quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A intolerância de Hélio


Goiás e Flamengo se enfrentaram na última quarta-feira, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Não quero aqui desmerecer o grande jogo disputado, de cinco gols, que levou a equipe esmeraldina à vice liderança da competição e distanciou o Rubro Negro do G-4, mas minhas atenções se concentraram às declarações do treinador da equipe goiana, Hélio dos Anjos, antes mesmo da bola rolar: "Tenho ódio desses flamenguistas do interior de Goiás. Eles são uma vergonha, não tem identidade nem caráter para honrar a própria terra. Pelo contrário, vestem a camisa do Flamengo, ou de qualquer outra grande equipe de fora, e vão ao estádio torcer contra um time do seu estado. Na próxima quarta-feira vai ter um monte de flamenguista chato invadindo o campo, querendo tirar foto (com os jogadores do Flamengo). Eles que fiquem em casa, pois serão todos inimigos para mim", disse.

Antes mesmo de registrar minha opinião sobre a xenofobia de Hélio dos Anjos, cabe esclarecer que sou flamenguista e mineiro – muito provavelmente, a identificação com a situação tenha sido a principal motivação para a escolha da temática deste artigo. Porém, a intenção não é fazer aqui uma defesa do torcedor de um time que não é do seu estado natal - mesmo porque as declarações, de tão esdrúxulas e sem nenhum fundamento, por si só não merecem defesa. Parafraseando um nobre deputado brasileiro, tenho certeza que os goianos rubro negros, assim como eu, “estão se lixando” para a ira do treinador. Este artigo é, sim, um manifesto a favor da liberdade, da livre escolha, seja ela para se eleger um político, adorar um messias ou mesmo torcer para um time.

Não me sinto menos mineiro por torcer para o Flamengo. Da mesma forma como não me sinto menos brasileiro ao preferir o rock, especialmente britânico, a qualquer outro estilo musical. As preferências e identificações nem sempre vão de encontro ao que se está próximo e isso é uma condição humana. A tolerância deve sempre permear as relações, especialmente quando se trata de uma figura pública, que fala para milhões quando o microfone está ligado.

Um comentário:

  1. parafraseando o gênio romário, certas pessoas, quando caladas, assim como o pelé, são verdadeiros poetas. Ao menos, já é melhor que treinador de futebol de terceiro escalão.

    ResponderExcluir