizado, reciclado daquilo que, indubitavelmente, aconteceria no show. O fato, incômodo, é que a menina de ouro do longa são os instantes dos bastidores em que, sim, a presença do artista sobrepõe a do ícone.

Mesmo ínfimas, suas aparições desveladas de tantas pessoas em seu redor ou dos obscuros comportamentos que teve (?) durante sua existência, tornam este o momento mais interessante, mais humano e menos produto. Somos, constante e despercebidamente, ludibriados pela hostilidade e arrogância em fundar nosso imaginário somente sobre a figura de um homem pedófilo. O que, sejamos sinceros, é a coisa mais imbecil que pode acontecer, posto que não direcionamos nossos olhos para algo muito maior.

Além disto, como os menos beócios têm ciência, reinventou o modo de produzir espetáculos, inventou um estilo, criou uma mescla entre funk, soul, disco e, ainda, de quebra sendo sua maior característica, quase fundou uma escola de dança - claro, alicerçado em James Brown, Gene Kelly, Fred Astaire e mais uma caçamba de gênios passistas.

Assim, não exalto o filme de Kenny Ortega como algo sublime, espetacular, estando há anos-luz disto. Todavia, o diretor do longa, que também dirigiu o show, intenta mostrar algo indizível, que deveria ter sido visto ao vivo e não em salas de cinema.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mouth tightly closed

As pessoas deveriam ser obrigadas a entender o silêncio. O silêncio é capaz de nos dizer muitas coisas. Coisas do tempo, dos sentidos. Coisas valiosas, ímpares e indispensáveis para uma boa conduta. Quem assim não o entende é burro, com o perdão da grosseria. Sei da dificuldade das mulheres para com tal prática - a do silêncio -, mas garanto que um esforço será bem recompensado. Homens não ficam muito atrás: desrespeitam esse momento célebre com bobagens, ninharias e arrotos infiéis. O ser humano desaprendeu o silêncio e ainda desrespeita as palavras. Palavras são valiosas, mesmo quando feias. Se assim não o fosse, sairiam pela bunda e não pela boca. Desta vez, sem o perdão da indelicadeza. Poupemos-nos. Vivamos bem. Vamos ficar mais calados e observar em quantidade maior. Vomitemos apenas aquilo que valha a pena. Calemos nossas bocas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O antropólogo (ou do furto da soberba)


O homem com seu macaco, sustentado pelo antibraço, caminha por sobre a relva em busca de conhecimento. Estanca um pouco antes de retomar a jornada. Passa por vários templos de discussão que, remoldados por seus pensamentos e destrezas, hoje os atestam vetustos. No entanto, com passadas largas, peito aberto e uma chave, todos o observam para saber onde vai. Tolos, não entendem que abrirá mais uma porta da cabeça.


1908 Claude Lévi-Strauss 2009


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Irving Penn (ou os olhos que falam)




Irving Penn começou sua carreira como fotógrafo em meados da década de 1940. Três anos mais tarde passou a fazer trabalhos para a revista "Vogue", onde ficou por muitas décadas. Fotografou inúmeros artistas como Truman Capote, S.J. Perelman, Pablo Picasso e Kate Moss.

Em 7 de outubro de 2009 Irving Penn morreu em sua casa, na cidade de Nova Iorque, aos 92 anos.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Por onde as idéias passaram (ou de um antes)


Todos os dias ergue-se naquela alameda de asfalto margeada por árvores, postes e concreto um dos mais famosos e significantes largos da cidade. Era a rua-estado, sempre percorrida por músicos, presidentes, policiais, advogados, enfermeiros, vendedores de amendoim, de rosas, poetas, mendigos, e toda ocupação que o ser humano inventou para os tipos variados encontrados em qualquer lugar em que exista uma fatia de gente. Num pequeno pedaço de chão, chicoteado por aquelas serpentes cobertas de asfalto que rodeiam pela metrópole, vários mundos encapuzados dentro de um só.

Avistada ao longe, talvez do alto de algum edifício próximo aos seus cruzamentos, à noite, parece um enorme caminho de formas, em que todos os prédios, árvores, cores, lembrassem as asas de uma imensa borboleta de concreto. Durante o dia, ainda sentenciada por papéis, máquinas, computadores, aquele naco de noite surgindo e as pessoas se contorcendo para que nascesse o escuro. Alguns pelo cansaço, outros pela inquietação da volta para casa, enormes amontoados de gente se misturam pelos vários pontos de ônibus espalhados pela subida. Esperam, afoitos, todos os moradores da Rua ou mesmo da cidade que a tomba patrimônio.

Ao perceber sua extensão se deveria fazer um abaixo-assinado e transformá-la em patrimônio de boêmios, pedintes, mendigos ou qualquer outra pá de conversa que ali se joga em copos. Designação mais ampla, imperativa, robusta, que guardaria em sua pronúncia formal todas as informalidades que a mesma já produziu. Pequena, provinciana, guarda em si um mundo. É bem possível que se troquem ao longo dos anos os seus pisos, calçadas, é natural que a Rua mais cosmopolita da cidade seja também uma de suas mais conservadas. Entretanto, não deve-se tocar em suas paredes, pois essas já cercearam muitas estórias.

Que do alto, segundo os textos, foram criadas as matas com seus revigorantes verdes e toda matéria-prima que conhecemos é aceitável. Mas, observando aquela Rua, percebe-se como é possível o homem construir com as mãos um belo mundo herege.


Os personagens

Um músico ali entoava, um cineasta ali vislumbrava, um escritor ali imaginava, um poeta ali versava. Milton Nascimento, Schubert Magalhães, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade foram alguns dos filhos que aquela amamentou. Ao subir e descê-la aquelas pernas todas cruzavam também palavras. Hoje, ainda pouco conhecidos em vista dos acima, outros tantos são encontrados por aquelas esquinas. Talvez não tão músicos, talvez não tão cineastas, talvez não tão escritores, poetas ou mesmo talentosos. Mas todos com a simples e divina infâmia certeza de que costuram seus sonhos com as linhas da calçada, do asfalto, do céu.

Cismas com quem, já de madrugada, quase alvorada, rondava por aqueles caminhos como se rasgasse os espaços com os olhos, de viés, na procura de um dinheiro fácil, um tênis novo, um cordão de ouro, uma farda qualquer que cruzasse seus pulsos com grampos de aço. Ordem.

Seus corredores

Divertidas aquelas esquinas. Guardavam em suas curvas o inesperado. Um bar, um quase-homem, uma ratazana, às vezes gato, por vezes pássaro. Estreitas, as calçadas são ocupadas para o delírio ébrio de vários passantes, diversas cadeiras douradas. Formavam um liberto corredor onde todo imprevisto era bem-vindo. Personagens homens, vivos aparentando mortos, assentos na espera de um companheiro solitário que, desavisadamente, sentaria-se para apenas um trago.

Aquele pequeno, miúdo mesmo bar, parecia estar suspenso ante aquela enorme e estrondosa Rua de carros, motos, ônibus, gritos, sussurros, e abrigava em seu nome o resumo de toda noite: Eldorado. O nome, na verdade, não era este. Mas condizia, em enorme escala, incomparavelmente real em alegoria ao original. De sua posição, era possível mirar todos os principais pontos do quarteirão. O edifício Maletta, sua casa, o restaurante La Greppia, sua irmã, a Janaína lanchonete, sua amante, e sua mãe, o Centro de Cultura de Belo Horizonte, que mais parecia uma catedral barroca, que observava fincada na principal esquina da Rua os passos de seus mais queridos filhos-homem.

sábado, 24 de outubro de 2009

À paulistada


Apesar de estar sim contando com algo provável, embora longínquo, não consegui me deter a escrever o presente texto. Mesmo ciente de que este possa ser não equivocado, mas prematuro. Somos algo indizível. Arquitetamos conquistas que acontecem, quase sempre – ou sempre – apenas em nossas cucas. Contudo, ante os comentários (ou a falta destes) nos noticiários esportivos nacionais (?), promulgo aqui um levante contra a omissão em perceber que o Clube Atlético Mineiro, hoje, é o candidato mais próximo ao título do Brasileiro.

Analisemos rapidamente aos 8 jogos restantes: O Atlético enfrenta, hoje, o Vitória no Mineirão. Mais de 47 mil ingressos já vendidos. Contudo, não terá Éder Luis (Rentería), Correa (Serginho) e Carlos Alberto (Coelho), mas jogará em casa e com Tardelli; no próximo jogo, pegará o Fluminense (rebaixado), no Maracanã, além de Goiás, também fora de casa; receberá o Flamengo no Mineirão (lotado); Coritiba fora; Internacional em casa (lotado); Palmeiras no Parque Antártica; e Corinthians no Mineirão (claro, lotado).

Dizer que todos os jogos são difíceis não seria verdade. Seria moralidade. Como ouvi certa vez, “nosso time só é grande por conta de sua torcida”. Isso queiram até os mais loucos, é fato. Assim, o que me envolve nessa imensa teia do azar que parece estar impregnada na camisa alvinegra é acontecer algo impensável, improvável, quase catastrófico nas últimas rodadas. E isto, todo atleticano sabe bem, é possível.

Mas antes disto, a omissão em perceber a possibilidade do título pelos paulistas é, vergonhosamente, visível. Talvez só haja destaque ao Atlético quando este conquistar o título (Ogum, Xangô e São Judas Tadeu que me ouçam) nacional. Portanto, mais que vislumbrar de olhos vendados um título, já conhecedor de várias frustrações, me serviria mais como um tapa de luvas mineiro, posto que a arrogância e a prepotência paulistana me encharcam de pejo e asco.

Assim, rumamos todos ao Nacional, pois nada é eterno, nada permanece, tudo se transforma com o tempo e este, nós atleticanos, já soubemos muito bem cultivar. Apaixonados por um clube. Não por suas conquistas, mas por sua camisa, suas dores e vindouras glórias.

Obs: quanto aos comentários anteriores que fiz a este mesmo clube que aqui exalto, não me culpo nem peço desculpas. Sou torcedor.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Utilidade pública


Hoje o post foi escrito exclusivamente para vocês. Há mais de cinco anos atrás, nascia o primeiro esboço do O Binóculo, veículo on-line criado por companheiros de turma na faculdade que, lapidações mais tarde, tornou-se uma bacana revista digital sobre cultura geral; que reunia textos com juízo de valor sobre o cotidiano, música, cinema, esportes, artes visuais, literatura, entre outros assuntos. Além de entrevistas, ensaios fotográficos e reportagens especiais. Chegou até a produzir versões para impressão. Chegou até a ganhar o prêmio PQN, em 2008.

Eu, assim como meus dois parceiros neste blog, produzia textos jornalísticos opinativos (artigos, editoriais, críticas culturais) e literários (crônicas, contos, poesias). Alcancei a função de editor-chefe no último ano de sua existência e fui lá receber o prêmio ano passado no Sesi Minas; o que foi motivo de comemoração – sim – para toda a equipe.

A idéia daquele espaço, resumidamente, surgiu da necessidade de os alunos publicarem, em algum lugar, o material que produziam dentro da sala de aula. O idealizador, Rodrigo Saturnino, reuniu um grupo de colegas e, juntos, formaram o O Binóculo. Durante os cinco anos de vida, vários escritores (ou aspirantes a tal alcunha), de alguns lugares da cidade, do estado, do país e do mundo passaram por lá. O que resultou numa coletânea heterogênea de textos com muita coisa boa. Não tudo, obviamente. Mas quase!

Vira e mexe me lembro como eu gostava dele, como ele tinha futuro, como ele acabou cedo e como posso fazer para revivê-lo. O motivo deste post é, nada mais nada menos, que prestar uma homenagem póstuma ao querido 'Bino', como era carinhosamente chamado por aqueles que tomavam conta do ‘empreendimento virtual’, além de divulgar que muitos dos vários textos que lá estiveram ainda estão disponíveis para leitura. Divagações à parte, deixo aqui a coletânea que fizemos após a morte prematura do site, para que, apesar da imensa falta, vocês leitores possam ter registros do que foi o O Binóculo.

Para navegar por esses textos (inclusive dos três autores que aqui escrevem) basta clicar aqui.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Aos pulmões

Em certo tempo, ruído por produções catastróficas, seres humanos criavam suas próprias veracidades. Alguns, rechaçados por tanto, não questionavam sua exatidão, apenas cultivavam ainda mais o jardim falso. Assim, o lucro e a eloqüência discursiva se encarregavam de omitir a verdade em favor de um consumismo letal, mas que era maquiado pela Indústria: detentora da hipocrisia e da controvérsia.

Anos se passaram depois também de muitas guerras, extermínios coletivos e diversas outras banalidades da Humanidade. Contudo, a Indústria mantinha sua pose, seu varão social. Elucubrava constantemente sobre como produzir efeito de consumo, respeito e outras várias inquestionáveis informações. Conseguia, ante o efeito, quase sempre tal fato. Os indivíduos, carolas irredutíveis da mídia e da crença na mãe-consumo, nunca forjaram uma revolução. Criam naquilo.

Aos estalos da castanha, os pulmões avisavam. A mão higienizada de mentira - mas imunda de interesse e arrogância - da Ciência havia também lavado suas patas. Mas, no presente em que os abutres do embuste e da falsidade sobrepujam com foice qualquer possibilidade de prejuízo financeiro perante a verdade, fomos e somos enganados.

Os dias de fúria, desafortunadamente, começam a ser, tardiamente, os de hoje.

Clique e entenda o caso.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Da ordem das coisas


Certa vez, duas mocinhas comportadas, senhoritas dos bons costumes cristãos, argumentavam sobre a validade da pirataria eletrônica. Não muito distante dali, porcos envoltos em seus ternos, uísques e opulentos embornais se rolavam ao serem informados de tal comentário. Desejadas por eles, as mocinhas, andrajosas, cobertas por suas rendas rosadas, aguardavam ostentosamente pelos falos roliços de tais curadores da moral que engendrariam mais uma gestação coletiva. Elas, tolas, não entendiam que, de suas roupas aos seus posicionamentos, tudo era uma enorme patifaria. Já eles, conscientes obstetras que são, rebentariam aos tortos diversos filhos que seguiriam seus passos, corroborariam mais uma vez o dilúvio da tecnologia, atestando valor às coisas ao seu bel prazer.

Elas, mesmo sem saber, sem indagar, constavam no enorme Livro de Observações como contraditórias, pois compravam roupas falsas, surrupiavam a ordem legislativa ao consumirem antídotos ilegais, corrompendo-se por adquirir bens efêmeros, embora demasiado lucrativos para os porcos que, por sua vez, preocupavam-se apenas com mais, mais e mais. Assim, a ordem das coisas seguiu. Não com as mocinhas ou com os porcos, mas com o fato, aquilo que sempre permanece. O acontecimento imensurável, que agrega valores a objetos inanimados e põe a todos em uma enorme bolha ilusória chamada convenção.

sábado, 3 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios (ou “água com açúcar”?)


Pão com manteiga. Arroz com feijão. Bastardos Inglórios é, sem dúvida, o filme mais inofensivo de Quentin Tarantino. O diretor, um dos melhores roteiristas contemporâneos, apresenta um filme sem muitas novidades e, mais desapontador, não faz páreo com o restante de sua obra. Ligeiramente jocoso, sem sua característica montagem, seus enquadramentos e perspectivas, o que ressalta ao filme – e isso não é mérito, é repetição – , é um roteiro estruturado quase em um método: apresenta-se a estória; desenvolve-a; há o clímax; e o fechamento com alguma surpresa.

Funciona. É evidente. Mas ante as demais películas do cineasta, este é o seu pior filme. Não tanto pela estória, ou por ser, em suma, um filme ruim, posto que não o é, mas mais por não surpreender o espectador. Isto, inclusive, é fato que já acometeu vários grandes cineastas como Scorsese, Almodóvar, Glauber, Bertolucci, e, agora, Tarantino. Parece mesmo ser uma entre safra criativa.

Aos interessantes, o recorrente e ótimo trabalho de ator de Brad Pitt, representando Aldo "O Apache" Raine, além de Christoph Waltz, como Hans Landa. Todos os outros atores vem no rastro. Uma característica de Tarantino são os nomes de suas personagens. Assim, Bridget von Hammersmark (por Diane Kruger), Shosanna Dreyfus (por Mélanie Laurent), Frederick Zoller (por Daniel Brühl), Sgt. Donnie Donowitz (por Eli Roth) e PFC Utivich (por B.J. Novak) ajudam a tornar os filmes do diretor peculiares em certos aspectos.

Cenas longas e envolventes com diálogos afiados que sustentam câmeras estáticas e ângulos que, em cucas de outro diretor, poderiam se tornar maçantes, tediosas e pulverizariam um filme, são, em Quentin, algo recorrentemente delirante.

Assim, Tarantino parece não correr em favor de uma maturidade criativa, mas ao embate com uma obra já magnífica e, por isso, tão difícil de ser superada ou surpreendida – mesmo pelo próprio diretor.



sábado, 26 de setembro de 2009

Onde o caos reina



Assisti ontem ao polêmico filme de Lars von Trier, Anticristo, um terror psicológico marcado por todos os pesadelos que o cineasta dinamarquês teve durante os dois anos que passou em depressão. A obra conta a história de um casal, interpretado por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, que se refugia numa floresta isolada após a morte de seu filho. Ela, uma escritora totalmente entregue ao luto, ele, um terapeuta que usa a psicologia para ajudá-la. Uma história interessante, densa, que muito nos faz refletir sobre a condição humana. Uma fotografia impecável, música idem e direção com a qualidade característica do cineasta.

Porém, há um porém. Em determinado momento do filme, ouso dizer que para o espectador a interessante história acaba sendo relegada a segundo plano. Von Trier apresenta a tragédia com requintes de crueldade e alguma apelação, que pontualmente nos fazem lembrar ao aflitivo Jogos Mortais. Gratuitamente explícito e chocante com suas cenas de mutilação.

No festival de Cannes, onde estreou, um escandalizado jornalista do inglês ‘Daily Mail’ o indagou: “O senhor pode, por favor, explicar e justificar por que fez esse filme?”. Von Trier respondeu: “Não tenho que me justificar. Faço filmes... É uma pergunta muito estranha. Trabalho para mim mesmo, não devo satisfação a ninguém. Não tive escolha [ao fazer o filme]. Foi a mão de Deus, eu temo, e eu sou o maior diretor de cinema do mundo”.

De fato, pergunta tola. A justificativa sobre os porquês do filme de nada adiantariam e em nada o amenizariam. A obra está lá, decidam por fruir ou não. A minha opinião? Preparem-se psicologicamente e desfrutem-no.

Assistam ao trailer aqui.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

In memory of


Sei do descuido para com este tão legal espaço. Pra mim assim também ele é. Mesmo que só pra mim. De tão azafamado por conta de trabalho e de uma vida boêmia que deixei meio que de lado junto com os 24 anos, acabou que me esqueci de dar atenção a isso que tanto gosto; assim como já o fiz outrora com algumas outras coisas. Mas agora está finito, espero eu.

Assombra-me um pensamento: o de pensar que conheço bem uma pessoa que sequer cheguei a conhecer. Pior, achar que ela se parece comigo. Ainda pior, sentir saudades. Mas tal fenômeno - o qual nem sequer tive a audácia de nomear - me pegou de sopetão num desses dias de reflexão pesada e de penitência.

Tomei quase que de assalto alguns escritos de uma pessoa da família que faleceu antes de me conhecer, antes de eu nascer. Não tive a honra, pelo o que parece. E o engraçado é que só nessa altura de minha vida (1/4 de século) é que fui saber mais sobre essa pessoa, ler o que ela escrevia e escutar sobre o que ela fazia. Meu tio, acho eu, me seria um grande amigo. Não apenas por conta do gosto pela escrita ou pela boa música, mas mais por ter me feito sentir coisas que nenhuma outra pessoa morta me fez sentir. Não sei se isso é passível de compreensão, mas também não importa.

Para compensar o descuido para com o blog e para com vocês que o acompanham, se é que vocês existem, posto aqui um texto deste que acabo de vos apresentar, este que não teve a oportunidade de continuar a escrever, este que eu adoraria que fosse meu pseudônimo, além de tio.

BH 19/09/77

*Roberto Terra


Olá garota, como está? Espero tudo bem. Espero também não se incomodar com mais este, deste cara chato. Mas ocorre que me sinto bem assim. Você foi o motivo que me inspirou escrever aquilo que não tenho coragem de declarar poesia, pois não sou poeta.

A importância da vida, e do motivo, reside na esperança. Sim, a esperança é motivo, é estímulo. E do que o homem ou a mulher vive se não de estímulos?

Senti-me feliz, alegre de escrever. Por que não iria mostrar para aquela que foi o motivo? E assim o faço. Retiro os impedimentos mentais e deixo que se manifeste a sensibilidade. E é tão bom assim escrever!... Relembro o que fui e vivo todos os motivos de ontem, que é passado e imaginei morto, mas que ainda vive. E é tão bom!

Parece-lhe estranho, não? A mulher deve se constituir sempre em inspiração para o homem. Inspiração para o trabalho e para o amor. Sua beleza não está tanto em seu porte, sua fisionomia, seus sentidos físicos; mas naquilo que aspira ser, nas virtudes que constam em seu mundo interno, que para o homem se revela num constante mistério que tenta descobrir.

Um abraço afetuoso.


Parece que até no gosto pelas mulheres somos familiares. Quisera eu uma que me deixasse assim.

domingo, 13 de setembro de 2009

Linhas sobre rancor


O homem-sem-escrita acorda dias cinza. Em semanas acorda negro. Em meses não acorda, vegeta. Não há cor nas coisas. Não sabe o que faz quando suas mãos não sustentam o peso de um cumprimento. Anda de olhos bem baixos, como se intentasse cravá-los no chão. Todas suas formas são opacas. Seu rosto carrega semblante lânguido, como se escorresse. Não quer amigos, família, apenas conversa consigo, embora idéias de sua cabeça não aflorem. Engendra dores, apertos no peito e teme a mudança, medifica-se no pior. Posto, sofre.

Percebe som de charanga ao longe sem, no entanto, ouvir feliz seus timbres. Seu café é frio e amargo. O coco sustenta peso de vingança. O homem-sem-escrita é por natureza vingativo. De seus dentes escorrem tempestades, lugares tétricos d´alma. Certa vez, ao ser indagado sobre sua vitalidade enquanto “não palavra” respondeu da seguinte forma:

- A palavra é um bisturi. Rasga, em qualquer instância, acovardamentos do espírito. A alegria, a dor, são representações de tal pusilanimidade. Inventa e erguem-se agruras e é a palavra que concretiza, como tijolos, tal edifício.

O homem-sem-escrita é um aletrado convicto. Não bebe, pois “bebida” é algo passado. Restabelece sua sobriedade na avareza, é cúmplice de sua própria estória e, lancinante, gaba-se do inevitável: tem consciência de seu estado agrafo.

O homem-sem-escrita é nem rascunho, um papel passado em branco negro rancor. Sustenta sobre os ombros cabelos que nascem sem avisar, como um lobisomem que, desavisadamente, não sabe de seu infortúnio. Tem formato curvo, dentes de ouro, mãos e pés com dedos a mais, adoentado na carne. Suas pernas sibilam ao decorrer dos anos. Boca funda, afunda tudo que vê ante a face. Podre estômago. Vestes andrajosas, não menos/mais que a epiderme. Por vezes é chato, redundante e desonesto consigo mesmo.

Mas sente. Aquilo que não é palavra.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Epopéia do ceticismo (ou Por aqui não se sente nada)

Há de se dizer que, na vida, nada é do jeito que nos é apresentado. Se estiver sendo, abra os olhos e acorde. Ainda quando crianças somos ‘levados’ a crer em coisas que posteriormente mostram-se inexistentes. Papai Noel não existe; tampouco a fada dos dentes. Deus não existe; muito menos o amor eterno. E por aí vamos nós, crescendo cegos em nossa plena visão. Apoiamos-nos em frases de efeito durante todo esse percurso que atende pela alcunha de vida, para, no final, passarmos a entender que elas nada mais eram que clichês embebidos em um soro vital que sustentava nossa sociedade. Uma sustentação muito da questionável, diga-se de passagem. Nada saudável e pouco real. Uma anti-tese do pleno viver. É preciso que entendamos que o acontecimento das coisas independe daquilo que nos está guardado. Isso não existe. O que existe são obstáculos que, por sua vez, existem para serem superados. E, mesmo com a superação, a felicidade não é garantida. Triste e frustrado é aquele que almeja a felicidade cabal. Como no esnúquer, onde todas as bolas terminam na mesma ‘gaveta’, independente do caminho por qual tenham seguido, é nossa estadia por aqui. Dirigida por diversas vias que, sendo mais curtas ou longas, podem levar (ou de fato levam) a um mesmo destino (a gaveta é o único certo de que chegaremos). Destino esse que nunca esteve traçado. Essa é uma outra mentira que nos tentam passar. O seu destino é você quem constrói; através daquilo que planta e colhe. Estamos fadados a ir e vir. Sempre. O que vale de verdade é sentir-se bem. E uma boa maneira de conseguir isso é fazendo o bem. E lhes garanto que não é difícil. É mais fácil do que não fazer nada. Ou ainda o mau, quem sabe... eu acho que não sei. Indo e vindo é que vamos nos construindo. Descobrindo como crescer, alimentando nossas vidas com aquilo que ela realmente precisa e cuidando daqueles que são nossos. Não leve a vida tão a sério. Ela não se resume só ao dinheiro, ao sucesso profissional ou sexual. Vai bem além disso. Ou às vezes não chega nem perto. Preocupemos-nos em não atrapalhar. E isso, sem a menor sombra de dúvida, já é de grande valia. Não sejamos carrancudos, mesmo com tantas decepções. Tiremos as rugas de nossas testas. Paremos de rezar. Ao invés de apenas pedir, vamos correr atrás. Vamos ler livros, beber idéias, fumar conteúdos e escutar músicas de alegria:


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ode ao Clube Atlético Mineiro


Eis aqui um relato angustiado e exaurido.

O destino do Clube Atlético Mineiro, torço, é chafurdar em lavagem, comer carne em vida, roer os dedos da unha em sangue, tropeçar em pernas quebradas, rasgar o teto da cabeça com aço em fúria, engolir, regozijar e voltar a engolir suas vísceras, lamber o cancro podre que escorre, por onde vaza um líquido asqueroso, sorrir de medo com os olhos vidrados em seu verdugo, decepar o tronco ao meio, arrancar seu pulmão, seu estômago, esôfago, cortar em finas tiras sua língua, secar o cálcio de seus ossos, giletar sua espinha, esmurrar sua fronte até causar pejo, mediocrizar suas palavras, moer seu orgulho, pulverizar sua autoestima até que rasteje como lesma, causar cobiça e repugnância em quem o vê, tostar suas pestanas, inflar sua covardia, sua estigma de insignificância, seu rubor de vergonha, latejar seus olhos em fogo, quem sabe assim, esganiçado por sua mediocridade, torna-se um nada inofensivo, um ser ignóbil por sua existência e, abraçado pelo olvido, retira fardo tão tonelada sobre aquele que ainda se presta a tal amor.

Tudo como dantes

Em 13/08, noticiamos que o MPF (Ministério Público Federal) havia ajuizado ação civil pública para impedir a continuidade das obras de instalação do Mineroduto Minas-Rio, em função das múltiplas irregularidades observadas no processo de licenciamento ambiental do empreendimento, localizado em uma área de extrema relevância ambiental, declarada Reserva da Biosfera pela Unesco.

Duas semanas depois, temos o desprazer de informar que o excelentíssimo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Cesar Asfor Rocha, suspendeu a decisão. A tentativa de exposição dos motivos seguem, ipsis literis, conforme release do STJ:

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, suspendeu a decisão que havia interrompido o processo de instalação do Mineroduto Minas-Rio. O ministro atendeu a pedido do Estado de Minas Gerais. Para Cesar Rocha, a licença ambiental prévia concedida pelo órgão competente, e contestada em ação civil pública, não deflagra o início das obras, apenas permite o andamento do projeto, não havendo, por isso, risco imediato ao meio ambiente.

O presidente do STJ observou que o projeto soma um investimento de R$ 3,6 bilhões, beneficiando diretamente a economia e o desenvolvimento do estado, em especial dos municípios de Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro. Abrangerá uma área de 2,7 mil hectares, gerando empregos e renda.

O ministro Cesar Rocha identificou potencial lesivo à ordem pública na interferência do Tribunal estadual, que suspendeu, por meio de uma liminar, a licença ambiental concedida pelo órgão competente, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A decisão vale até o julgamento do mérito da ação civil pública movida pelo Ministério Público estadual (MP).

A licença foi concedida ao empreendedor Anglo Ferrous Minas-Rio Mineração S/A. O MP mineiro questionou judicialmente a licença ambiental concedida, alegando que os técnicos que participaram da elaboração do parecer opinaram pela concessão da licença prévia sem examinar todos os aspectos do projeto minerário, o que violaria o princípio da precaução ambiental e importaria em subversão do processo de licenciamento prévio.

Em primeiro grau, foi negado o pedido de liminar para suspender a licença prévia. O MP estadual recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), e o desembargador relator determinou a suspensão da licença até a decisão final da Turma julgadora do TJMG.

Daí o pedido de suspensão de liminar e de sentença apresentado ao STJ. O Estado de Minas Gerais alegou a ocorrência de grave lesão à ordem pública, porque, entre outros argumentos, a decisão impediu o pleno exercício das funções da Administração pelas autoridades constituídas.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Papo ruim


Há tempos que criticar a política e seus ‘desenrolares’ virou clichê. Todo e qualquer espaço como este, espalhado pela imensa ‘blogosfera’ brasileira já tratou disso, com ou sem embasamento, destreza e autoridade. Dizer que o que acontece dentro do Senado, da Câmara e do Planalto é uma vergonha já é mais comum do que proferir um simples “graças a deus”. Balela, lero-lero, papo furado. De nada adianta. Nada se resolve. Nada muda.

Mas os acontecimentos dos últimos dias me deixaram, além de muito envergonhado – lógico, estupefatamente boquiaberto. Não pelo ocorrido em si, absurdo nenhum é novidade naquele pardieiro; mas sim pelo o que se pôde ouvir e captar de declarações de personagens envolvidos.

Quando do arquivamento das 11 denúncias contra José Sarney pelo Comitê de Ética do Senado, fui obrigado a ouvir o Delcídio Amaral (PT), quando perguntado sobre o resultado, dizer que a bancada acatou as orientações do partido, enviadas por carta do presidente Ricardo Berzoini a todos os parlamentares da legenda. E a orientação própria, não existe mais? Não. Não tem valor. Diferente mostrou-se Flávio Arns (PR), que, ao que de longe parece, ainda tem um mínimo de postura, visto que já enviou seu pedido de desafiliação ao PT. Digno, mas agora irão caçá-lo por infidelidade partidária.

Nesse mesmo episódio, desastroso, diga-se de passagem, o incrível Aloísio Mercadante, líder, disse (não sei se pela boca) que sua decisão de abandonar aquela pocilga era irrevogável. Sua palavra caiu após uma conversa com o presidente, o mesmo elemento que, no momento em que o coronel balançava feito vara de bambu, matou a ‘bola’ no peito e a dominou. Sempre foram muito amigos, não? Agora o cara ta lá mais firme do que nunca, mandando e desmandando, com a astúcia (sic) de sempre, naquele bando de boi.

No fim da semana anterior, o deputado de São Paulo, Antônio Palloci (PT), foi absolvido das denúncias de quebra do sigilo bancário do tal caseiro e pode novamente candidatar-se, por exemplo, ao cargo de governador de SP. O ministro do STF Marco Aurélio Mello, a favor da continuação da investigação – é bom frisar, disse que, apesar do resultado negativo (e apertado), cada ministro do Supremo “votou com a sua consciência”. É... agora a consciência encontra-se no orifício anal.

E em meio a essas audiências poderosas e falas de merda dignas de total desprezo - em um ambiente onde cobra criada canta de galo - a boa Marina Silva bateu em retirada do PT e afiliou-se ao Partido Verde (PV), muito provavelmente para concorrer à presidência nas próximas eleições (vejo com bons olhos, desde que Heloísa Helena não seja vice). E, numa reunião ‘especial’ feita na madrugada de quarta para quinta-feira passada, aprovou-se a criação de mais oito mil cargos de deputados. Agora a turma para reivindicar salários maiores cresceu significativamente.

Sem comando, sem vergonha, sem decência e sem o mínimo que se exige de uma nação. E vale lembrar que nós, o povo prejudicado, somos direta e totalmente responsáveis por isso. É o Brasil, um país de todos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A fantástica e inóspita razão de Aturdido da Palavra


Toda conversa carrega em si um caráter de conversão. Foi assim que Aturdido da Palavra descobriu sua vocação para escutador. Cobrava, mirradamente, para ceder seus aceirados ouvidos a um qualquer. Como não discorria, apenas orelhava seus monolocutores, desenvolveu uma fantástica e peculiar característica ao decorrer dos anos. Aturdido costurava na cabeça as estórias que ouvia e, assim, as vivia em pensamento. Singularmente, deixava de viver as suas e vivia as dos outros em sua cachola.

Certa vez, já sabedor de suas especialidades, veio a seu encontro um senhor alvo, de olhos cerrados, barba de terceiro dia e palavrear não estranho. Era sua personalidade, carnificada, materializada, em pessoa pleonasticamente. Coeso de Nascimento (pseudônimo de Aturdido) vinha cobrar de seu descuidado as estórias que não mais vivia, mas apenas escutava. Silenciosamente atencioso, o rapaz meneava a cabeça ao concordar com sua figura dramática e apenas baixava os olhos quando do contrário.

De início, ainda sem entender bem o que acontecia, Aturdido fez jus a seu nome. Posteriormente, acreditava ser esquizofrenia. Finalmente, mais aceitou que descobriu que era mesmo sua personalidade num lampejo de esquecimento. Ela, curvada pelas estórias de outros, começava miudamente a desaparecer – posto que personalidade sem estória é como pássaro sem asas, pedra sem chão, árvore sem terra, no popular, pão sem manteiga. Coeso sempre orientava seu “cavalo” para tomar cuidado.

- Aturdido, Aturdido, dia desses você vira ex-Aturdido.

Passaram-se anos e nada de estoriar por aí. Era sempre aquele tecer pelo ouvido os dizeres dos outros. Rendava seus pensamentos com calor de jágora!. Construía uma única história com diversos retalhos de imagens-cuca. No entanto, iniciou-se um acontecimento inusitado. A cada lance de invenção, inaugurava-se um pequeno buraco em seu corpo que vazava para o outro lado, como se quem visse enxergasse uma pessoa vazada. De pronto, não deu muita importância. Quase não usava seu miúdo esquerdo do pé mesmo. Nem a ponta de seu nariz, que começava a se borrar feito esfumato pelo rosto. E o caso ainda havia de acumular-se. O cérebro enviava a informação para o músculo. Este, por sua vez, sendo interrompido no caminho, não a completava, causando em seu corpo um intenso não-se-saber-se de movimentos descompassados. Era como se a cada tentativa de estender a mão produzisse uma dança estranha, curiosa, que reverberava por todo seu corpo, causando uma impressão jocosa em quem o assistisse.

No entanto, apesar do fato, Aturdido não estancava sua inércia. Continuava a não cursar sua individualidade. Estendiam-se suas não-estórias. Já velho, foi penosamente vítima do olvido, malefício corriqueiro às rugas. Assim, suas rendas começaram a se esfarinhar pela cabeça, cada canto do oco se escurecia apagando uma a uma as candeias de sua imaginação. Todo romance guardado em seu côco era subvertido, reestruturado, finalizado e, por fim, esquecido. E a cada rodada destas, agravadamente, Aturdido ia, miopimente, embaçando-se em direção ao nada. Verdugo, o tempo calhou de tomar seus dias, consumindo-o como um buraco-negro, degenerando-o como uma estrela. Escafedendo-o por completo.

Anos correram, pessoas, novas casas se erguiam a cada ruína, velhos, cachorros, crianças com mania de super-homem, cadeiras de balanço, silêncios noturnos, brigas, incoerências, invenções, imaginações e, ao final, todos sabiam da história do homem que desapareceu, tornando esta, a fábula de Aturdido da Palavra.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Nota rápida


Eles podem até nos chamar de macacos e dizer que a capital daqui é a de lá. Ou ainda insistir que Maradona foi mais do que Pelé. Balelas à parte, além da Patagônia e da boa gente (sim, boa gente sim), eles possuem 'boas mãos' para cozinhar. Assim como a nossa, a culinária argentina é perfeita para os que procuram na comida local um atrativo a mais.

Falo isso porque hoje saiu mais uma crítica gastronômica escrita por este que vos arrota no Mondo BHZ (interessante guia crítico de artes, cultura e entretenimento de BH - como já pude lhes dizer outrora). E dessa vez, o foco caiu justamente por sobre a comida argentina que, há quem diga, é melhor que o futebol de lá. E feita aqui.

Apresento-lhes então, o Pizza Sur - gracioso restaurante argentino que é, sem dúvida nenhuma, uma bela pedida aqui em nossa tenra capital: clique.