segunda-feira, 29 de junho de 2009
Influenza A
domingo, 28 de junho de 2009
[Sem assunto]

por aqui as coisas andam em passos de caipora. Dia e noite minha cabeça pensa que pensa, mas me põe em um lugar inerte, no qual não sei qual será a solução disso... sei apenas que deve vir, a jato, a automóvel, a pé, no rastro do pensamento. Espero que por aí as coisas estejam melhor ou ao menos mais calmas. A serenidade daqui nunca é extensa, sempre vem acompanhada de uma angústia, um desprezo, um arrependimento. Certa vez me perguntei como resolver isto, como pôr fim em impulsos de morte do espírito tão fortes. Nunca consegui conclusão alguma. Imaginemos que sentir uma dor é o suficiente para saber que há de se ter cuidado para não embater sobre ela novamente. No entanto, apesar de tal aviso, a sentimos com maior e desorientamente mais força. Olhos traídos nunca mais enxergam a mesma imagem. Doravante ela é má, receosa, maquiavélica. A vida só é triste quando a sentimos de verdade. Só existe quando é a dor e não a felicidade que nos acomete. A felicidade é um barco que rema sempre em favor da maré, por isso não importa para onde vai, apenas acompanha. Contudo, a dor faz o caminho contrário, provoca e desafia nosso estado acomodado remando rio acima, rasgando a superfície da água com seus pedaços de madeira que questionam a legitimidade daquela correnteza. Não bastassem tais infortúnios, cancelamentos da alma, ainda me sinto só. Tristemente só. Encontro conforto em lugar onde havia o receio e a indisciplinaridade, a anarquia. Não pode haver anarquia em nenhum lugar. Nem na arte, em nenhuma arte, posto que num quixitim de lugar deva acontecer a ordem. É preciso a ordem para esclarecer a presença da desordem - e vice-versa. Procuro muitas vezes um conforto e segurança num porto que me trouxe a tempestade, a saraivada de água do alto. E isso me põe pra dentro, como se o peito voltasse contra si mesmo e se tornasse um buraco negro, um abismo imenso em que não se consegue encontrar nada. Como se, na tentativa de pescar com as mãos as agruras do espírito, estas fugissem, esquivassem por entre os dedos. A nau que antes me conduzia naufragou, pôs-se de bico às profundezas. O que me torna chulo, mesquinho, vingativo, é acreditar que tudo passa. Parece-me atitude omissa, covarde. Mas o que fazer quando o porto seguro é o seu algoz, quando quem dá o gelo é também quem lhe trouxe fogo, quando o choro, mais forte, é daquele que também provocou o riso, quando a confissão é com a própria besta? A solidão dói, mas é assim que se arqueia a construção da alma. Amigo, que sua resposta transcreva palavras tristes, mas que tragam felicidade, o pulo no vácuo que é a libertação. Um beijo carregado de incertezas e angústias, mas que espera vindouros dias de júbilo atravessados por uma consciência viva, que carrega em seu embornal a certeza absoluta do seu ato.
Um abraço afetuoso,
Paulo.
sábado, 27 de junho de 2009
de dentro
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Agonia
Do parto (ou de quando vem algo inesperado)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Da última vez que conversei com ele, na hora em que cheguei estava muito nublado. Encontrei-o concentrado, sentado próximo à sua vitrolinha ligada no noticiário. Estava fazendo um jogo de loteria, sua ‘fézinha’. Cheguei e como sempre disse: Ô gente boa! E ele respondeu bem alto: Ô gente boa!. Aliás, ele sempre grita ao cumprimentar. Começamos a falar sobre a chuva, que ele tanto adora. Diz que é o choro do céu.
Muito não se sabe sobre ele. Sabe-se apenas que ele mora por ali. Pelo o que se pode notar, parece que não foi homem de vida fácil. Certo dia me disse que nunca teve luxo. Mas isso era facilmente perceptível; sua - hoje - velha fisionomia sofrida entregava. Disse-me também que não teve luxo porque Deus já tinha lhe dado a alegria de viver feliz. Vai ver ele não quis abusar da boa vontade divina.
Como já era sabido, a chuva começou a cair forte. Ajudei-o a colocar tudo debaixo da marquise e quando reparei, alguns dos copos que ele mesmo fabrica ficaram na chuva. Quando falei que ia buscá-los ele disse não. Eu, curioso, quis saber o motivo. E ele falou que após a chuva sempre recebe visitas. Fiquei calado, sem graça por não ter entendido. Então, ele continuou: É feio não dar de beber a quem o visita. Tome, beba. São lágrimas de céu.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Eclipse

O curioso caso da porta invisível

sábado, 20 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Macilência

Os pensamentos que me incomodam a respeito daquilo que eu acho que deveria acontecer, mas não acontece, eu tento, com algum sucesso, espantar com bom humor.
E aquilo que o oposto da razão persiste em me dizer eu tento fingir que não escuto, pelo simples medo de me arrepender.
Do alto de onde eu vejo o meu dia terminar, nada mais me parece tão gracioso; apesar do fosco da penumbra tomar conta dos contornos da rua, dando a impressão de sombra incompleta.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Somos todos cozinheiros

É impossível não se horrorizar perante a decisão do STF, presidido pelo graduado ministro Gilmar Mendes, que, ao fim da novela, decidiu por derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da função. O que vai acontecer é que o mercado – pardieiro fétido – vai ficar mais lamacento, porém, com a novidade de uma camada emergente: os não-diplomados super qualificados que, obviamente, existem.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Eu também tenho uma coluna inaugural

Dá até pra comentar...
O calo na garganta de Simonal

Digo também no presente, pois atualmente não temos mais intérpretes, tanto de suas músicas quanto das dos outros. É um cacareco sonoro contínuo, irrefreável e, pior, vigente. Acrescente-se a isto um pequeno pormenor: voz “limpa”, extremamente técnica e com timbre agradável não são unívocos de qualidade interpretativa. Vide Jackson do Pandeiro, Noriel Vilela, Baden Powell, Bezerra da Silva, Adoniran Barbosa, Cartola, que não teriam uma “sonoridade acadêmica” e seria impensável, quase um sacrilégio, se estes a tivessem. Todavia, entrecortado por todos esses aspectos técnicos vibratórios que dominava (como “dedura” o filme), Simonal se diferencia, até hoje, de uma matilha de vozes.
Visto isto, é notório que críticos – leia-se quase palpiteiros – promovessem uma querela sobre tal caso, intentando construir uma reflexão velada sobre seu envolvimento com a direita-esquerda que aquela década vivia. Que Simonal era um enfermo cerebral não se contesta. Afinal, envolver-se com qualquer um dos lados dicotômicos daquele período já era achaque suficiente para qualquer um, oxalá não se manifestar. Talvez por sua ignorância política, talvez por sua candura pueril (não menos estúpida), o cantor foi boicotado por redes de televisão, rádios, jornais, casas de espetáculo, gravadoras e até mesmo amigos – haja vista a maior alcoviteira da música popular brasileira, Nelson Motta.
A respeito de enquadramentos de câmera e trilha sonora que sugeririam atmosferas opressoras (em Toni Tornado), garbosas (em Chico Anísio) ou cúmplices (em Simoninha e Max de Castro) que alguns blogs postaram - O Biscoito fino e a massa e Samurai no outono -, concordo plenamente sob o aspecto técnico. Tais recursos são e foram estudados servindo de tese, inclusive, para vários pesquisadores e teóricos. Mas se foram utilizados com esse intuito, cumpriram sua função. Afinal, imensamente agradecido, colho ramos e deslumbres para um documentário que se vale de tais recursos, posto que, ao que parece, filmar uma não-ficcão deve ser algo cru, insosso imageticamente como os filmes e escola de Eduardo Coutinho – que só são maravilhosos porque são filmados por ele. Mas ainda assim é raso para ostentar que isto é que faz do longa um resgate positivo de Simonal, como tantos blogueiros/críticos ressaltam.
Se existe algo de recuperação da imagem, de resignação na película, isso é estraçalhado perante as imagens do músico no fim da carreira. Magro, decadente, com uma voz irreconhecível, Simonal desperta sim interesse de uma provável atual mídia ao aparecer (de programas como o do Ratinho, por exemplo). A visão caquética, moribunda de um homem que regia um coral de 50 mil pessoas no Maracanãzinho é estupenda, vociferante, arrebatadora com força de tempestade ao tombar o barco de uma crítica forçosa, algo como uma verborragia com potencial de nova língua para confundir as cabeças babilônicas de um leitor desavisado que, ainda hoje, guia seu temperamento opinativo pendurando-se em estruturadas frases – quase neologísticas – de alguns formadores de opinião.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Minha coluna inaugural

A área esportiva - o futebol em 95% dos casos - aparece logo como o principal ensejo. O tema, além de paixão desde criança, guiou minhas escritas em quase cinco anos de colunista do hoje natimorto portal ‘O Binóculo’. Mas por isso mesmo talvez tenha já enchido o saco, ao menos de escrever a respeito.
A cultura sempre me provocou. O cinema, forte em mim, me fez um jornalista cinéfilo frustrado, pois de mim nunca saiu uma nota a respeito da sétima arte. De toda forma, em ‘O Binóculo’, procurei sempre abordagens que não ficassem restritas às quatro linhas, mas que transitassem pela cultura e, principalmente, por uma própria análise do jornalismo esportivo.
Por fim, o Meio Ambiente, não só uma preocupação recente mundial, mas meu ganha pão nos últimos dois anos, apresenta-se quase como uma imposição, uma obrigação para quem tem grandes aspirações nessa área que, não só prospera, como também é profundamente apaixonante.
E, já nessa edição inaugural, acabo não falando de nada, além de um monte de indefinições, dúvidas e inseguranças. Quem sabe está aí o caminho.
Oblongo feito ataúde

E é dessa maneira que você se apresenta para mim. Não falo isso por conta do sentimento que alimento por você e que agora me saltou aos olhos e ao coração. Falo por conta do que sempre cultivei, desde longínquos tempos. E isso pode até explicar a paixão fácil que me bateu. Sempre, mesmo que distantes, tive muito carinho por você. És querida. E não note nisso uma manifestação de insegurança; apesar de, confesso, senti-la vez ou outra. Quis apenas tornar fato consumado tudo isso que eu penso.
Numa fase de mudanças e reestruturações, você trouxe de volta pra dentro de mim uma sensação que há muito, mas muito tempo, eu não desfrutava. Algo com um efeito que de certa maneira é inédito. Não sou capaz, ainda, de definir com palavras firmes, mas, apesar de seguir as linhas retas da minha mão direita, também gosto de seguir as tortas da mão esquerda.
Isso tudo me confunde, me alegra e me amedronta. Quero você de um jeito só meu. Quero te proteger, mesmo que você não precise. Quero te namorar, mesmo que você ainda não tenha feito a sua cabeça. Eu quero te fazer feliz, tornar seus sonhos mais (ou um pouco mais) palpáveis. Sei que a tempestade de palavras que estou lhe dizendo chove violenta sobre o mar revolto da sua vida. Mas pode ser violenta da mesma forma quando cair sobre o caminho do arrependimento que cruzaria o meu destino caso eu não lhe dissesse nada. Embora os ventos de mudança estejam trazendo entusiasmo e fogo, entendo que você não veja as coisas como eu vejo. Mas eu nunca faria você errar e não há nada que eu não faria pra te deixar sentindo a mesma coisa que eu.
Pessoas são mesmo diferentes, mas, sem fazer menoscabo de nada, podem [até] perecer unidas. Quero você, solidão...