sábado, 10 de julho de 2010

Sobre a vida, barrancos e solavancos

João Página Planta às vezes pensa em como seria a sua vida se ele figurasse casos de exceção. Analisa possibilidades, finge situações e elabora atmosferas.

Pensa em estruturas que falsamente se mantém eretas, apoiadas, por exemplo, em eventos agridoces da vida, como bem definiu Nick Hornby. Confabula sobre relações humanas que se resumem em olhar quem está chorando agora e quem está sorrindo agora. Avalia, fria e calorosamente, a opinião que o mesmo analista de comportamentos citado anteriormente possui, quando diz que nos juntamos às pessoas porque elas são iguais a nós ou diferente de nós e, no fim, nos separamos exatamente pelas mesmas razões.

Descobriu a pequenez do ser terráqueo, humano, bem ilustrada nas palavras de Douglas Adams que, resumidamente, o dignificou – segundo relatos de seus mochilões pela galáxia - como algo inferior a praticamente tudo.

E chegou a essa conclusão porque está neurótico. Tenta não se lembrar daquilo que lembra sempre, mas tentar não lembrar é nada. Suporta negativizando as coisas, pois assim facilita o desapego dos sentidos.

É tudo isso um jogo de reflexos cerebrais, pode acreditar. Cérebro e coração juntos, cabines de controle que, em tempo certo, agem para consertar impulsos sólidos um do outro.

Cicatrizes serão sempre as mesmas cicatrizes, pensa João Página Planta. Vá-se embora da minha cabeça, pensou mais uma vez.

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