sábado, 3 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios (ou “água com açúcar”?)


Pão com manteiga. Arroz com feijão. Bastardos Inglórios é, sem dúvida, o filme mais inofensivo de Quentin Tarantino. O diretor, um dos melhores roteiristas contemporâneos, apresenta um filme sem muitas novidades e, mais desapontador, não faz páreo com o restante de sua obra. Ligeiramente jocoso, sem sua característica montagem, seus enquadramentos e perspectivas, o que ressalta ao filme – e isso não é mérito, é repetição – , é um roteiro estruturado quase em um método: apresenta-se a estória; desenvolve-a; há o clímax; e o fechamento com alguma surpresa.

Funciona. É evidente. Mas ante as demais películas do cineasta, este é o seu pior filme. Não tanto pela estória, ou por ser, em suma, um filme ruim, posto que não o é, mas mais por não surpreender o espectador. Isto, inclusive, é fato que já acometeu vários grandes cineastas como Scorsese, Almodóvar, Glauber, Bertolucci, e, agora, Tarantino. Parece mesmo ser uma entre safra criativa.

Aos interessantes, o recorrente e ótimo trabalho de ator de Brad Pitt, representando Aldo "O Apache" Raine, além de Christoph Waltz, como Hans Landa. Todos os outros atores vem no rastro. Uma característica de Tarantino são os nomes de suas personagens. Assim, Bridget von Hammersmark (por Diane Kruger), Shosanna Dreyfus (por Mélanie Laurent), Frederick Zoller (por Daniel Brühl), Sgt. Donnie Donowitz (por Eli Roth) e PFC Utivich (por B.J. Novak) ajudam a tornar os filmes do diretor peculiares em certos aspectos.

Cenas longas e envolventes com diálogos afiados que sustentam câmeras estáticas e ângulos que, em cucas de outro diretor, poderiam se tornar maçantes, tediosas e pulverizariam um filme, são, em Quentin, algo recorrentemente delirante.

Assim, Tarantino parece não correr em favor de uma maturidade criativa, mas ao embate com uma obra já magnífica e, por isso, tão difícil de ser superada ou surpreendida – mesmo pelo próprio diretor.



8 comentários:

  1. Diante dos comentários pertinentes... verei esse filme na sexta-feira com participação especial AT!

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  2. Se já o viu é porque o achou no mercado negro. Que mal exemplo a nossos estimados leitores...

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  3. ô alcoólatra, não suponha precipitadamente. no mais, mercado negro e cinemark pra mim é a mesma coisa.

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  4. Mas não são não. Ainda mais se o exemplar do mercado negro tiver sido produzido dentro da sala de cinema. Todavia, hoje estréia. Hoje vou lá.

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  5. Oras! Se a estreia é hoje e a matéria foi postada no sábado, não supus nada, tampouco precipitadamente. E não me venha com discursinhos baratos de que "mercado negro e cinemark são a mesma coisa".

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  6. Assisti e justiça seja feita. Leo, meu caro, o filme é mesmo chato. Não preciso aqui apontar o que você apontou, só encerro dizendo que foi chato. Ponto mais alto do filme? A impecável atuação de Christoph Waltz, na pele de Hans Landa. Até mesmo o Brad Pitt me entediou um pouco. Fato é que repetir façanhas como Pulp Fiction e Reservoir Dogs não é nada fácil, apesar de ser isso que nós esperamos.

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  7. Bolas! E você então não me venha com "que mal exemplo a nossos estimados leitores...". Tem contrato com alguma distribuidora de filmes, gravadora ou algo do tipo? Quem começou com discursinho barato, caro amigo/entojado, não foi quem vos escreve. Vai plantar uma árvore!

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  8. Quanto a isso, Leo, você está mesmo errado. E pare de xiliques, pois já está bem grandinho.

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