quinta-feira, 11 de novembro de 2010

As cores, aromas e formas

Sendo pouco e era muito
Sendo forte, embora pequeno
Sendo rico sem ter moeda

Tendo cores e não cinzas
Tendo vozes, miúdas e franzinas
Tendo barro, fogo e mãos

Feito graça em rosto circular
Feito gênio ante seu carrasco
Feito lança que busca o peito

Isto é aquilo que se foi
Isto é aquilo que o é
Isto é apenas e desmedidamente um tudo

Welcome genius!


Já é mais do que público e notório que Sir Paul McCartney já fez e ainda fará shows aqui em nossas terras tupiniquins neste mês. Já fazia um bom tempo desde a sua última estadia aqui, em 1993, e a legião de fãs saudosa já não aguentava mais esperar. Este que vos fala ainda mais. Fã confesso, ainda era muito jovem em 93 e por isso não tive a oportunidade de ir conferir o gênio ao vivo. Desta vez, já estou lá.

Garimpando velhas pastas de arquivos antigos, achei uma crítica que escrevi ainda na faculdade de Jornalismo, para a disciplina de Jornalismo Cultural, em 2005. Paul McCartney tinha acabado de lançar seu penúltimo disco "Caos and Creation in the Backyard" e eu me lembro que fiquei abismado com tanta qualidade; e já fazia um bom tempo que o Macca não lançava um belo disco.

A crítica é repleta de parcialidade, vícios acadêmicos e algumas 'cruezas' de estilo. Todavia, segue abaixo para apreciação e para tirar um pouco desta tonelada de poeira que estacionou por aqui.



O gênio e o seu quintal





Não seria audácia nenhuma dizer que Chaos and Creation in the Backyard é o melhor trabalho solo de Paul McCartney. Lançado esse ano, o disco é um marco na brilhante carreira do artista. Sucesso de crítica, o vigésimo trabalho solo de Paul, gravado em Londres e Los Angeles nos últimos dois anos, traz treze canções inéditas, todas escritas e compostas por ele.

No álbum, Paul McCartney toca a maioria dos instrumentos, assim como fez em seu primeiro trabalho solo, McCartney, de 1970. Sua banda de apoio toca apenas em uma das músicas do disco, intitulada Follow Me. Quem leva os créditos da produção é Nigel Godrich, renomado produtor inglês que já trabalhou com nomes como Radiohead e Travis, por exemplo.

Paul McCartney vinha sendo alvo constante dos críticos por fazer muitos discos lentos, românticos, melosos; que acabavam por ficar sem brilho. Chaos and Creation in the Backyard é a superação no que diz respeito a essa questão. Não que o disco seja mais rápido, socado ou hard; pelo contrário. É lento, romântico, recheado de baladas, mas é leve, bonito e inovador.

Uma combinação de lindas letras que falam de amor, amizade, paixão e desejo, arranjos perfeitos, linhas harmoniosas sem erros, orquestração de primeira categoria e uma parte instrumental impecável; com direito a flauta block, harmônio e flügelhorn, instrumentos novos trazidos por Paul. Com alto nível de qualidade poética, traz uma mistura de clássicos empolgantes de piano de McCartney e faixas mais introspectivas. A impressão que dá é que cada nota tirada dos instrumentos é uma resposta às palavras cantadas. A voz de McCartney, apesar de ele ter passado dos sessenta anos de idade e de ter fumado inúmeros cigarros em uma vida que conheceu os excessos da década de 1960, continua incrivelmente suave, macia, forte e ainda contando com os famosos falsetes que, com maestria, não desafinam.

O que faz Chaos and Creation in the Backyard ser o melhor disco de Sir Paul e um sucesso de crítica é o fato de lembrar, e muito, uma época de ouro de sua vida. O álbum remete à fase final dos Beatles e ao começo de sua carreira solo, em 1970. Mas McCartney ainda faz um resgate de outras épocas da extinta banda, e isso é facilmente perceptível. Ao escutar o disco nota-se facilmente que algumas músicas são parecidíssimas com as dos Beatles. Por exemplo, English Tea parece ter saído do White Album e Fine Line tem a mesma levada soberba de Lady Madonna. O próprio Paul McCartney descreve Jenny Wren como sendo “a filha de Blackbird”, um dos maiores clássicos dos Beatles. Ele também resgatou algumas coisas da sua fase com o Wings, banda pós-Beatles, que contava com a participação de sua falecida mulher Linda McCartney nos pianos e backing vocals e de um de seus filhos nas guitarras. Um exemplo é a música A Certain Softness, que segue a linhagem de Bluebird, do disco Band on the Run, do Wings.

De fato, todo esse processo solitário de composição ao qual Paul McCartney se submeteu valeu a pena. Paul conseguiu sair de sua pior fase, que eclodiu em 1993 com o fraquíssimo Off The Ground. Por vezes, Paul fez jus a sua história com trabalhos de alta qualidade. Porém, em outras ocasiões, mais especificamente nos últimos anos, o peso da “herança Beatles” pode ter sido demais para ele.

De acordo com o próprio artista, o êxito se deu graças a uma única fórmula: respeitar o passado e, ao mesmo tempo, livrar-se dele. Além, é claro, da contribuição do produtor Nigel Godrich.

O disco se alterna em dois momentos: o de introspecção e o de liberdade. A introspecção surge quando se nota o predomínio do trabalho de Godrich, marcado sempre por um clima carregado, com sons e arranjos não convencionais, como frisou a revista Rolling Stone. Já a liberdade aparece quando a mão de Paul se mostra mais presente, com melodias e arranjos inspirados.

Enfim, ouvir Paul McCartney cantando como se ainda fosse um beatle talvez seja a melhor coisa que Chaos and Creation in the Backyard nos proporciona.


Ficha Técnica

Ano: 2005

Gênero: Clássicos do Rock

Procedência: Nacional

EMI; ASIN: 094633795921


Faixas

1. Fine Line
2.
How Kind of You
3. Jenny Wren
4. At the Mercy
5. Friends to Go
6. English Tea
7. Too Much Rain
8. A Certain Softness
9. Riding to Vanity Fair
10. Follow Me
11. Promise to You Girl
12. This Never Happened Before
13.
Anyway

domingo, 17 de outubro de 2010

A ponte dos dois arcos

Interessante notar que não são pessoas extremistas, partidárias, que dizem algo, na maioria das vezes, sobre o político. Se o dizem, são os próprios que se contradizem ou delatam uns aos outros.

Notar, nas palavras de Leonardo Boff, que o governo neoliberal passado teve seus louros, como a estabilização da economia, não pode ser algo descartado. Contudo, a custa de que ou de quem é a causa maior deste sentimento vil, repugnante, mas talvez não menos demasiado quanto à aversão aos pobres.

Não é possível uma política econômica social baseada em tais ditames. Em certos momentos, quando não há horizonte a ser descoberto, havemos de ter parcimônia e desconfiança com certas propostas ilusórias e maquiavélicas.

Nosso país cresceu, distribuiu renda, fortaleceu sua economia e possibilitou, se não um novo horizonte, ao menos um mais calmo, repleto de sobreviventes de uma nau passada que naufragou com suas propostas negligenciadoras e sectarizantes.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Stand Up Comedy Eleições 2010

Foi-se o primeiro turno das eleições deste ano e os resultados, como sempre, são dignos de falta de comentários. Para a segunda etapa, restou a nós mineiros apenas a disputa pelo altar-mor, o trono maioral. Um incômodo tremendo. Gostaria que tudo tivesse fim no domingo passado. Pior que isso só a permanente cara de confiante dos vermelhos, mesmo com o susto, e a agora mais corada cara dos azuis, que já mendigam o apoio dos verdes. Uma gororoba resultante de uma mistureba feita por oposição e situação, se é que isso ainda existe e se é que posso dizer dessa maneira. Todo mundo sorrindo, mostrando os dentes, mas todos com cara de palhaço. Menos o próprio palhaço, que agora tirou a máscara e vai posar de terno, gravata e colarinho branco. Além das orelhas e do rabo de burro. E nós aqui, na mesma, fingindo satisfação...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A condição constitucional

A possibilidade do não voto. E isto não é, acredito, nenhuma precaução exacerbada, uma covardia ou um abrir mão de um direito constitucional. Esse pormenor, inclusive, é discurso fácil nos lábios ditos democráticos, progressistas, que verbalizam um direito ao voto como algo contemporâneo, recente, mas que na verdade é retrógrado, arcaico em seu pensamento. Afinal, se o voto é livre e democrático, porque então obrigar o eleitor a fazê-lo? Sob pena de pagar multa (mesmo que irrisórios R$3,50), não conseguir emitir seu passaporte (tendo que ir a um cartório regularizar sua situação), além de ser proibido pela Justiça Eleitoral de participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos territórios, do Distrito Federal, dos municípios ou das respectivas autarquias e não poder pedir empréstimo por meio de qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo, é mesmo algo democrático?

Evidentemente que todas estas situações são extremamente fáceis de serem resolvidas. Mas apenas o constrangimento que pode ser causado por elas já é característica execrável de qualquer processo democrático. Se uma democracia é o regime em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos, direta ou indiretamente, estes também deveriam ter o direito de não votar, posto que isto já seria uma manifestação política. E digo não votar como o não comparecimento à zona eleitoral sem nenhuma punição futura.

Parece-me que a Constituição democrática, conseguida pelas Diretas Já!, apenas reforça o apontamento de que somos induzidos a seguir com as situações vigentes, tendo nossos direitos de protestar, requerer e cobrar satisfações sendo transmitidos à orgãos particulares, como a televisão, o rádio, os jornais, em suma a mídia que transborda nossas cabeças com informações desconexas e muitas vezes omissas diante de interesses escusos de formatação da notícia. E nós, claro, patentiados e registrados por uma credibilidade burra que confiamos a estes mecanismos, apenas nos resignamos ao pensamento recluso, em mesas de bar, que apenas resultam, muitas vezes, em uma dolorosa ressaca (moral e alcoólica).

Não entendo como a obrigação em votar deve ser tomada como algo "bom" por nossos antecessores que, apesar de corretos e históricos, deixaram para nós o pequeno detalhe da intolerância eleitoral. Acompanhando os debates, principalmente pela televisão que, apesar de tudo, é o único lugar em que se vê e ouve o candidato no instante em que este se pronuncia, sem maquiagens, montagens ou arremedos de marketing dilmísticos, percebo que a triste notícia é: não há em quem votar.

E este discurso inclusivo de atinar para "exercer o meu direito" é tão ou mais piegas do que dizer que o Tiririca é analfabeto - engodo desesperado dos literatos sem voto - ou que o Serra é parente próximo do Mr. Burns. Se o comediante (o Tiririca) o é ou o fosse, isto não lhe retiraria o direito de se candidatar. Se ganhar e não souber assinar seu próprio nome na ata de posse, daí é outra história.

E para os pessimistas, os otimistas, os revolucionários, os militantes fervorosos que ainda acreditam em ideologias partidárias, oriento que não vai haver nenhuma mudança drástica em nossa economia, nossa legislação ou Constituição - mesmo com a vitória do octogenário líder da juventude Plínio de Arruda Sampaio. O que veremos serão atitudes austeras que apenas nos arrastarão por mais quatro anos até a eleição presidencial de 2014, a ser vencida, bem provavelmente, por Luís Inácio.

Assim, votarei nulo. Sem remorso, pensamento anti-cidadania ou complacência ideológica com estes idiotas que picham "vote nulo" e nem sabem os nomes dos candidatos. Atestar que isto é alienação é tão estúpido quanto os próprios eleitores que votam por obrigação. Isto representa apenas uma escolha legal, de um cidadão que não percebe perspectivas nas propostas apresentadas. E a este direito, reservo-me como atuante e efusivo representante do processo eleitoral brasileiro.

obs: para os demais cargos, ainda estou a especular.

domingo, 19 de setembro de 2010

O exílio

Ele entrou, desvairadamente, pela porta atravessando o vão que ainda recebia os primeiros toques de tinta dados por ela que não percebeu o movimento de primeira, mas que logo compreendeu que ela havia guardado aquele vestido novo que ele sempre a deixara usar dentro dos territórios da casa que ambos julgavam ser dos dois pelo resto de suas juventudes, jovialidades e maturidades ainda que longínquas. Em momentos solitários de ambos costumavam roer as unhas que agora ele não percebia pelos dedos sujos de cores dela que àquela hora já deveria estar tecendo o café, mas que não o fazia pois haveria de fazê-lo quando ele assim o chegasse feito louco e, de fato, foi isto que sucedeu.

Se esgueirava feito fumaça entre contornos tortos dos olhos dele que miravam ela feito harpia em busca da presa e que, facilmente, não sentiria falta do odor característico do líquido negro que escorre pelo bule na cozinha e que ele ainda não percebeu surgindo, posto que o cheiro rondasse a copa e não tinha pernas para alcançar, por enquanto, o outro ambiente. Acomodou-se vagarosamente no canapé com o cuidado equivalente a uma pena, mas que ela, traiçoeira que só, fingia não notar quando ele rubrou sua camisa nos respingos do teto que pintavam de forma estranha e escandalosa o encosto das costas, contudo sendo ele sempre distraído também não perceberia suas risadas traquinas, mesmo que por pouco tempo, pois respingara também seu rosto no dito ato. Ao sentir o frio pelas costas, imaginou água e de súbito se pôs de pé em ação envergonhada, não menos que ela tentando esconder também suas manchas atrás dos cabelos cobre encaracolados.

Ela, do altar de sua escada, fingiu-se desavisada e pouco interessada embora bastante nos atos que ele executava enquanto se deliciava em vê-la entre ele e seu par de sapatos que estavam exatos de quando se foi. Que ela executava com pouca perfeição se importava, mas que sabia que ele, ao vê-la no trato delicado com as paredes dos dois, não se molestaria, senão que gozo, ao ver declinar lentamente cada degrau de sua recente obra artística que agora ele percebia na esquina do teto, ainda que discretas, de suas iniciais que existiam há pouco graças às pinceladas perfeitas de sua grafia.

Ainda um tanto desconcertados pela situação, esgueiravam-se um do outro reatando a velha ocasião que constantemente o acometia durante os anos todos que ela o aguardava na esperança manca de um dia voltarem a se ver novamente tornando este o instante mais casual de todos. Miraram-se inicialmente pelos olhos, correndo com os mesmos pelo corpo um do outro negligenciando o tempo que havia consumido, ainda que de forma branda, as formas hoje nem tanto lineares ou mesmo interessantes para que despertassem em qualquer transeunte um desejo fetiche de possuir suas carnes mas que em seus casos eram mais lindos pois carregavam suas histórias.

Colheu-a em seus braços, lançou-se pelos olhos dele, torneou sua cintura, roçou sua pele lisa sobre a barba mal-feita, inspirou seu exalar característico, sentiu medo dele não reconhecer seu cheiro, passou os dedos por entre seus raros cabelos, largou o pincel, manchou sua camisa, não importou-se, romperam-se pela casa desafiando os espaços, arrastaram coisas pelo trajeto, voltaram a acostumar-se.

E ambos permaneceram em silêncio diante da natural falta de assunto que acomete dois quando há anos não se veem.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"À Prova de Morte" (ou de paciência)

Quentin Jerome Tarantino. O melhor diretor e roteirista de cinema da década de 90. Da década de 90, da de 2010 começou mal. Em "À Prova de Morte", Tarantino consegue, em apenas uma cena durante todo o filme, alcançar sua maestria. A obra, segundo o próprio diretor, foi uma homenagem aos filmes B americanos - os péssimos - explorando descaradamente seus erros de continuidade, a fotografia em tom pastel e os diálogos insignificantes.

Para os desavisados, a homenagem pode passar despercebida e tais elementos utilizados como "linguagem" podem mais parecer defeitos técnicos na película que está sendo vista, ou seja, não intencionais. O roteiro simplório, não escolhe o modelo desarticulado e curioso de seus filmes anteriores. Tampouco explora uma montagem não linear, em mosaico, que induz o espectador a montar o mesmo/outro filme em sua cabeça.

O problema do longa não perpassa pela cópia das principais características desses filmes B apenas, mas o torna tanto quanto massante. Assim, aquilo que, porventura, poderia ser um longa que faria certa paródia, comentário ou homenagem ao cinema marginal americano, torna-se apenas mais uma obra deste estilo - incluindo sua mediocridade. Tarantino e sua história conseguem extorquir de produtoras o montante suficiente (não muito considerável tendo em vista grandes produções) para viabilizar sua esganiçada obra. Mas peca e lesa sua genialidade.

Com três anos de atraso, "À Prova de Morte" tem todas as peculiaridades tarantinescas: diálogos longos (embora tediosos); cenas de ação (visíveis por vezes, repetitivas por muitas outras, mas espetacular e genial em uma específica); situações inusitadas e um elenco mesclado entre atores conhecidos como Kurt Russel e outros quase nascidos do suvaco, como Vanessa Ferlito.

Com quase duas horas de duração, espera-se, na sala de cinema, que algo aconteça ou que surpreenda o já fatigado e cansativo acompanhamento da obra. Vide "Bastardos Inglórios" que transcorre normalmente e, em determinados momentos, arrebata o espectador com novidades redivivas, mesmo que chegue quase que limiarmente entre o mesmo e o novo.

Assim, "À Prova de Morte" é o único longa dispensável na obra genial de Quentin que, apesar de ser do (ex)inovador diretor, é mais chato que carrapato no saco. Esperem sair em DVD, comprem pirata, baixem da Internet. Ir ao cinema é perda de tempo.

obs: se forem, assistam "Tudo Pode Dar Certo", de Allen.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um Dia de F(úria)eira

Bom humor. Humor bom.


*Esse vídeo faz parte da excelente série Cozinha do Awey, estrelada pelo magnífico Gil Brother no extinto - e ótimo - programa Hermes & Renato, veiculado durante 10 anos pela Mtv. Os episódios da série, assim como quase tudo do programa humorístico, está disponível na rede. Vale muito a pena conferir. No quesito humor, até que a emissora não deixa a desejar. Vide o Comédia Mtv que, repleto de bons profissionais, vem trazendo um humor inteligente e de muita qualidade, ocupando com maestria a grande lacuna deixada pelos personagens de Hermes & Renato que, hoje, com outro nome, desenvolvem um trabalho bem sem graça na nojenta emissora evangélica. Menos, obviamente, o Gil Brother, que foi tentar a carreira artística fora do grupo. Sorte eterna ao Mestre.

O que são mesmo Zorra Total, Casseta & Planeta, Show do Tom e etc.?

Divirtam-se. Com exagero, acidez, ironia, cinismo e perspicácia. Sempre!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Fest'Afro Brasil

Começa hoje o Fest'Afro Brasil, organizado pela Casa África de Belo Horizonte em homenagem ao cinquentenário de Independência de 17 países africanos. O site com todas as informações sobre o festival vai ao ar amanhã. Os banners abaixo servem perfeitamente para orientação. Programem-se e apareçam! A programação está recheada de coisas boas e certamente vai ser muito bacana!



quinta-feira, 22 de julho de 2010

Aqui não!


De agora em diante, até o fim dessa apresentação circense mais conhecida como eleição, o Brasil todo estará focado voltado para a política. Não que todos os envolvidos nesse imbróglio sejam palhaços ou estejam - de fato - voltados e preocupados com as questões políticas que assolam e continuarão a assolar o Brasil durante todo o ano; o circo, apesar de armado, não é tão completo assim. Mas vocês me entederam, eu espero.

Todavia, o foco é o caso Bruno a política e eu venho aqui abordar o mesmo assunto. Mas não vou falar de 2010, Dilma, Serra, Pimentel, Anastasia, Hélio Costa e Patrus, e sim de um ex-Presidente da República e do meu escritor brasileiro predileto.

Trata-se de uma carta escrita por João Ubaldo Ribeiro a Fernando Henrique Cardoso, através de sua coluna no O Estado de São Paulo, quando da primeira vitória do tucano nas eleições presidenciais. Tive acesso a essa carta através do site da revista Carta Capital, em um texto do jornalista Leandro Fortes, que guardou essa carta esperando o dia em que FHC pleiteasse uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, uma vez que este mote também foi abeirado na carta de João Ubaldo, há 12 longínquos anos atrás.

Confiram no texto, que segue - na íntegra - logo abaixo. Vale a pena ler até o final.


Senhor Presidente – João Ubaldo Ribeiro

25 de outubro de 1998

Senhor Presidente,

Antes de mais nada, quero tornar a parabenizá-lo pela sua vitória estrondosa nas urnas. Eu não gostei do resultado, como, aliás, não gosto do senhor, embora afirme isto com respeito. Explicito este meu respeito em dois motivos, por ordem de importância. O primeiro deles é que, como qualquer semelhante nosso, inclusive os milhões de miseráveis que o senhor volta a presidir, o senhor merece intrinsecamente o meu respeito. O segundo motivo é que o senhor incorpora uma instituição basilar de nosso sistema político, que é a Presidência da República, e eu devo respeito a essa instituição e jamais a insultaria, fosse o senhor ou qualquer outro seu ocupante legítimo. Talvez o senhor nem leia o que agora escrevo e, certamente, estará se lixando para um besta de um assim chamado intelectual, mero autor de uns pares de livros e de uns milhares de crônicas que jamais lhe causarão mossa. Mas eu quero dar meu recadinho.

Respeito também o senhor porque sei que meu respeito, ainda que talvez seja relutante privadamente, me é retribuído e não o faria abdicar de alguns compromissos com que, justiça seja feita, o senhor há mantido em sua vida pública – o mais importante dos quais é com a liberdade de expressão e opinião. O senhor, contudo, em quem antes votei, me traiu, assim como traiu muitos outros como eu. Ainda que obscuramente, sou do mesmo ramo profissional que o senhor, pois ensinei ciência política em universidades da Bahia e sei que o senhor é um sociólogo medíocre, cujo livro O Modelo Político Brasileiro me pareceu um amontoado de obviedades que não fizeram, nem fazem, falta ao nosso pensamento sociológico. Mas, como dizia antigo personagem de Jô Soares, eu acreditei.

O senhor entrou para a História não só como nosso presidente, como o primeiro a ser reeleito. Parabéns, outra vez, mas o senhor nos traiu. O senhor era admirado por gente como eu, em função de uma postura ética e política que o levou ao exílio e ao sofrimento em nome de causas em que acreditávamos, ou pelo menos nós pensávamos que o senhor acreditava, da mesma forma que hoje acha mais conveniente professar crença em Deus do que negá-la, como antes. Em determinados momentos de seu governo, o senhor chegou a fazer críticas, às vezes acirradas, a seu próprio governo, como se não fosse o senhor seu mandatário principal. O senhor, que já passou pelo ridículo de sentar-se na cadeira do prefeito de São Paulo, na convicção de que já estava eleito, hoje pensa que é um político competente e, possivelmente, t em Maquiavel na cabeceira da cama. O senhor não é uma coisa nem outra, o buraco é bem mais embaixo. Político competente é Antônio Carlos Magalhães, que manda no Brasil e, como já disse aqui, se ele fosse candidato, votaria nele e lhe continuaria a fazer oposição, mas pelo menos ele seria um presidente bem mais macho que o senhor.

Não gosto do senhor, mas não tenho ódio, é apenas uma divergência histórico-glandular. O senhor assumiu o governo em cima de um plano financeiro que o senhor sabe que não é seu, até porque lhe falta competência até para entendê-lo em sua inteireza e hoje, levado em grande parte por esse plano, nos governa novamente. Como já disse na semana passada, não lhe quero mal, desejo até grande sucesso para o senhor em sua próxima gestão, não, claro, por sua causa, mas por causa do povo brasileiro, pelo qual tenho tanto amor que agora mesmo, enquanto escrevo, estou chorando.

Eu ouso lembrar ao senhor, que tanto brilha, ao falar francês ou espanhol (inglês eu falo melhor, pode crer) em suas idas e vindas pelo mundo, à nossa custa, que o senhor é o presidente de um povo miserável, com umas das mais iníquas distribuições de renda do planeta. Ouso lembrar que um dos feitos mais memoráveis de seu governo, que ora se passa para que outro se inicie, foi o socorro, igualmente a nossa custa, a bancos ladrões, cujos responsáveis permanecem e permanecerão impunes. Ouso dizer que o senhor não fez nada que o engrandeça junto aos corações de muitos compatriotas, como eu. Ouso recordar que o senhor, numa demonstração inacreditável de insensibilidade, aconselhou a todos os brasileiros que fizessem check-ups médicos regulares. Ouso rememorar o senhor chamando os aposentados brasileiros de vag abundos. Claro, o senhor foi consagrado nas urnas pelo povo e não serei eu que terei a arrogância de dizer que estou certo e o povo está errado. Como já pedi na semana passada, Deus o assista, presidente. Paradoxal como pareça, eu torço pelo senhor, porque torço pelo povo de famintos, esfarrapados, humilhados, injustiçados e desgraçados, com o qual o senhor, em seu palácio, não convive, mas eu, que inclusive sou nordestino, conheço muito bem. E ouso recear que, depois de novamente empossado, o senhor minta outra vez e traga tantas ou mais desditas à classe média do que seu antecessor que hoje vive em Miami.

Já trocamos duas ou três palavras, quando nos vimos em solenidades da Academia Brasileira de Letras. Se o senhor, ao por acaso estar lá outra vez, dignar-se a me estender a mão, eu a apertarei deferentemente, pois não desacato o presidente de meu país. Mas não é necessário que o senhor passe por esse constrangimento, pois, do mesmo jeito que o senhor pode fingir que não me vê, a mesma coisa posso eu fazer. E, falando na Academia, me ocorre agora que o senhor venha a querer coroar sua carreira de glórias entrando para ela. Sou um pouco mais mocinho do que o senhor e não tenho nenhum poder, a não ser afetivo, sobre meus queridos confrades. Mas, se na ocasião eu tiver algum outro poder, o senhor só entra lá na minha vaga, com direito a meu lugar no mausoléu dos imortais.

Os anos passam e as coisas não mudam. E mais um desqualificado está próximo de conseguir um posto na ABL. Não que se trate de uma nobre 'abadia'. Nunca foi e, provavelmente, nunca será, apesar dos grande nomes que lá já estiveram, estão e ainda estarão, como bem frisou Leandro Fortes. Mas também não precisa beirar o ridículo. Ao menos, FHC terá um forte adversário na luta pela cadeira: o astuto Ziraldo Alves Pinto. E, obviamente, nosso magnífico João Ubaldo e sua forte alma sempre viva.

Quem quiser ver o post original no blog do Leandro Fortes é só clicar aqui. E que categoria a de João Ubaldo, hein!?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aquilo que vi sobre aquilo que ainda não vi

Hoje não é terça-feira, nem dia de rock, forró, axé ou cavalo-marinho. Teve a "coisa" do Bruno, da Mércia, do Dunga na Copa, do Brasil na Copa e do Cacá (a la Luciana Gimenez) que não esteve na Copa. Mas, para fechamento, atrasado, de semestre corroborando uma lista temporária dos seis melhores longas do ano, resgato uma frase de Fellini: "o cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus".

Como sempre, essa lista não tem ordem de qualidade entre os filmes, apenas os lista feito receita de bolo ou "nome na porta".

  • Ilha do Medo - Martin Scorsese
  • O Segredo de Seus Olhos - Juan José Campanella
  • Fita Branca - Michael Haneke
  • O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus - Terry Gilliam
  • Invictus - Clint Eastwood
  • Um Homem Sério - Joel e Ethan Cohen

terça-feira, 13 de julho de 2010

For those about to rock, we salute you!

Hoje, 13 de julho, comemora-se o Dia Mundial do Rock. Por vários motivos que desembocam - sempre - no 'lago' do total merecimento, o mundo se mobiliza em prol desse estilo musical que agrada a grande maioria do planeta. Acho que não cabe, aqui e agora, ficar citando nomes de bandas e artistas em maneira de agradecimento, pois sempre haverá injustiças em tal prática ou falta de espaço para elucidar tudo de maneira explicativamente justa. O que posso fazer [e creio que fica de muito bom tamanho], é presentear-nos com uma música em homenagem a esse dia - um dos mais importantes do ano, sem a menor sombra de dúvidas. Abaixo, uma versão de Hey Joe, do mestre Jimi Hendrix, numa rara execução feita pela melhor banda de toda a existência estarrecedora do rock & roll, o Led Zeppelin, ao vivo e em 1974:



E aqui em BH é lógico que vai rolar aquela comemoração, em plena terça, pois terça-feira é que é dia. E vai ser uma comemoração bem bacana, diga-se de passagem, com shows de bandas da terrinha e do Macaco Bong e Black Drawning Chalks; lá no Lapa, a partir das 21h. É o FlashRock Beagá 2010. Para todas as informações e algo mais, basta clicar aqui.

E é só isso. "It´s only rock and roll. But I like it."

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre a vida, barrancos e solavancos

João Página Planta às vezes pensa em como seria a sua vida se ele figurasse casos de exceção. Analisa possibilidades, finge situações e elabora atmosferas.

Pensa em estruturas que falsamente se mantém eretas, apoiadas, por exemplo, em eventos agridoces da vida, como bem definiu Nick Hornby. Confabula sobre relações humanas que se resumem em olhar quem está chorando agora e quem está sorrindo agora. Avalia, fria e calorosamente, a opinião que o mesmo analista de comportamentos citado anteriormente possui, quando diz que nos juntamos às pessoas porque elas são iguais a nós ou diferente de nós e, no fim, nos separamos exatamente pelas mesmas razões.

Descobriu a pequenez do ser terráqueo, humano, bem ilustrada nas palavras de Douglas Adams que, resumidamente, o dignificou – segundo relatos de seus mochilões pela galáxia - como algo inferior a praticamente tudo.

E chegou a essa conclusão porque está neurótico. Tenta não se lembrar daquilo que lembra sempre, mas tentar não lembrar é nada. Suporta negativizando as coisas, pois assim facilita o desapego dos sentidos.

É tudo isso um jogo de reflexos cerebrais, pode acreditar. Cérebro e coração juntos, cabines de controle que, em tempo certo, agem para consertar impulsos sólidos um do outro.

Cicatrizes serão sempre as mesmas cicatrizes, pensa João Página Planta. Vá-se embora da minha cabeça, pensou mais uma vez.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

La Máfia SoundPro


No próximo domingo, 04/07, acontecerá a estréia do mais novo trio de dj´s da cidade: o La Máfia SoundPro. Composto pelos disc jockeys Caio Jonnes, Bruno Bueno e por este que vos escreve, o La Máfia pretende tornar-se (visto que a apresentação será a primeira com essa formação) especialista em 'ambientações sonoras' ao estilo animado; usufruindo, para tal, de uma miscelânea musical composta - primordialmente - por muito funk/soul/blues/rock/proto-punk/hard/prog-moderado e algumas de suas derivações modernas; em suma. E muito mais.

É uma investida que promete e que vale a pena ser conferida, sempre que possível. Domingo próximo é possível. Ainda mais sendo que outros dois grandes acontecimentos ‘dar-se-ão’ no mesmo dia. O La Máfia SoundPro dividirá a responsabilidade pelo embalo musical com a banda More Beer, que, apesar de executar covers de bandas incríveis, faz isso de uma maneira muito peculiar. Escolhem grupos astutos e não muito difundidos e as músicas executadas são escolhidas com categoria. Basta vê-los para confirmar essa minha afirmação. Eles realmente mandam muito bem.

Além dessa honra, dia quatro de julho será também o dia de comemorar a independência dos Estados Unidos o aniversário da nossa querida amiga Renata, vulga @rebatata, que é a responsável pela realização dessa grande festa. Afinal, uma trinca de décadas deve ser comemorada com estilo. Portanto, nada melhor que um movimento desses lá no Stonehenge Rock Bar, a partir das 15h.

É isso. Atenção. Mais informações no flyer acima. Compareçam!

sábado, 19 de junho de 2010

O poeta do romance (ou de quando se fez nova escrita)

Certos olhos vêem aquilo que não é palavra
Laçam de pronto o instante, a melodia do acaso

Roçam e não se cansam de roçar o agora


Certos olhos podem ver além do olho
Ultrapassam a barreira do físico

Atravessam a íris feito lança


Certos olhos compõem

Ditam versos para as mãos
Na esperança de serem transcritos exatamente


Certos olhos lambem o horizonte

Acariciam as cores pela palavra
E fazem troça de que não existe nada além


Certos olhos se arremessam na amplidão
Rodopiam em sua própria órbita

Avançam de ímpeto


E de algo fica aquilo:

Certos olhos não podem ser fechados


* 1922 - 2010 ...
José Saramago

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre personagens e nós mesmos

O que se segue logo abaixo não se trata de uma resenha. É nada do tudo contido no conteúdo inteiro.


Ao terminar de ler Juliet, Nua e Crua (2009), último lançamento de Nick Horby - excelente autor inglês já mencionado aqui, inclusive, e que chegou ao Brasil este ano - tive uma sensação diferente, tamanha a minha identificação com as personagens da obra. Sei que é mais do que normal fazermos esse tipo de associação íntima ao ler um livro, mas nesse caso as três figuras principais da trama me revelaram certa proximidade; todos juntos e da mesma forma. E como é bom quando isso acontece. É uma espécie de plus literário, um bônus.

Trata-se de pessoas comuns de meia idade que acreditam já ter vivido mais da metade do que tinham para viver e desperdiçaram boa parte desse tempo. Duncan, Annie e Tucker Crowe. Não são grandes exemplos, mas quem é? São exemplares comuns e contemporâneos do mundo em que vivemos. São amargos, rudes e nada pudicos. Mas são incrivelmente cativantes. Divertem e incitam reflexões que, ao menos no meu caso - após a digestão, me foram muito úteis. Enxerguei-me na pele daqueles que não se sentem capacitados de mudar o curso monótono da vida que levam, seja por já estarem acostumados a esse modo de viver ou por medo de as mudanças darem errado. Ou, ainda, por não terem o que fazer. Não importa.

Sentado na areia, me pus a pensar sobre personagens, pessoas e suas múltiplas faces. Antes, quando ainda transitava pelas estradas do recorte leste do litoral fluminense, já tinha chegado à conclusão de que gosto mais daquelas pessoas que não precisam de tudo 100% para se sentirem bem e vivas. Não se trata de conformar-se com uma vida mais ou menos e defenestrar esforços engrandecedores; longe disso. Mas o lance é fazer o melhor com aquilo que se tem e aceitar que a vida não passa de um simples romance cheio de clichês. Por hora dramático ou cômico. Noutras vezes mudo ou horrendo. Quase sempre tragicômico e melodramático. Grave e agudo.

Para falar mais um pouco do livro, mesmo que isso aqui não pretenda ser uma resenha, há de se salutar a incrível habilidade de Hornby em construir narrações perfeitas, amarradas e que retém totalmente a atenção, mesmo numa obra que parece ter sido dividida em duas partes: Duncan/Annie e Annie/Crowe; cada uma com um viés e uma pegada distinta. Incrível! Obviamente, como é característico do autor, a música e a proximidade para com o leitor são traços marcantes também nesse escrito.

Nick Horby se destaca por retratar o tempo corrente magnificamente. A cadência particular e a construção polivalente de períodos agregam valores. Continuo preferindo o Alta Fidelidade (1995), mas que belo livro é o Juliet, Nua e Crua: uma trama bem montada, com elementos que atraem e prendem a atenção e que levam a pensar os atos de cada personagem por menores que sejam, fazendo com que nos fixemos na história e entendamos os anseios de suas personagens, muitas vezes semelhantes aos nossos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Rio das Ostras Blues & Jazz Festival


Fui para o festival. Volto daqui há alguns dias com a cobertura praticamente nula e desqualificada do evento. Para quem fica, não se preocupe. O sofrimento de ontem e hoje há de descansar na felicidade de amanhã. Tem vídeos das principais atrações do festival em destaque ali ao lado direito da tela. Bom feriado! Divirtam-se sem moderação.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cultura em pauta e em risco

Hoje, a partir das 19h nos jardins internos do Palácio das Artes, acontecerá uma manifestação pública, ampla e irrestrita para pressionar e reverter os acontecimentos recentes que penalizam importantes projetos culturais em desenvolvimento no Estado, como o Programa Música Minas e os novos Pontos de Cultura aprovados em edital público ano passado. Somente esses dois projetos significam um prejuízo de 20 milhões para o setor.

Todos os envolvidos repudiam o posicionamento da Secretaria de Estado de Cultura ao acatar uma interpretação equivocada da Lei Eleitoral e descontinuar ações fundamentais para o desenvolvimento social e cultural do Estado. Reivindicam a continuidade dos projetos, uma vez que eles não apresentam quaisquer possibilidades de interferência no pleito eleitoral, como reza a Lei em questão. Reivindicam também a estruturação de uma política de Estado para o setor cultural, com a devida formalização dos atuais programas específicos de cada setor, como o Cena Minas, o Filme em Minas e o Música Minas com dotação orçamentária própria.

É realmente frustrante esse cenário no qual verbas destinadas a programas culturais estão emperradas por conta de restrições do TSE e entraves burocráticos locais. A iniciativa de promover uma reunião organizada é excelente, na medida em que se trata de um quadro grave e com inúmeros imbróglios dos quais nascem mais problemas ainda e que nós nem sonhamos em saber de tudo. Uma vergonha, sem tirar e nem por mais nada.

Bom seria se aqui fosse como em Rio das Ostras, donde a Prefeitura, desde 2003, criou e oficializou o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival no calendário oficial de eventos da cidade. Bons exemplos não são apenas para serem admirados!

Portanto, a quem interessar possa:

Onde: Jardins Internos do Palácio das Artes
Quando: Segunda-feira dia 31 de maio a partir das 19h
Fórum da Música de Minas
Entidades do Setor Mineiro do Audiovisual
Fórum Nova Cena
MTG - Movimento de Teatro de Grupo
Fórum Mineiro de Fotografia Autoral
Pontos de Cultura

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dá série: "Nerds também são bacanas"(ou "Vídeos Legais são sempre bem vindos")

Eu, que sou uma espécie de retronerd mutante old school, gosto muito de 'nerdice'. O tempo das antigas era mais true, mas a tecnologia avançada dos dias de hoje até que dá as suas tacadas. Nesse vídeo, o sujeito executa a música Cracklin Rosie, do Neil Diamond, com um apetrecho bem engenhoso, formado por dispositivos móveis: dois Androids, dois Windows Mobile e um iPod Touch. E isso é uma boa quantidade de 'nerdice' e tempo hábil. Ficou legal!



(via @rebatata)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Se um dia eu Chico fosse

"E pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz. Mas agora, por favor, deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa. E qualquer desatenção, faça não, pois pode ser a gota d´água. Éramos nós, estreitos nós. Enquanto tu és laço frouxo. Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo que eu sou professor! Eu semeio vento na minha cidade. Vou pra rua e bebo a tempestade! Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado. Há de haver algum lugar, um confuso casarão onde os sonhos serão reais e a vida não. Deixa balançar a maré e a poeira assentar no chão. Pra se viver do amor há que esquecer o amor. Eis o malandro na praça outra vez. Caminhando na ponta dos pés como quem pisa nos corações. Minha cabeça de noite batendo panelas provavelmente não deixa a cidade dormir. Agora, falando sério, eu queria não falar falando sério. Chega de mágoa, chega de tanto penar. Me dê só um dia e eu faço desatar a minha fantasia”; aqui, nesse lugar:


Hasta el regreso.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

A espera (ou à espera)

Esperando pela indiferença é que pude enxergar a que ponto as coisas chegam. Na medida em que tudo se transforma percebo que somos capazes de sentir aquilo que sequer imaginávamos existir. Aquilo que nunca esperaríamos sentir. Aquilo que nunca quisemos ver existir e/ou esperar sentir. Ao que parece, são coisas da vida. Transformações engrandecedoras, crescimento involuntário, endurecimento do peito. Sim, coisas da vida, não? Bom também. Ruim também. Casos e acasos. Casos e descasos. Idas e vindas. Algo que talvez eu não tenha tato para controlar. É como diz o poeta em Pessoa: "o homem vulgar, por mais dura que lhe seja a vida, tem ao menos a felicidade de não pensar". Fato é que não me reconheço em mim. Invulnerável e indisposto sigo sem ter onde parar. Estou me guardando para quando o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival chegar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010


Normais manhãs de outono em que acordo esperando a borracha do tempo passar. Está atrasada, mesmo sem ter hora marcada para chegar. Enquanto isso, troco idéias com o espectro do arrependimento, que poucas coisas boas têm para me falar. Anunciou-se a chegada de uma nova fase. Realizaram-se sentimentos ainda piores. Mas é aquela velha história, como dizia o Simonal. “Nem vem que não tem. Para virar cinza minha brasa demora”. Assim como a borracha do tempo, também sem consideração, que com a minha cara insiste em fazer hora. Não faz o que fala e não fala o que faz. Bom mesmo seria se ainda fosse há seis meses atrás.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uma carta (ou sobre Clarice Lispector) [ou viva a Ucrânia!]


Querido casal,

lembrei-me daquele papo que tivemos (no Barnabé, entre umas e outras, se não me engano) sobre Clarice Lispector, João Ubaldo Ribeiro, etc. e tal. Ainda continuo preferindo o João Ubaldo, por achar ser um escritor mais completo, que trata de temas diversos que vão além dos paradoxos de nossa existência. Mas não é o caso desse escrito. Venho para lhes dizer que, nesse processo de recuperação, passagem e superação sobre o qual me encontro, resolvi reler o único exemplar que possuo dessa incrível mulher que, realmente, como poucos, soube escrever sobre o ser que somos. A Hora da Estrela, obra que tem como personagem principal uma nordestina de nome Macabéia, me serviu como um tônico vital, como néctar de vida, como um biotônico de inteligência. Além disso, me fez refletir e enxergar outras coisas que estavam embaçadas por sentimentos ainda entalados em minha garganta. Confesso que sofri. Sofri por me encontrar nessa situação e ler sobre os sofrimentos de uma personagem pela qual criei afeto; pela qual criei proximidade e bem-querer. Sofri por entender coisas difíceis de entender. Sofri por me sentir mal com as minhas perdas. Sofri por sofrer. Sofri por estar vivo, assim desse jeito. Sofri por ler uma autora sofrida e linda. Sofri por me sentir melhor que outras pessoas. Sofri por me sentir sozinho. Sofri por ter que deixar coisas para trás e ter de virar a página na qual queria que o livro de minha vida sempre estivesse aberto. Ou mais ou menos isso... Ainda assim, consegui enxergar coisas. Mais importante: consegui digerir coisas. Meu universo agora é maior. Compreendi com compaixão o que não era pra ser compreendido dessa forma, mas optei por assim o fazer. B me disse que pessoas como eu sofrem mais, mas são melhores e difíceis de se encontrar por aí. Na hora isso me causou muita revolta. Mas agora eu absorvo de outra forma. Sou assim, criado assim, crescido assim. Pobre são os egoístas, os rancorosos, os incapazes, os fujões, os covardes e os desonestos. Não que eles sejam pessoas ruins, como é possível de não serem, visto que pessoas boas possuem um ou outro “adjetivo” desses. Mas são menos felizes, ou passam por uma quantidade de momentos infelizes maior. Eu sei que não sou ninguém para dizer nada – e nem tenho essa pretensão -, mas com vocês me sinto a vontade para falar. Agradeço aos dois por me lembrarem essa autora estonteante (literariamente falando) que tanto bem - através de tanto "mal" - me fez. Sigo agora com cicatrizes, agruras que espero superar e com um livro da dita cuja debaixo do braço.

Um beijo e um abraço!

Ass: J.P.P.

segunda-feira, 12 de abril de 2010


Gosto muito de escrever sobre música, como já foi claramente possível perceber. Algumas pessoas possuem relações diferentes com a música, independente de seu estilo. Eu sou um daqueles exemplares em que o som praticamente dita o rumo da vida. Quando não isso, no mínimo, influencia bastante. Sou daqueles que relaciona tudo a alguma música ou banda, que monta coletâneas temáticas que mais se parecem dolorosos processos criativos, que faz listas, tops e mais um monte de coisas inúteis que, apesar de inúteis, me são muito importantes.

A partir de agora, o resultado de um dos meus passatempos prediletos poderá ser conferido na Rádio Rock Puro, uma rádio on-line que executa o rock mais honesto da web e que ainda possui uma seleta lista de colunistas e colaboradores, que complementam o site com textos bem interessantes. Para quem gosta do gênero, é um prato bem cheio. A minha coluna já está no ar e, muito honradamente, colaborarei com alguns textos sobre as bandas que eu gosto ou outras peculiaridades sobre este universo musical.

A Rádio Rock Puro é um projeto muito bacana do produtor Sérgio Avellar, que desenvolve um trabalho muito legal; um trabalho de resgate e divulgação de grandes nomes do rock, conhecidos ou não. Quem é assinante passa a ter acesso a um conteúdo exclusivo e muito bem organizado pelo Dinossauro. Vocês podem estar se perguntando quais os motivos para pagar por uma rádio on-line, tendo em vista a facilidade para se encontrar inúmeras rádios gratuitas pela rede afora ou ainda quando se tem a possibilidade de fazer downloads de qualquer coisa sem maiores problemas.

Eu lhes respondo com o seguinte: se o preço a ser pago pela assinatura fosse algo exorbitante, eu concordaria. Mas não é. Para quem é fã, o investimento vale a pena. A grade é repleta de programas organizados por temas, especiais de primeira, um acervo de qualidade recheado de raridades, informativos semanais, etc. Além dos textos para completar, que você pode ler enquanto aprecia o conteúdo da rádio. Enfim, eu gosto bastante e recomendo-lhes. É possível fazer um “test-drive” através de um cadastro temporário. Através dele você poderá ter acesso a tudo que a rádio tem para oferecer.

Não é possível explicar todo o projeto por aqui. Mas para saber mais sobre tudo o que a rádio oferece, clique aqui. Siga a Rádio Rock Puro também no Twitter.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Da passagem (ou sobre mais leros-leros)

Eis que chega o feriado da Semana Santa, que de santa, para mim, não tem nada. Muitos voltam a comer carne, comer chocolate, beber cerveja ou coca-cola, a fazer sexo ou a cheirar rapé, festejando o fim do período da quaresma. Eu, com muita vontade, continuo fazendo tudo isso. Afinal, não sou tão pecador assim ao ponto de me penitenciar com privações de prazer.

É chegada também a Páscoa! A festa do coelho ovíparo que representa a ressurreição do filho de uma virgem que engravidou de uma pomba branca e que é ao mesmo tempo o pai e o filho. Total nonsense, não?

Em comemoração a tudo isso e mais um pouco, abraço-lhes com este incrível vídeo, de uma teatralidade fenomenal e com atuações irrepreensíveis. Aí vai o petardo juvenil: e se SCARFACE virasse uma peça de TEATRO ESCOLAR?

* Este post foi "patrocinado" por @rafael_longo.

Bom feriado!

sexta-feira, 19 de março de 2010

FIT 2010 cancelado (ou de quando a incompetência é transferida)

FIT-BH 2008

Em decisão despótica, espúria e asquerosa, foi anunciado o cancelamento para este ano do 10° Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte, o FIT. O anúncio, feito no dia 18 de março pela presidente da Fundação Municipal de Cultura, Thaís Pimentel, tomou de súbito a classe artística belorizontina. Mais lamentável que essa determinação são os argumentos apresentados para validar tal ação. De acordo com Pimentel, as eleições presidenciais e a Copa do Mundo estariam dificultando a criação da grade de programação pela curadoria. Atestar falta de espetáculos de qualidade é, no mínimo, classificar como incompetentes os renomados e nacionalmente premiados grupos do estado. Tal fala demonstra mais a incompetência dessa instituição em encontrar montagens interessantes do que estas não existirem.

Doravante, ponto primeiro: o FIT é um acontecimento bienal e em diversas edições anteriores foi realizado em ano de Copa do Mundo e eleições, da mesma forma que hoje, como em 2002 e 2006. Ponto segundo: O FIT estava programado para acontecer em agosto. A Copa do Mundo acontece entre junho/julho e as eleições são em outubro. Ponto terceiro: O FIT é um decreto municipal, uma lei (
n°9517) sancionada pelo então prefeito em exercício Fernando Pimentel, em 31 de janeiro de 2008. Assim, a sua simples não realização é ilegal. Ponto quarto: diversos artistas, grupos da capital estruturaram seu calendário para privilegiar sua apresentação em tal festival, um dos maiores do país e o mais importante evento artístico do estado. Ainda não obstante de outras passadas decisões não menos repugnantes – como a extinção em 2004 da Secretaria Municipal de Cultura, da suspensão do BH Cidadania, do Arena da Cultura e da mudança no orçamento da Lei Municipal de Cultura –, somos acometidos pela notícia de que o FIT será transferido para 2011.

Não somos apenas nós, artistas da capital, que perdemos direitos com a suspensão provisória do FIT. Mas também a população, que assiste um de seus principais eventos culturais nos processos de formação de público ser devastado por uma administração omissa, incompetente e politiquesta, que apenas comunicou a decisão sem ao menos conversar com os produtores locais. Ao que parece, não são os artistas desprovidos de adjetivos técnicos, qualitativos, ou a “repentina” Copa do Mundo que “calhou” de ser realizada neste ano, ou mesmo as já conhecidas obscuras eleições presidenciais que inviabilizaram o citado. Não há justificativa passível de compreensão. Como artista que possivelmente participaria do festival (concorrendo com o espetáculo
Sonho de uma Noite de São João, do projeto Pé Na Rua, do Galpão Cine Horto), sinto-me ensimesmado ao escrever sobre tal acontecimento.

O que nos falta não são artistas competentes – como se estes em apenas um ano o se tornassem, como sugere a presidente Thaís –, senão que administradores menos inábeis ao lidar com o já percebido boicote artístico promovido pelo nosso prefeito Márcio Lacerda. Tendo em vista, por exemplo, a suspensão das atividades culturais na Praça da Estação, que suscitou a criação de outro evento público e autoral na cidade, a
Praia da Estação, corroboro o pensamento de Marcello Castilho, do jornal Estado de Minas: o autoritarismo, a decisão de gabinete, a burocracia, o estorvo causado por uma política exclusiva, são apontamentos para que tais eventos sejam administrados por outros, que não órgãos públicos, maculados pelo constrangimento político, posto que a viabilização de tais festivais vem dos impostos cobrados da população. Em suma, recordo de uma tira do espetacular Quino, por sua Mafalda, na esperança de que nossa reivindicação não seja preterida como na charge: