terça-feira, 22 de setembro de 2009

In memory of


Sei do descuido para com este tão legal espaço. Pra mim assim também ele é. Mesmo que só pra mim. De tão azafamado por conta de trabalho e de uma vida boêmia que deixei meio que de lado junto com os 24 anos, acabou que me esqueci de dar atenção a isso que tanto gosto; assim como já o fiz outrora com algumas outras coisas. Mas agora está finito, espero eu.

Assombra-me um pensamento: o de pensar que conheço bem uma pessoa que sequer cheguei a conhecer. Pior, achar que ela se parece comigo. Ainda pior, sentir saudades. Mas tal fenômeno - o qual nem sequer tive a audácia de nomear - me pegou de sopetão num desses dias de reflexão pesada e de penitência.

Tomei quase que de assalto alguns escritos de uma pessoa da família que faleceu antes de me conhecer, antes de eu nascer. Não tive a honra, pelo o que parece. E o engraçado é que só nessa altura de minha vida (1/4 de século) é que fui saber mais sobre essa pessoa, ler o que ela escrevia e escutar sobre o que ela fazia. Meu tio, acho eu, me seria um grande amigo. Não apenas por conta do gosto pela escrita ou pela boa música, mas mais por ter me feito sentir coisas que nenhuma outra pessoa morta me fez sentir. Não sei se isso é passível de compreensão, mas também não importa.

Para compensar o descuido para com o blog e para com vocês que o acompanham, se é que vocês existem, posto aqui um texto deste que acabo de vos apresentar, este que não teve a oportunidade de continuar a escrever, este que eu adoraria que fosse meu pseudônimo, além de tio.

BH 19/09/77

*Roberto Terra


Olá garota, como está? Espero tudo bem. Espero também não se incomodar com mais este, deste cara chato. Mas ocorre que me sinto bem assim. Você foi o motivo que me inspirou escrever aquilo que não tenho coragem de declarar poesia, pois não sou poeta.

A importância da vida, e do motivo, reside na esperança. Sim, a esperança é motivo, é estímulo. E do que o homem ou a mulher vive se não de estímulos?

Senti-me feliz, alegre de escrever. Por que não iria mostrar para aquela que foi o motivo? E assim o faço. Retiro os impedimentos mentais e deixo que se manifeste a sensibilidade. E é tão bom assim escrever!... Relembro o que fui e vivo todos os motivos de ontem, que é passado e imaginei morto, mas que ainda vive. E é tão bom!

Parece-lhe estranho, não? A mulher deve se constituir sempre em inspiração para o homem. Inspiração para o trabalho e para o amor. Sua beleza não está tanto em seu porte, sua fisionomia, seus sentidos físicos; mas naquilo que aspira ser, nas virtudes que constam em seu mundo interno, que para o homem se revela num constante mistério que tenta descobrir.

Um abraço afetuoso.


Parece que até no gosto pelas mulheres somos familiares. Quisera eu uma que me deixasse assim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário