segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E Deus, existe?



Essa semana a Rede Record de Televisão foi acusada de vender propaganda irregular na cidade de Feira de Santana, na Bahia. A notícia conta que a emissora exibe comerciais diferentes na cidade aqui citada e em Salvador. Não sendo geradora, pois não tem concessão, a Record só pode retransmitir o seu sinal. Por lei, tal prática é irregular, posto que ela só pode veicular seus próprios comerciais.

Lhufas para tudo isso. O que penso, notoriamente influenciado por meu agnosticismo, é o tamanho que tal empresa tem ganhado ao longo dos anos. Propriedade de uma igreja - só isto já bastaria para se fitar de soslaio sua integridade, não importando qual corrente religiosa -, maquiada por programação mista, sem radicalismo ou pregações evidentes às suas ideologias (ainda restam?), a Rede Record abraça diversos meios de comunicação no país. Antes pertencente ao Grupo Sílvio Santos, foi vendida no final da década de 80 para a Edir Macedo Indústria Ltda.

A partir daí, comprou diversas redes de televisão pelo país, além de rádios, jornais e revistas do segmento. Atualmente, integra a segunda potência em comunicação no Brasil, tomando progressiva e pasteurizadamente o lugar de outras emissoras no Ibope, ao copiar descaradamente a Rede Globo, outra bobagem audiovisual. No entanto, isto tudo não foi adquirido de maneira desventurada.

A Igreja Universal do Reino de Deus angaria fiés ao longo dos anos de maneira espetacular. Tendo o mínimo de cuidado em apreciar seus métodos, pode-se notar claramente os motivos para tal sucesso que, diga-se com "méritos", não se distancia daqueles utilizados pela Igreja Católica, hoje decadente. Quando se vai a um culto evangélico ou, em sua maioria, aos das quermesses protestantes, notamos um apuro e cuidados meticulosos.

Paralelando-se a Igreja Católica com a Evangélica percebemos: os cantos dos hinos no catolicismo são deploráveis, tanto pelas letras quanto pela melodia, relegada, quase sempre, a um violão e vozes desafinadas; já com as igrejas protestantes, um coro afinadíssimo, uma banda redonda e uma amplificação de show fazem bem aos ouvidos, há de se reconhecer; a missa austera, pragmática, desmedidamente maçante faz qualquer beato dormir; na Catedral da Fé, todos são chamados constantemente ao novo, à atenção com o discurso, seja pelos gritos e uivos do pastor, seja pelos milagres, estes também existentes na Católica; a estrutura física da Igreja Católica lembra o período medieval, com seus bancos de madeira, seus enormes adros que alicerçam sua ostentação, além dos novíssimos ventiladores que circulam ar quente; bem diferente dos Templos da Libertação com seus acolchoados bancos e seus ar-condicionados (foda-se a nova regra gramatical) que recebem confortavelmente seus clientes, ops! fiés (ok, gafe para as duas).

Entre ambas, um dado as aproxima: são extremamente retóricas e preconceituosas. Ainda não tomamos tento de que religião deveria ser tratada de maneira científica e não metafísica, com possibilidades sobrenaturais de intervenção. Mesmo passados o Iluminismo e o Humanismo, somos ainda reféns da fé, este conceito criado e proliferado por todas as religiões quando indagadas ao extremo sobre a explicação das coisas: "não há, deve-se ter fé!". Sob o prisma de que vivemos em um mundo racional, seja lá o que isto significar, perdemo-nos, a exemplo, em porcas discussões televisivas em que se aponta uma para a face da outra demagogicamente o dedo em riste.

Assim, rogo, que a Record e a Globo se fundam em uma mesma empresa, com todos satisfeitos e com os bolsos portentos da junção entre fiés, telespectadores e desavisados que, incautos, ainda acreditam em um discurso proferido por bocas sujas, hereges e ambiciosas. Sim, esta é a lei do mercado ou de Deus, como quiserem. Ou será que o símbolo das duas ser um globo terrestre é apenas um detalhe?

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