quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"À Prova de Morte" (ou de paciência)

Quentin Jerome Tarantino. O melhor diretor e roteirista de cinema da década de 90. Da década de 90, da de 2010 começou mal. Em "À Prova de Morte", Tarantino consegue, em apenas uma cena durante todo o filme, alcançar sua maestria. A obra, segundo o próprio diretor, foi uma homenagem aos filmes B americanos - os péssimos - explorando descaradamente seus erros de continuidade, a fotografia em tom pastel e os diálogos insignificantes.

Para os desavisados, a homenagem pode passar despercebida e tais elementos utilizados como "linguagem" podem mais parecer defeitos técnicos na película que está sendo vista, ou seja, não intencionais. O roteiro simplório, não escolhe o modelo desarticulado e curioso de seus filmes anteriores. Tampouco explora uma montagem não linear, em mosaico, que induz o espectador a montar o mesmo/outro filme em sua cabeça.

O problema do longa não perpassa pela cópia das principais características desses filmes B apenas, mas o torna tanto quanto massante. Assim, aquilo que, porventura, poderia ser um longa que faria certa paródia, comentário ou homenagem ao cinema marginal americano, torna-se apenas mais uma obra deste estilo - incluindo sua mediocridade. Tarantino e sua história conseguem extorquir de produtoras o montante suficiente (não muito considerável tendo em vista grandes produções) para viabilizar sua esganiçada obra. Mas peca e lesa sua genialidade.

Com três anos de atraso, "À Prova de Morte" tem todas as peculiaridades tarantinescas: diálogos longos (embora tediosos); cenas de ação (visíveis por vezes, repetitivas por muitas outras, mas espetacular e genial em uma específica); situações inusitadas e um elenco mesclado entre atores conhecidos como Kurt Russel e outros quase nascidos do suvaco, como Vanessa Ferlito.

Com quase duas horas de duração, espera-se, na sala de cinema, que algo aconteça ou que surpreenda o já fatigado e cansativo acompanhamento da obra. Vide "Bastardos Inglórios" que transcorre normalmente e, em determinados momentos, arrebata o espectador com novidades redivivas, mesmo que chegue quase que limiarmente entre o mesmo e o novo.

Assim, "À Prova de Morte" é o único longa dispensável na obra genial de Quentin que, apesar de ser do (ex)inovador diretor, é mais chato que carrapato no saco. Esperem sair em DVD, comprem pirata, baixem da Internet. Ir ao cinema é perda de tempo.

obs: se forem, assistam "Tudo Pode Dar Certo", de Allen.

4 comentários:

  1. Só por curiosidade, sem entrar em outros méritos: você já assistiu 'Planeta Terror'?

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  2. Ainda não. Por quê?

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  3. Eu curti o filme. Foi inovador no sentido de que os dublês, pela primeira vez, são protagonistas.

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