quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Que venha o novo ano!
Em janeiro, após esse hiato de quatro dias, o blog funcionará normalmente, isto é, com posts escassos e respeitando um certo intervalo (longo) de tempo. Para deixa-los curiosos, o ano começará com um TOP 5 do que de melhor foi feito no mundo da música neste ano que está à beira do fim. No mais, deixamos a vocês nossos mais sinceros votos de felicidade. Bom 2010!
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Onde não tem chopp
Afim de ao menos dar ares novos a isso aqui, venho avisa-los de que mais um texto gastronômico - o último do ano - de minha autoria está no Mondo BHZ. Dessa vez fui parar no Chopp da Fábrica, um tradicional estabelecimento da boemia belorizontina. Curioso é o fato de eu não ter escrito nada sobre o local antes. Todavia, lá está! Aproveitem.
Para ler este e meus outros textos, além de todo o conteúdo de toda a equipe do guia crítico de artes de Belo Horizonte, basta clicar aqui.
Vocês também podem seguir o guia no twitter. Mondo BHZ = arte + cultura.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Feliz Natal!
domingo, 20 de dezembro de 2009
40 anos depois (ou igualmente genial)
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
40 anos depois
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Linha a linha (ou entrelinhas)
Ele, do alto de sua postura acadêmica (sabe-se lá de onde), arqueava em riste seus antebraços simbolicamente representando uma banana - ou dando uma banana para aqueles. Os "embananando", acreditava que tornaria verdade aquilo que supunha: "logo eu que cri que não crer era o vero crer em colocar a mão no bolso". Vêem? Incompreensível, não? No entanto, havia conseguido arrecadar, por mérito, um montante considerável para um imigrante (devia ser turco) em épocas de pouca colonização e muita massificação.
Havia construído uma enorme lan house sob o letreiro "Fila Dupla", referindo-se, claro, aos códigos binários essenciais para o funcionamento da rede. O logotipo da empresa era idêntico ao sinal cravado em seu ombro. Uma mistura de tatuagem com queimadura de terceiro grau. Certa vez, indagado sobre um corrupto inveterado que recobria de mãos os bolsos alheios e, posteriormente, permanecia por horas e horas em sua empresa, alimentando, por conseguinte, sua conta bancária, causava grande desaprovação entre os comerciantes em redor. "São pessoas sérias, há que se distinguir casos e casos", dizia.
Ora Ittazub, pare de verborragizar tons "a esmo, sem critério, apenas visando lucro". E ele, dando de ombros, dizia que os outros é que deviam "conquistar simpatizantes". Faliu, "devido ao alto índice de desaprovação". No derradeiro momento de desilusão, sustentava olhos em lágrimas ao visualizar as últimas atrocidades de seus invejosos. Ao sair na porta de sua bancarrota internética, o letreiro com sua logo, sua marca, tinha sido vilipendiado, quase um atentado ao pudor. Haviam "furado o sinal" de Ittazub. Cabisbaixo, profetizava: "esse filho-da-puta devia levar uma multa".
Feito trágico, caminhou noite adentro arquitetando pensamentos que, acreditava, eram vanguardistas. "O que haveria de ser feito é uma conscientização da população", "apenas para corrigir", "pro muleque crescer ciente da responsabilidade". Ittazub, Ittazub, volte para a Grécia. Lá não tem brasileiro imprudente ou "pessoas aplaudindo" o equívoco da moralidade. Existem apenas sádicos que, se rindo, riam-se de si mesmos em segredo.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Lamentações em cópias coladas
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Somos feitos para nós mesmos (ou desabafo em julgamento)
A decepção é mesmo algo lúgubre, não? É o preço que pagamos por insistir em confiar. Confiança é para e em nós mesmos. E nos reais amigos que – no fim das contas – são um pouco de nós mesmos também. É preciso tomar nota de que esse orgulho parasita que vai adentrar mais uma década é sinônimo de pequenez do coração e de frieza do peito. Não dê espaço a quem sozinho caminha orgulhoso, não dê palavras a alguém que as jogue fora, não dê ouvidos a quem não é justo, não dê olhares a quem só tem umbigo, não ofereça ajuda a quem não quer ser ajudado, não dê confiança a quem não é de lealdade, não fale verdades para não escutar mentiras e não dê amor a quem não valha a pena. O egoísmo que às vezes parece saudável lhe faz mesmo pensar o quão importante você é para si mesmo, lhe faz pensar somente na primeira pessoa. Mas e no fim, o que lhe resta? Vai se esbanjar com o que? Egoísmo racional é para tudo aquilo que é micro.
O supremo do contra-senso é essa onda de egoísmo solidário ou solidariedade egoísta, como queiram, ter a competência de confortar alguém. Apesar de fingirem sentimentos, prostram-se suavizados num misto de gozo e prepotência. Não dá para simplesmente engolir tudo aquilo que lhe é jogado na cara. Frente a certos tipos de situação acho cabível e honesta a necessidade de algum julgamento. Nada de petulância, arrogância ou posse da verdade. Nem perto disso. Apenas é preciso entender que nem tudo é passível de carta branca ou passe livre. Portanto, você não mais.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
"A vida é a arte do encontro, apesar dos muitos desencontros", por Roberto Terra:
O encontro
(17/08/1977)
Nada há que se compare,
Por um minuto sequer,
À esperança da espera
De esperar a esperança do encontro.
A sensação do amor
Que pode chegar,
Simplesmente não vir
Ou, quem sabe,
Resolver atrasar.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
BHTrans não pode mais multar (ou "ô maravilha!")
Há de se ter parcimônia. Todavia, até que enfim desconfiaram que, além de incompetente no planejamento de tráfego (obrigado) da cidade, tal empresa indubitavelmente visa(va) lucro. O Ministério Público, ao indiciá-la, torna notório algo que apenas os motoristas vivenciavam: o autoritarismo de funcionários contratados pela Prefeitura para exercer a função de juízes da circulação de veículos urbanos. Sendo uma "empresa mista", como todos os períodicos belorizontinos copiaram-se, não deve ter o poder de decretar multas que, muitas vezes, ignoram aquilo que chamamos de bom-senso.
Ao abordar, seus fiscais são prepotentes, arrogantes e perniciosos. Ao multar, parecem ter o dom. Recordo um professor de legislação de trânsito que tive para retirar minha habilitação. Quase em regozijo, vociferava palavras de ordem como: "tem que meter a caneta mesmo!". Como farão agora para arrecadar o gigantesco montante em épocas de IPVA ou no final do ano? Pedirão demissão ou serão demitidos ante ao enorme déficit esburacado pelas mãos da justiça? Não intento aqui tornar caos o trânsito já caótico de Belo Horizonte. Incentivar o motorista a desobedecer as leis. "A BHTrans não pode mais multar, então vai". Entretanto, contratar uma empresa privada - mesmo com a Prefeitura sendo sua maior acionista - para delegar funções e autorizações de punição que deveriam ser exercidas pelo Estado é algo, no mínimo, obscuro.
Isso é dever do poder público. Fiscalizar e punir com multa, mas apenas por aqueles que devem, em teoria, rabiscar o bloquinho. Com arrecadação de multas em torno de R$60 milhões por ano, não será nenhuma surpresa se a empresa decretar falência múltipla de seus órgãos em pouco. Isso não é um desabafo de um lesado pela BHTrans. Recebi, sim, algumas multas por infrações que julgo, inclusive, corretas de serem punidas. No entanto, causar margem para excessos e abusos sendo, inclusive, desconfiadamente maliciosas tais multas, quase maquiavélicas, é algo intolerável.
Contudo, a Prefeitura de Belo Horizonte (atual dona da BHTrans) não concorda com tal decisão. Em nota, informou aos desavisados infratores que tentarem "usufruir" da sentença: "a orientação é de que a BHTrans continue atuando na operação e fiscalização do trânsito até que a ação transite em julgado". Já em nota devidamente autenticada pela empresa deveria também alertar: "informamos que todos os funcionários estão de aviso-prévio".
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
E Deus, existe?
Lhufas para tudo isso. O que penso, notoriamente influenciado por meu agnosticismo, é o tamanho que tal empresa tem ganhado ao longo dos anos. Propriedade de uma igreja - só isto já bastaria para se fitar de soslaio sua integridade, não importando qual corrente religiosa -, maquiada por programação mista, sem radicalismo ou pregações evidentes às suas ideologias (ainda restam?), a Rede Record abraça diversos meios de comunicação no país. Antes pertencente ao Grupo Sílvio Santos, foi vendida no final da década de 80 para a Edir Macedo Indústria Ltda.
A partir daí, comprou diversas redes de televisão pelo país, além de rádios, jornais e revistas do segmento. Atualmente, integra a segunda potência em comunicação no Brasil, tomando progressiva e pasteurizadamente o lugar de outras emissoras no Ibope, ao copiar descaradamente a Rede Globo, outra bobagem audiovisual. No entanto, isto tudo não foi adquirido de maneira desventurada.
A Igreja Universal do Reino de Deus angaria fiés ao longo dos anos de maneira espetacular. Tendo o mínimo de cuidado em apreciar seus métodos, pode-se notar claramente os motivos para tal sucesso que, diga-se com "méritos", não se distancia daqueles utilizados pela Igreja Católica, hoje decadente. Quando se vai a um culto evangélico ou, em sua maioria, aos das quermesses protestantes, notamos um apuro e cuidados meticulosos.
Paralelando-se a Igreja Católica com a Evangélica percebemos: os cantos dos hinos no catolicismo são deploráveis, tanto pelas letras quanto pela melodia, relegada, quase sempre, a um violão e vozes desafinadas; já com as igrejas protestantes, um coro afinadíssimo, uma banda redonda e uma amplificação de show fazem bem aos ouvidos, há de se reconhecer; a missa austera, pragmática, desmedidamente maçante faz qualquer beato dormir; na Catedral da Fé, todos são chamados constantemente ao novo, à atenção com o discurso, seja pelos gritos e uivos do pastor, seja pelos milagres, estes também existentes na Católica; a estrutura física da Igreja Católica lembra o período medieval, com seus bancos de madeira, seus enormes adros que alicerçam sua ostentação, além dos novíssimos ventiladores que circulam ar quente; bem diferente dos Templos da Libertação com seus acolchoados bancos e seus ar-condicionados (foda-se a nova regra gramatical) que recebem confortavelmente seus clientes, ops! fiés (ok, gafe para as duas).
Entre ambas, um dado as aproxima: são extremamente retóricas e preconceituosas. Ainda não tomamos tento de que religião deveria ser tratada de maneira científica e não metafísica, com possibilidades sobrenaturais de intervenção. Mesmo passados o Iluminismo e o Humanismo, somos ainda reféns da fé, este conceito criado e proliferado por todas as religiões quando indagadas ao extremo sobre a explicação das coisas: "não há, deve-se ter fé!". Sob o prisma de que vivemos em um mundo racional, seja lá o que isto significar, perdemo-nos, a exemplo, em porcas discussões televisivas em que se aponta uma para a face da outra demagogicamente o dedo em riste.
Assim, rogo, que a Record e a Globo se fundam em uma mesma empresa, com todos satisfeitos e com os bolsos portentos da junção entre fiés, telespectadores e desavisados que, incautos, ainda acreditam em um discurso proferido por bocas sujas, hereges e ambiciosas. Sim, esta é a lei do mercado ou de Deus, como quiserem. Ou será que o símbolo das duas ser um globo terrestre é apenas um detalhe?
terça-feira, 10 de novembro de 2009
É isso, é isto ou não é nada disto?
Mesmo ínfimas, suas aparições desveladas de tantas pessoas em seu redor ou dos obscuros comportamentos que teve (?) durante sua existência, tornam este o momento mais interessante, mais humano e menos produto. Somos, constante e despercebidamente, ludibriados pela hostilidade e arrogância em fundar nosso imaginário somente sobre a figura de um homem pedófilo. O que, sejamos sinceros, é a coisa mais imbecil que pode acontecer, posto que não direcionamos nossos olhos para algo muito maior.
Além disto, como os menos beócios têm ciência, reinventou o modo de produzir espetáculos, inventou um estilo, criou uma mescla entre funk, soul, disco e, ainda, de quebra sendo sua maior característica, quase fundou uma escola de dança - claro, alicerçado em James Brown, Gene Kelly, Fred Astaire e mais uma caçamba de gênios passistas.
Assim, não exalto o filme de Kenny Ortega como algo sublime, espetacular, estando há anos-luz disto. Todavia, o diretor do longa, que também dirigiu o show, intenta mostrar algo indizível, que deveria ter sido visto ao vivo e não em salas de cinema.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Mouth tightly closed
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O antropólogo (ou do furto da soberba)
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Irving Penn (ou os olhos que falam)
Em 7 de outubro de 2009 Irving Penn morreu em sua casa, na cidade de Nova Iorque, aos 92 anos.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Por onde as idéias passaram (ou de um antes)
Avistada ao longe, talvez do alto de algum edifício próximo aos seus cruzamentos, à noite, parece um enorme caminho de formas, em que todos os prédios, árvores, cores, lembrassem as asas de uma imensa borboleta de concreto. Durante o dia, ainda sentenciada por papéis, máquinas, computadores, aquele naco de noite surgindo e as pessoas se contorcendo para que nascesse o escuro. Alguns pelo cansaço, outros pela inquietação da volta para casa, enormes amontoados de gente se misturam pelos vários pontos de ônibus espalhados pela subida. Esperam, afoitos, todos os moradores da Rua ou mesmo da cidade que a tomba patrimônio.
Ao perceber sua extensão se deveria fazer um abaixo-assinado e transformá-la em patrimônio de boêmios, pedintes, mendigos ou qualquer outra pá de conversa que ali se joga em copos. Designação mais ampla, imperativa, robusta, que guardaria em sua pronúncia formal todas as informalidades que a mesma já produziu. Pequena, provinciana, guarda em si um mundo. É bem possível que se troquem ao longo dos anos os seus pisos, calçadas, é natural que a Rua mais cosmopolita da cidade seja também uma de suas mais conservadas. Entretanto, não deve-se tocar em suas paredes, pois essas já cercearam muitas estórias.
Que do alto, segundo os textos, foram criadas as matas com seus revigorantes verdes e toda matéria-prima que conhecemos é aceitável. Mas, observando aquela Rua, percebe-se como é possível o homem construir com as mãos um belo mundo herege.
Os personagens
Um músico ali entoava, um cineasta ali vislumbrava, um escritor ali imaginava, um poeta ali versava. Milton Nascimento, Schubert Magalhães, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade foram alguns dos filhos que aquela amamentou. Ao subir e descê-la aquelas pernas todas cruzavam também palavras. Hoje, ainda pouco conhecidos em vista dos acima, outros tantos são encontrados por aquelas esquinas. Talvez não tão músicos, talvez não tão cineastas, talvez não tão escritores, poetas ou mesmo talentosos. Mas todos com a simples e divina infâmia certeza de que costuram seus sonhos com as linhas da calçada, do asfalto, do céu.
Cismas com quem, já de madrugada, quase alvorada, rondava por aqueles caminhos como se rasgasse os espaços com os olhos, de viés, na procura de um dinheiro fácil, um tênis novo, um cordão de ouro, uma farda qualquer que cruzasse seus pulsos com grampos de aço. Ordem.
Seus corredores
Divertidas aquelas esquinas. Guardavam em suas curvas o inesperado. Um bar, um quase-homem, uma ratazana, às vezes gato, por vezes pássaro. Estreitas, as calçadas são ocupadas para o delírio ébrio de vários passantes, diversas cadeiras douradas. Formavam um liberto corredor onde todo imprevisto era bem-vindo. Personagens homens, vivos aparentando mortos, assentos na espera de um companheiro solitário que, desavisadamente, sentaria-se para apenas um trago.
Aquele pequeno, miúdo mesmo bar, parecia estar suspenso ante aquela enorme e estrondosa Rua de carros, motos, ônibus, gritos, sussurros, e abrigava em seu nome o resumo de toda noite: Eldorado. O nome, na verdade, não era este. Mas condizia, em enorme escala, incomparavelmente real em alegoria ao original. De sua posição, era possível mirar todos os principais pontos do quarteirão. O edifício Maletta, sua casa, o restaurante La Greppia, sua irmã, a Janaína lanchonete, sua amante, e sua mãe, o Centro de Cultura de Belo Horizonte, que mais parecia uma catedral barroca, que observava fincada na principal esquina da Rua os passos de seus mais queridos filhos-homem.
sábado, 24 de outubro de 2009
À paulistada
Analisemos rapidamente aos 8 jogos restantes: O Atlético enfrenta, hoje, o Vitória no Mineirão. Mais de 47 mil ingressos já vendidos. Contudo, não terá Éder Luis (Rentería), Correa (Serginho) e Carlos Alberto (Coelho), mas jogará em casa e com Tardelli; no próximo jogo, pegará o Fluminense (rebaixado), no Maracanã, além de Goiás, também fora de casa; receberá o Flamengo no Mineirão (lotado); Coritiba fora; Internacional em casa (lotado); Palmeiras no Parque Antártica; e Corinthians no Mineirão (claro, lotado).
Dizer que todos os jogos são difíceis não seria verdade. Seria moralidade. Como ouvi certa vez, “nosso time só é grande por conta de sua torcida”. Isso queiram até os mais loucos, é fato. Assim, o que me envolve nessa imensa teia do azar que parece estar impregnada na camisa alvinegra é acontecer algo impensável, improvável, quase catastrófico nas últimas rodadas. E isto, todo atleticano sabe bem, é possível.
Mas antes disto, a omissão em perceber a possibilidade do título pelos paulistas é, vergonhosamente, visível. Talvez só haja destaque ao Atlético quando este conquistar o título (Ogum, Xangô e São Judas Tadeu que me ouçam) nacional. Portanto, mais que vislumbrar de olhos vendados um título, já conhecedor de várias frustrações, me serviria mais como um tapa de luvas mineiro, posto que a arrogância e a prepotência paulistana me encharcam de pejo e asco.
Assim, rumamos todos ao Nacional, pois nada é eterno, nada permanece, tudo se transforma com o tempo e este, nós atleticanos, já soubemos muito bem cultivar. Apaixonados por um clube. Não por suas conquistas, mas por sua camisa, suas dores e vindouras glórias.
Obs: quanto aos comentários anteriores que fiz a este mesmo clube que aqui exalto, não me culpo nem peço desculpas. Sou torcedor.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Utilidade pública
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Aos pulmões
Anos se passaram depois também de muitas guerras, extermínios coletivos e diversas outras banalidades da Humanidade. Contudo, a Indústria mantinha sua pose, seu varão social. Elucubrava constantemente sobre como produzir efeito de consumo, respeito e outras várias inquestionáveis informações. Conseguia, ante o efeito, quase sempre tal fato. Os indivíduos, carolas irredutíveis da mídia e da crença na mãe-consumo, nunca forjaram uma revolução. Criam naquilo.
Aos estalos da castanha, os pulmões avisavam. A mão higienizada de mentira - mas imunda de interesse e arrogância - da Ciência havia também lavado suas patas. Mas, no presente em que os abutres do embuste e da falsidade sobrepujam com foice qualquer possibilidade de prejuízo financeiro perante a verdade, fomos e somos enganados.
Os dias de fúria, desafortunadamente, começam a ser, tardiamente, os de hoje.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Da ordem das coisas
Elas, mesmo sem saber, sem indagar, constavam no enorme Livro de Observações como contraditórias, pois compravam roupas falsas, surrupiavam a ordem legislativa ao consumirem antídotos ilegais, corrompendo-se por adquirir bens efêmeros, embora demasiado lucrativos para os porcos que, por sua vez, preocupavam-se apenas com mais, mais e mais. Assim, a ordem das coisas seguiu. Não com as mocinhas ou com os porcos, mas com o fato, aquilo que sempre permanece. O acontecimento imensurável, que agrega valores a objetos inanimados e põe a todos em uma enorme bolha ilusória chamada convenção.
sábado, 3 de outubro de 2009
Bastardos Inglórios (ou “água com açúcar”?)
Funciona. É evidente. Mas ante as demais películas do cineasta, este é o seu pior filme. Não tanto pela estória, ou por ser, em suma, um filme ruim, posto que não o é, mas mais por não surpreender o espectador. Isto, inclusive, é fato que já acometeu vários grandes cineastas como Scorsese, Almodóvar, Glauber, Bertolucci, e, agora, Tarantino. Parece mesmo ser uma entre safra criativa.
Aos interessantes, o recorrente e ótimo trabalho de ator de Brad Pitt, representando Aldo "O Apache" Raine, além de Christoph Waltz, como Hans Landa. Todos os outros atores vem no rastro. Uma característica de Tarantino são os nomes de suas personagens. Assim, Bridget von Hammersmark (por Diane Kruger), Shosanna Dreyfus (por Mélanie Laurent), Frederick Zoller (por Daniel Brühl), Sgt. Donnie Donowitz (por Eli Roth) e PFC Utivich (por B.J. Novak) ajudam a tornar os filmes do diretor peculiares em certos aspectos.
Cenas longas e envolventes com diálogos afiados que sustentam câmeras estáticas e ângulos que, em cucas de outro diretor, poderiam se tornar maçantes, tediosas e pulverizariam um filme, são, em Quentin, algo recorrentemente delirante.
Assim, Tarantino parece não correr em favor de uma maturidade criativa, mas ao embate com uma obra já magnífica e, por isso, tão difícil de ser superada ou surpreendida – mesmo pelo próprio diretor.
sábado, 26 de setembro de 2009
Onde o caos reina
Porém, há um porém. Em determinado momento do filme, ouso dizer que para o espectador a interessante história acaba sendo relegada a segundo plano. Von Trier apresenta a tragédia com requintes de crueldade e alguma apelação, que pontualmente nos fazem lembrar ao aflitivo Jogos Mortais. Gratuitamente explícito e chocante com suas cenas de mutilação.
No festival de Cannes, onde estreou, um escandalizado jornalista do inglês ‘Daily Mail’ o indagou: “O senhor pode, por favor, explicar e justificar por que fez esse filme?”. Von Trier respondeu: “Não tenho que me justificar. Faço filmes... É uma pergunta muito estranha. Trabalho para mim mesmo, não devo satisfação a ninguém. Não tive escolha [ao fazer o filme]. Foi a mão de Deus, eu temo, e eu sou o maior diretor de cinema do mundo”.
De fato, pergunta tola. A justificativa sobre os porquês do filme de nada adiantariam e em nada o amenizariam. A obra está lá, decidam por fruir ou não. A minha opinião? Preparem-se psicologicamente e desfrutem-no.
Assistam ao trailer aqui.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
In memory of
BH 19/09/77
*Roberto Terra
Parece que até no gosto pelas mulheres somos familiares. Quisera eu uma que me deixasse assim.
domingo, 13 de setembro de 2009
Linhas sobre rancor
Percebe som de charanga ao longe sem, no entanto, ouvir feliz seus timbres. Seu café é frio e amargo. O coco sustenta peso de vingança. O homem-sem-escrita é por natureza vingativo. De seus dentes escorrem tempestades, lugares tétricos d´alma. Certa vez, ao ser indagado sobre sua vitalidade enquanto “não palavra” respondeu da seguinte forma:
- A palavra é um bisturi. Rasga, em qualquer instância, acovardamentos do espírito. A alegria, a dor, são representações de tal pusilanimidade. Inventa e erguem-se agruras e é a palavra que concretiza, como tijolos, tal edifício.
O homem-sem-escrita é um aletrado convicto. Não bebe, pois “bebida” é algo passado. Restabelece sua sobriedade na avareza, é cúmplice de sua própria estória e, lancinante, gaba-se do inevitável: tem consciência de seu estado agrafo.
O homem-sem-escrita é nem rascunho, um papel passado em branco negro rancor. Sustenta sobre os ombros cabelos que nascem sem avisar, como um lobisomem que, desavisadamente, não sabe de seu infortúnio. Tem formato curvo, dentes de ouro, mãos e pés com dedos a mais, adoentado na carne. Suas pernas sibilam ao decorrer dos anos. Boca funda, afunda tudo que vê ante a face. Podre estômago. Vestes andrajosas, não menos/mais que a epiderme. Por vezes é chato, redundante e desonesto consigo mesmo.
Mas sente. Aquilo que não é palavra.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Epopéia do ceticismo (ou Por aqui não se sente nada)
Há de se dizer que, na vida, nada é do jeito que nos é apresentado. Se estiver sendo, abra os olhos e acorde. Ainda quando crianças somos ‘levados’ a crer em coisas que posteriormente mostram-se inexistentes. Papai Noel não existe; tampouco a fada dos dentes. Deus não existe; muito menos o amor eterno. E por aí vamos nós, crescendo cegos em nossa plena visão. Apoiamos-nos em frases de efeito durante todo esse percurso que atende pela alcunha de vida, para, no final, passarmos a entender que elas nada mais eram que clichês embebidos em um soro vital que sustentava nossa sociedade. Uma sustentação muito da questionável, diga-se de passagem. Nada saudável e pouco real. Uma anti-tese do pleno viver. É preciso que entendamos que o acontecimento das coisas independe daquilo que nos está guardado. Isso não existe. O que existe são obstáculos que, por sua vez, existem para serem superados. E, mesmo com a superação, a felicidade não é garantida. Triste e frustrado é aquele que almeja a felicidade cabal. Como no esnúquer, onde todas as bolas terminam na mesma ‘gaveta’, independente do caminho por qual tenham seguido, é nossa estadia por aqui. Dirigida por diversas vias que, sendo mais curtas ou longas, podem levar (ou de fato levam) a um mesmo destino (a gaveta é o único certo de que chegaremos). Destino esse que nunca esteve traçado. Essa é uma outra mentira que nos tentam passar. O seu destino é você quem constrói; através daquilo que planta e colhe. Estamos fadados a ir e vir. Sempre. O que vale de verdade é sentir-se bem. E uma boa maneira de conseguir isso é fazendo o bem. E lhes garanto que não é difícil. É mais fácil do que não fazer nada. Ou ainda o mau, quem sabe... eu acho que não sei. Indo e vindo é que vamos nos construindo. Descobrindo como crescer, alimentando nossas vidas com aquilo que ela realmente precisa e cuidando daqueles que são nossos. Não leve a vida tão a sério. Ela não se resume só ao dinheiro, ao sucesso profissional ou sexual. Vai bem além disso. Ou às vezes não chega nem perto. Preocupemos-nos em não atrapalhar. E isso, sem a menor sombra de dúvida, já é de grande valia. Não sejamos carrancudos, mesmo com tantas decepções. Tiremos as rugas de nossas testas. Paremos de rezar. Ao invés de apenas pedir, vamos correr atrás. Vamos ler livros, beber idéias, fumar conteúdos e escutar músicas de alegria:
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Ode ao Clube Atlético Mineiro
Eis aqui um relato angustiado e exaurido.
Tudo como dantes
Duas semanas depois, temos o desprazer de informar que o excelentíssimo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Cesar Asfor Rocha, suspendeu a decisão. A tentativa de exposição dos motivos seguem, ipsis literis, conforme release do STJ:
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, suspendeu a decisão que havia interrompido o processo de instalação do Mineroduto Minas-Rio. O ministro atendeu a pedido do Estado de Minas Gerais. Para Cesar Rocha, a licença ambiental prévia concedida pelo órgão competente, e contestada em ação civil pública, não deflagra o início das obras, apenas permite o andamento do projeto, não havendo, por isso, risco imediato ao meio ambiente.
O presidente do STJ observou que o projeto soma um investimento de R$ 3,6 bilhões, beneficiando diretamente a economia e o desenvolvimento do estado, em especial dos municípios de Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro. Abrangerá uma área de 2,7 mil hectares, gerando empregos e renda.
O ministro Cesar Rocha identificou potencial lesivo à ordem pública na interferência do Tribunal estadual, que suspendeu, por meio de uma liminar, a licença ambiental concedida pelo órgão competente, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A decisão vale até o julgamento do mérito da ação civil pública movida pelo Ministério Público estadual (MP).
A licença foi concedida ao empreendedor Anglo Ferrous Minas-Rio Mineração S/A. O MP mineiro questionou judicialmente a licença ambiental concedida, alegando que os técnicos que participaram da elaboração do parecer opinaram pela concessão da licença prévia sem examinar todos os aspectos do projeto minerário, o que violaria o princípio da precaução ambiental e importaria em subversão do processo de licenciamento prévio.
Em primeiro grau, foi negado o pedido de liminar para suspender a licença prévia. O MP estadual recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), e o desembargador relator determinou a suspensão da licença até a decisão final da Turma julgadora do TJMG.
Daí o pedido de suspensão de liminar e de sentença apresentado ao STJ. O Estado de Minas Gerais alegou a ocorrência de grave lesão à ordem pública, porque, entre outros argumentos, a decisão impediu o pleno exercício das funções da Administração pelas autoridades constituídas.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Papo ruim
Há tempos que criticar a política e seus ‘desenrolares’ virou clichê. Todo e qualquer espaço como este, espalhado pela imensa ‘blogosfera’ brasileira já tratou disso, com ou sem embasamento, destreza e autoridade. Dizer que o que acontece dentro do Senado, da Câmara e do Planalto é uma vergonha já é mais comum do que proferir um simples “graças a deus”. Balela, lero-lero, papo furado. De nada adianta. Nada se resolve. Nada muda.
Mas os acontecimentos dos últimos dias me deixaram, além de muito envergonhado – lógico, estupefatamente boquiaberto. Não pelo ocorrido em si, absurdo nenhum é novidade naquele pardieiro; mas sim pelo o que se pôde ouvir e captar de declarações de personagens envolvidos.
Quando do arquivamento das 11 denúncias contra José Sarney pelo Comitê de Ética do Senado, fui obrigado a ouvir o Delcídio Amaral (PT), quando perguntado sobre o resultado, dizer que a bancada acatou as orientações do partido, enviadas por carta do presidente Ricardo Berzoini a todos os parlamentares da legenda. E a orientação própria, não existe mais? Não. Não tem valor. Diferente mostrou-se Flávio Arns (PR), que, ao que de longe parece, ainda tem um mínimo de postura, visto que já enviou seu pedido de desafiliação ao PT. Digno, mas agora irão caçá-lo por infidelidade partidária.
Nesse mesmo episódio, desastroso, diga-se de passagem, o incrível Aloísio Mercadante, líder, disse (não sei se pela boca) que sua decisão de abandonar aquela pocilga era irrevogável. Sua palavra caiu após uma conversa com o presidente, o mesmo elemento que, no momento em que o coronel balançava feito vara de bambu, matou a ‘bola’ no peito e a dominou. Sempre foram muito amigos, não? Agora o cara ta lá mais firme do que nunca, mandando e desmandando, com a astúcia (sic) de sempre, naquele bando de boi.
No fim da semana anterior, o deputado de São Paulo, Antônio Palloci (PT), foi absolvido das denúncias de quebra do sigilo bancário do tal caseiro e pode novamente candidatar-se, por exemplo, ao cargo de governador de SP. O ministro do STF Marco Aurélio Mello, a favor da continuação da investigação – é bom frisar, disse que, apesar do resultado negativo (e apertado), cada ministro do Supremo “votou com a sua consciência”. É... agora a consciência encontra-se no orifício anal.
E em meio a essas audiências poderosas e falas de merda dignas de total desprezo - em um ambiente onde cobra criada canta de galo - a boa Marina Silva bateu em retirada do PT e afiliou-se ao Partido Verde (PV), muito provavelmente para concorrer à presidência nas próximas eleições (vejo com bons olhos, desde que Heloísa Helena não seja vice). E, numa reunião ‘especial’ feita na madrugada de quarta para quinta-feira passada, aprovou-se a criação de mais oito mil cargos de deputados. Agora a turma para reivindicar salários maiores cresceu significativamente.
Sem comando, sem vergonha, sem decência e sem o mínimo que se exige de uma nação. E vale lembrar que nós, o povo prejudicado, somos direta e totalmente responsáveis por isso. É o Brasil, um país de todos.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
A fantástica e inóspita razão de Aturdido da Palavra
Certa vez, já sabedor de suas especialidades, veio a seu encontro um senhor alvo, de olhos cerrados, barba de terceiro dia e palavrear não estranho. Era sua personalidade, carnificada, materializada, em pessoa pleonasticamente. Coeso de Nascimento (pseudônimo de Aturdido) vinha cobrar de seu descuidado as estórias que não mais vivia, mas apenas escutava. Silenciosamente atencioso, o rapaz meneava a cabeça ao concordar com sua figura dramática e apenas baixava os olhos quando do contrário.
No entanto, apesar do fato, Aturdido não estancava sua inércia. Continuava a não cursar sua individualidade. Estendiam-se suas não-estórias. Já velho, foi penosamente vítima do olvido, malefício corriqueiro às rugas. Assim, suas rendas começaram a se esfarinhar pela cabeça, cada canto do oco se escurecia apagando uma a uma as candeias de sua imaginação. Todo romance guardado em seu côco era subvertido, reestruturado, finalizado e, por fim, esquecido. E a cada rodada destas, agravadamente, Aturdido ia, miopimente, embaçando-se em direção ao nada. Verdugo, o tempo calhou de tomar seus dias, consumindo-o como um buraco-negro, degenerando-o como uma estrela. Escafedendo-o por completo.
Anos correram, pessoas, novas casas se erguiam a cada ruína, velhos, cachorros, crianças com mania de super-homem, cadeiras de balanço, silêncios noturnos, brigas, incoerências, invenções, imaginações e, ao final, todos sabiam da história do homem que desapareceu, tornando esta, a fábula de Aturdido da Palavra.