quinta-feira, 22 de julho de 2010

Aqui não!


De agora em diante, até o fim dessa apresentação circense mais conhecida como eleição, o Brasil todo estará focado voltado para a política. Não que todos os envolvidos nesse imbróglio sejam palhaços ou estejam - de fato - voltados e preocupados com as questões políticas que assolam e continuarão a assolar o Brasil durante todo o ano; o circo, apesar de armado, não é tão completo assim. Mas vocês me entederam, eu espero.

Todavia, o foco é o caso Bruno a política e eu venho aqui abordar o mesmo assunto. Mas não vou falar de 2010, Dilma, Serra, Pimentel, Anastasia, Hélio Costa e Patrus, e sim de um ex-Presidente da República e do meu escritor brasileiro predileto.

Trata-se de uma carta escrita por João Ubaldo Ribeiro a Fernando Henrique Cardoso, através de sua coluna no O Estado de São Paulo, quando da primeira vitória do tucano nas eleições presidenciais. Tive acesso a essa carta através do site da revista Carta Capital, em um texto do jornalista Leandro Fortes, que guardou essa carta esperando o dia em que FHC pleiteasse uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, uma vez que este mote também foi abeirado na carta de João Ubaldo, há 12 longínquos anos atrás.

Confiram no texto, que segue - na íntegra - logo abaixo. Vale a pena ler até o final.


Senhor Presidente – João Ubaldo Ribeiro

25 de outubro de 1998

Senhor Presidente,

Antes de mais nada, quero tornar a parabenizá-lo pela sua vitória estrondosa nas urnas. Eu não gostei do resultado, como, aliás, não gosto do senhor, embora afirme isto com respeito. Explicito este meu respeito em dois motivos, por ordem de importância. O primeiro deles é que, como qualquer semelhante nosso, inclusive os milhões de miseráveis que o senhor volta a presidir, o senhor merece intrinsecamente o meu respeito. O segundo motivo é que o senhor incorpora uma instituição basilar de nosso sistema político, que é a Presidência da República, e eu devo respeito a essa instituição e jamais a insultaria, fosse o senhor ou qualquer outro seu ocupante legítimo. Talvez o senhor nem leia o que agora escrevo e, certamente, estará se lixando para um besta de um assim chamado intelectual, mero autor de uns pares de livros e de uns milhares de crônicas que jamais lhe causarão mossa. Mas eu quero dar meu recadinho.

Respeito também o senhor porque sei que meu respeito, ainda que talvez seja relutante privadamente, me é retribuído e não o faria abdicar de alguns compromissos com que, justiça seja feita, o senhor há mantido em sua vida pública – o mais importante dos quais é com a liberdade de expressão e opinião. O senhor, contudo, em quem antes votei, me traiu, assim como traiu muitos outros como eu. Ainda que obscuramente, sou do mesmo ramo profissional que o senhor, pois ensinei ciência política em universidades da Bahia e sei que o senhor é um sociólogo medíocre, cujo livro O Modelo Político Brasileiro me pareceu um amontoado de obviedades que não fizeram, nem fazem, falta ao nosso pensamento sociológico. Mas, como dizia antigo personagem de Jô Soares, eu acreditei.

O senhor entrou para a História não só como nosso presidente, como o primeiro a ser reeleito. Parabéns, outra vez, mas o senhor nos traiu. O senhor era admirado por gente como eu, em função de uma postura ética e política que o levou ao exílio e ao sofrimento em nome de causas em que acreditávamos, ou pelo menos nós pensávamos que o senhor acreditava, da mesma forma que hoje acha mais conveniente professar crença em Deus do que negá-la, como antes. Em determinados momentos de seu governo, o senhor chegou a fazer críticas, às vezes acirradas, a seu próprio governo, como se não fosse o senhor seu mandatário principal. O senhor, que já passou pelo ridículo de sentar-se na cadeira do prefeito de São Paulo, na convicção de que já estava eleito, hoje pensa que é um político competente e, possivelmente, t em Maquiavel na cabeceira da cama. O senhor não é uma coisa nem outra, o buraco é bem mais embaixo. Político competente é Antônio Carlos Magalhães, que manda no Brasil e, como já disse aqui, se ele fosse candidato, votaria nele e lhe continuaria a fazer oposição, mas pelo menos ele seria um presidente bem mais macho que o senhor.

Não gosto do senhor, mas não tenho ódio, é apenas uma divergência histórico-glandular. O senhor assumiu o governo em cima de um plano financeiro que o senhor sabe que não é seu, até porque lhe falta competência até para entendê-lo em sua inteireza e hoje, levado em grande parte por esse plano, nos governa novamente. Como já disse na semana passada, não lhe quero mal, desejo até grande sucesso para o senhor em sua próxima gestão, não, claro, por sua causa, mas por causa do povo brasileiro, pelo qual tenho tanto amor que agora mesmo, enquanto escrevo, estou chorando.

Eu ouso lembrar ao senhor, que tanto brilha, ao falar francês ou espanhol (inglês eu falo melhor, pode crer) em suas idas e vindas pelo mundo, à nossa custa, que o senhor é o presidente de um povo miserável, com umas das mais iníquas distribuições de renda do planeta. Ouso lembrar que um dos feitos mais memoráveis de seu governo, que ora se passa para que outro se inicie, foi o socorro, igualmente a nossa custa, a bancos ladrões, cujos responsáveis permanecem e permanecerão impunes. Ouso dizer que o senhor não fez nada que o engrandeça junto aos corações de muitos compatriotas, como eu. Ouso recordar que o senhor, numa demonstração inacreditável de insensibilidade, aconselhou a todos os brasileiros que fizessem check-ups médicos regulares. Ouso rememorar o senhor chamando os aposentados brasileiros de vag abundos. Claro, o senhor foi consagrado nas urnas pelo povo e não serei eu que terei a arrogância de dizer que estou certo e o povo está errado. Como já pedi na semana passada, Deus o assista, presidente. Paradoxal como pareça, eu torço pelo senhor, porque torço pelo povo de famintos, esfarrapados, humilhados, injustiçados e desgraçados, com o qual o senhor, em seu palácio, não convive, mas eu, que inclusive sou nordestino, conheço muito bem. E ouso recear que, depois de novamente empossado, o senhor minta outra vez e traga tantas ou mais desditas à classe média do que seu antecessor que hoje vive em Miami.

Já trocamos duas ou três palavras, quando nos vimos em solenidades da Academia Brasileira de Letras. Se o senhor, ao por acaso estar lá outra vez, dignar-se a me estender a mão, eu a apertarei deferentemente, pois não desacato o presidente de meu país. Mas não é necessário que o senhor passe por esse constrangimento, pois, do mesmo jeito que o senhor pode fingir que não me vê, a mesma coisa posso eu fazer. E, falando na Academia, me ocorre agora que o senhor venha a querer coroar sua carreira de glórias entrando para ela. Sou um pouco mais mocinho do que o senhor e não tenho nenhum poder, a não ser afetivo, sobre meus queridos confrades. Mas, se na ocasião eu tiver algum outro poder, o senhor só entra lá na minha vaga, com direito a meu lugar no mausoléu dos imortais.

Os anos passam e as coisas não mudam. E mais um desqualificado está próximo de conseguir um posto na ABL. Não que se trate de uma nobre 'abadia'. Nunca foi e, provavelmente, nunca será, apesar dos grande nomes que lá já estiveram, estão e ainda estarão, como bem frisou Leandro Fortes. Mas também não precisa beirar o ridículo. Ao menos, FHC terá um forte adversário na luta pela cadeira: o astuto Ziraldo Alves Pinto. E, obviamente, nosso magnífico João Ubaldo e sua forte alma sempre viva.

Quem quiser ver o post original no blog do Leandro Fortes é só clicar aqui. E que categoria a de João Ubaldo, hein!?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aquilo que vi sobre aquilo que ainda não vi

Hoje não é terça-feira, nem dia de rock, forró, axé ou cavalo-marinho. Teve a "coisa" do Bruno, da Mércia, do Dunga na Copa, do Brasil na Copa e do Cacá (a la Luciana Gimenez) que não esteve na Copa. Mas, para fechamento, atrasado, de semestre corroborando uma lista temporária dos seis melhores longas do ano, resgato uma frase de Fellini: "o cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus".

Como sempre, essa lista não tem ordem de qualidade entre os filmes, apenas os lista feito receita de bolo ou "nome na porta".

  • Ilha do Medo - Martin Scorsese
  • O Segredo de Seus Olhos - Juan José Campanella
  • Fita Branca - Michael Haneke
  • O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus - Terry Gilliam
  • Invictus - Clint Eastwood
  • Um Homem Sério - Joel e Ethan Cohen

terça-feira, 13 de julho de 2010

For those about to rock, we salute you!

Hoje, 13 de julho, comemora-se o Dia Mundial do Rock. Por vários motivos que desembocam - sempre - no 'lago' do total merecimento, o mundo se mobiliza em prol desse estilo musical que agrada a grande maioria do planeta. Acho que não cabe, aqui e agora, ficar citando nomes de bandas e artistas em maneira de agradecimento, pois sempre haverá injustiças em tal prática ou falta de espaço para elucidar tudo de maneira explicativamente justa. O que posso fazer [e creio que fica de muito bom tamanho], é presentear-nos com uma música em homenagem a esse dia - um dos mais importantes do ano, sem a menor sombra de dúvidas. Abaixo, uma versão de Hey Joe, do mestre Jimi Hendrix, numa rara execução feita pela melhor banda de toda a existência estarrecedora do rock & roll, o Led Zeppelin, ao vivo e em 1974:



E aqui em BH é lógico que vai rolar aquela comemoração, em plena terça, pois terça-feira é que é dia. E vai ser uma comemoração bem bacana, diga-se de passagem, com shows de bandas da terrinha e do Macaco Bong e Black Drawning Chalks; lá no Lapa, a partir das 21h. É o FlashRock Beagá 2010. Para todas as informações e algo mais, basta clicar aqui.

E é só isso. "It´s only rock and roll. But I like it."

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre a vida, barrancos e solavancos

João Página Planta às vezes pensa em como seria a sua vida se ele figurasse casos de exceção. Analisa possibilidades, finge situações e elabora atmosferas.

Pensa em estruturas que falsamente se mantém eretas, apoiadas, por exemplo, em eventos agridoces da vida, como bem definiu Nick Hornby. Confabula sobre relações humanas que se resumem em olhar quem está chorando agora e quem está sorrindo agora. Avalia, fria e calorosamente, a opinião que o mesmo analista de comportamentos citado anteriormente possui, quando diz que nos juntamos às pessoas porque elas são iguais a nós ou diferente de nós e, no fim, nos separamos exatamente pelas mesmas razões.

Descobriu a pequenez do ser terráqueo, humano, bem ilustrada nas palavras de Douglas Adams que, resumidamente, o dignificou – segundo relatos de seus mochilões pela galáxia - como algo inferior a praticamente tudo.

E chegou a essa conclusão porque está neurótico. Tenta não se lembrar daquilo que lembra sempre, mas tentar não lembrar é nada. Suporta negativizando as coisas, pois assim facilita o desapego dos sentidos.

É tudo isso um jogo de reflexos cerebrais, pode acreditar. Cérebro e coração juntos, cabines de controle que, em tempo certo, agem para consertar impulsos sólidos um do outro.

Cicatrizes serão sempre as mesmas cicatrizes, pensa João Página Planta. Vá-se embora da minha cabeça, pensou mais uma vez.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

La Máfia SoundPro


No próximo domingo, 04/07, acontecerá a estréia do mais novo trio de dj´s da cidade: o La Máfia SoundPro. Composto pelos disc jockeys Caio Jonnes, Bruno Bueno e por este que vos escreve, o La Máfia pretende tornar-se (visto que a apresentação será a primeira com essa formação) especialista em 'ambientações sonoras' ao estilo animado; usufruindo, para tal, de uma miscelânea musical composta - primordialmente - por muito funk/soul/blues/rock/proto-punk/hard/prog-moderado e algumas de suas derivações modernas; em suma. E muito mais.

É uma investida que promete e que vale a pena ser conferida, sempre que possível. Domingo próximo é possível. Ainda mais sendo que outros dois grandes acontecimentos ‘dar-se-ão’ no mesmo dia. O La Máfia SoundPro dividirá a responsabilidade pelo embalo musical com a banda More Beer, que, apesar de executar covers de bandas incríveis, faz isso de uma maneira muito peculiar. Escolhem grupos astutos e não muito difundidos e as músicas executadas são escolhidas com categoria. Basta vê-los para confirmar essa minha afirmação. Eles realmente mandam muito bem.

Além dessa honra, dia quatro de julho será também o dia de comemorar a independência dos Estados Unidos o aniversário da nossa querida amiga Renata, vulga @rebatata, que é a responsável pela realização dessa grande festa. Afinal, uma trinca de décadas deve ser comemorada com estilo. Portanto, nada melhor que um movimento desses lá no Stonehenge Rock Bar, a partir das 15h.

É isso. Atenção. Mais informações no flyer acima. Compareçam!