terça-feira, 10 de novembro de 2009

É isso, é isto ou não é nada disto?


Não entendo tamanho alarde sobre. Um documentário com fisiologia de show, alma de caça-níquel e personalidade maçante. Não há nada de novo, excetuando-se, claro, os poucos momentos em que a figura de um grande artista - e isto não há como medir ou protelar créditos - se apresenta como o principal atrativo da película. Contudo, perceber a magnitude de um show-hipertrófico em uma sala de cinema é, sem dúvida, o melhor a ser feito quando apreciar o filme.

Ignorar a obra de tal figura ou mesmo endossar o coro de imbecis reacionários/preconceituosos que a vulgarizam seria, bem provavelmente, o caminho mais "intelectualóide" de engendrar comentários. Mas, não é mesmo um bom filme. É algo menos glorioso. Além disto, deve-se ter o prisma de que é uma varredura do material existente de gravações dos ensaios. Ou seja, algo não preparado, mas sim reutilizado, reciclado daquilo que, indubitavelmente, aconteceria no show. O fato, incômodo, é que a menina de ouro do longa são os instantes dos bastidores em que, sim, a presença do artista sobrepõe a do ícone.

Mesmo ínfimas, suas aparições desveladas de tantas pessoas em seu redor ou dos obscuros comportamentos que teve (?) durante sua existência, tornam este o momento mais interessante, mais humano e menos produto. Somos, constante e despercebidamente, ludibriados pela hostilidade e arrogância em fundar nosso imaginário somente sobre a figura de um homem pedófilo. O que, sejamos sinceros, é a coisa mais imbecil que pode acontecer, posto que não direcionamos nossos olhos para algo muito maior.

Além disto, como os menos beócios têm ciência, reinventou o modo de produzir espetáculos, inventou um estilo, criou uma mescla entre funk, soul, disco e, ainda, de quebra sendo sua maior característica, quase fundou uma escola de dança - claro, alicerçado em James Brown, Gene Kelly, Fred Astaire e mais uma caçamba de gênios passistas.

Assim, não exalto o filme de Kenny Ortega como algo sublime, espetacular, estando há anos-luz disto. Todavia, o diretor do longa, que também dirigiu o show, intenta mostrar algo indizível, que deveria ter sido visto ao vivo e não em salas de cinema.

Um comentário:

  1. ah fala sério. esse filme é um documento dos últimos suspiros do rei do pop (título indiscutível) nos palcos! e isso dispensa comentários intelectualóides do tipo "fisiologia de show, alma de caça níquel e personalidade maçante"...que TALVEZ fosse um comentário bem-vindo caso o Michael Jackson não tivesse morrido justo antes duma volta histórica aos palcos! acho que os fãs mereciam ver nas telas o que a vida (ou, melhor, a morte) os impediu de ver ao vivo. aí foda-se se "não é mesmo um bom filme".

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