quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Somos feitos para nós mesmos (ou desabafo em julgamento)


De boas almas o mundo está cheio. E vejam só como ele vai bem. É esse altruísmo bonito que nós vemos coroando a Terra. Impressionante mesmo é a esfera da nova filantropia sentimental. Agora, rumores verídicos dão conta de que beneficência é fazer o mal visando o bem, quando muito bom, em médio prazo. Balela. Nisso tudo, a única verdade é que as pessoas, cada vez mais, pensam apenas nelas mesmas; mesmo que com alguma outra parte igualmente envolvida. Tentam lhe convencer de que uma coisa ruim tornar-se-á boa num estalo do tempo. Para mim, é o encontro do absurdo com o egoísmo. A pororoca que resulta em egocentrismo. A piracema dos peixes individualistas. Penso em você, mas sobre as suas próprias costas. Deveras confortável, realmente.

A decepção é mesmo algo lúgubre, não? É o preço que pagamos por insistir em confiar. Confiança é para e em nós mesmos. E nos reais amigos que – no fim das contas – são um pouco de nós mesmos também. É preciso tomar nota de que esse orgulho parasita que vai adentrar mais uma década é sinônimo de pequenez do coração e de frieza do peito. Não dê espaço a quem sozinho caminha orgulhoso, não dê palavras a alguém que as jogue fora, não dê ouvidos a quem não é justo, não dê olhares a quem só tem umbigo, não ofereça ajuda a quem não quer ser ajudado, não dê confiança a quem não é de lealdade, não fale verdades para não escutar mentiras e não dê amor a quem não valha a pena. O egoísmo que às vezes parece saudável lhe faz mesmo pensar o quão importante você é para si mesmo, lhe faz pensar somente na primeira pessoa. Mas e no fim, o que lhe resta? Vai se esbanjar com o que? Egoísmo racional é para tudo aquilo que é micro.

O supremo do contra-senso é essa onda de egoísmo solidário ou solidariedade egoísta, como queiram, ter a competência de confortar alguém. Apesar de fingirem sentimentos, prostram-se suavizados num misto de gozo e prepotência. Não dá para simplesmente engolir tudo aquilo que lhe é jogado na cara. Frente a certos tipos de situação acho cabível e honesta a necessidade de algum julgamento. Nada de petulância, arrogância ou posse da verdade. Nem perto disso. Apenas é preciso entender que nem tudo é passível de carta branca ou passe livre. Portanto, você não mais.

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