quinta-feira, 11 de novembro de 2010
As cores, aromas e formas
Welcome genius!
Já é mais do que público e notório que Sir Paul McCartney já fez e ainda fará shows aqui em nossas terras tupiniquins neste mês. Já fazia um bom tempo desde a sua última estadia aqui, em 1993, e a legião de fãs saudosa já não aguentava mais esperar. Este que vos fala ainda mais. Fã confesso, ainda era muito jovem em 93 e por isso não tive a oportunidade de ir conferir o gênio ao vivo. Desta vez, já estou lá.
Garimpando velhas pastas de arquivos antigos, achei uma crítica que escrevi ainda na faculdade de Jornalismo, para a disciplina de Jornalismo Cultural, em 2005. Paul McCartney tinha acabado de lançar seu penúltimo disco "Caos and Creation in the Backyard" e eu me lembro que fiquei abismado com tanta qualidade; e já fazia um bom tempo que o Macca não lançava um belo disco.
A crítica é repleta de parcialidade, vícios acadêmicos e algumas 'cruezas' de estilo. Todavia, segue abaixo para apreciação e para tirar um pouco desta tonelada de poeira que estacionou por aqui.
Não seria audácia nenhuma dizer que Chaos and Creation in the Backyard é o melhor trabalho solo de Paul McCartney. Lançado esse ano, o disco é um marco na brilhante carreira do artista. Sucesso de crítica, o vigésimo trabalho solo de Paul, gravado em Londres e Los Angeles nos últimos dois anos, traz treze canções inéditas, todas escritas e compostas por ele.
No álbum, Paul McCartney toca a maioria dos instrumentos, assim como fez em seu primeiro trabalho solo, McCartney, de 1970. Sua banda de apoio toca apenas em uma das músicas do disco, intitulada Follow Me. Quem leva os créditos da produção é Nigel Godrich, renomado produtor inglês que já trabalhou com nomes como Radiohead e Travis, por exemplo.
Paul McCartney vinha sendo alvo constante dos críticos por fazer muitos discos lentos, românticos, melosos; que acabavam por ficar sem brilho. Chaos and Creation in the Backyard é a superação no que diz respeito a essa questão. Não que o disco seja mais rápido, socado ou hard; pelo contrário. É lento, romântico, recheado de baladas, mas é leve, bonito e inovador.
Uma combinação de lindas letras que falam de amor, amizade, paixão e desejo, arranjos perfeitos, linhas harmoniosas sem erros, orquestração de primeira categoria e uma parte instrumental impecável; com direito a flauta block, harmônio e flügelhorn, instrumentos novos trazidos por Paul. Com alto nível de qualidade poética, traz uma mistura de clássicos empolgantes de piano de McCartney e faixas mais introspectivas. A impressão que dá é que cada nota tirada dos instrumentos é uma resposta às palavras cantadas. A voz de McCartney, apesar de ele ter passado dos sessenta anos de idade e de ter fumado inúmeros cigarros em uma vida que conheceu os excessos da década de 1960, continua incrivelmente suave, macia, forte e ainda contando com os famosos falsetes que, com maestria, não desafinam.
O que faz Chaos and Creation in the Backyard ser o melhor disco de Sir Paul e um sucesso de crítica é o fato de lembrar, e muito, uma época de ouro de sua vida. O álbum remete à fase final dos Beatles e ao começo de sua carreira solo, em 1970. Mas McCartney ainda faz um resgate de outras épocas da extinta banda, e isso é facilmente perceptível. Ao escutar o disco nota-se facilmente que algumas músicas são parecidíssimas com as dos Beatles. Por exemplo, English Tea parece ter saído do White Album e Fine Line tem a mesma levada soberba de Lady Madonna. O próprio Paul McCartney descreve Jenny Wren como sendo “a filha de Blackbird”, um dos maiores clássicos dos Beatles. Ele também resgatou algumas coisas da sua fase com o Wings, banda pós-Beatles, que contava com a participação de sua falecida mulher Linda McCartney nos pianos e backing vocals e de um de seus filhos nas guitarras. Um exemplo é a música A Certain Softness, que segue a linhagem de Bluebird, do disco Band on the Run, do Wings.
De fato, todo esse processo solitário de composição ao qual Paul McCartney se submeteu valeu a pena. Paul conseguiu sair de sua pior fase, que eclodiu em 1993 com o fraquíssimo Off The Ground. Por vezes, Paul fez jus a sua história com trabalhos de alta qualidade. Porém, em outras ocasiões, mais especificamente nos últimos anos, o peso da “herança Beatles” pode ter sido demais para ele.
De acordo com o próprio artista, o êxito se deu graças a uma única fórmula: respeitar o passado e, ao mesmo tempo, livrar-se dele. Além, é claro, da contribuição do produtor Nigel Godrich.
O disco se alterna em dois momentos: o de introspecção e o de liberdade. A introspecção surge quando se nota o predomínio do trabalho de Godrich, marcado sempre por um clima carregado, com sons e arranjos não convencionais, como frisou a revista Rolling Stone. Já a liberdade aparece quando a mão de Paul se mostra mais presente, com melodias e arranjos inspirados.
Enfim, ouvir Paul McCartney cantando como se ainda fosse um beatle talvez seja a melhor coisa que Chaos and Creation in the Backyard nos proporciona.
Ficha Técnica
Ano: 2005
Gênero: Clássicos do Rock
Procedência: Nacional
EMI; ASIN: 094633795921
Faixas
1. Fine Line
2. How Kind of You
3. Jenny Wren
4. At the Mercy
5. Friends to Go
6. English Tea
7. Too Much Rain
8. A Certain Softness
9. Riding to Vanity Fair
10. Follow Me
11. Promise to You Girl
12. This Never Happened Before
13. Anyway
domingo, 17 de outubro de 2010
A ponte dos dois arcos
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Stand Up Comedy Eleições 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A condição constitucional

Evidentemente que todas estas situações são extremamente fáceis de serem resolvidas. Mas apenas o constrangimento que pode ser causado por elas já é característica execrável de qualquer processo democrático. Se uma democracia é o regime em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos, direta ou indiretamente, estes também deveriam ter o direito de não votar, posto que isto já seria uma manifestação política. E digo não votar como o não comparecimento à zona eleitoral sem nenhuma punição futura.
Parece-me que a Constituição democrática, conseguida pelas Diretas Já!, apenas reforça o apontamento de que somos induzidos a seguir com as situações vigentes, tendo nossos direitos de protestar, requerer e cobrar satisfações sendo transmitidos à orgãos particulares, como a televisão, o rádio, os jornais, em suma a mídia que transborda nossas cabeças com informações desconexas e muitas vezes omissas diante de interesses escusos de formatação da notícia. E nós, claro, patentiados e registrados por uma credibilidade burra que confiamos a estes mecanismos, apenas nos resignamos ao pensamento recluso, em mesas de bar, que apenas resultam, muitas vezes, em uma dolorosa ressaca (moral e alcoólica).
Não entendo como a obrigação em votar deve ser tomada como algo "bom" por nossos antecessores que, apesar de corretos e históricos, deixaram para nós o pequeno detalhe da intolerância eleitoral. Acompanhando os debates, principalmente pela televisão que, apesar de tudo, é o único lugar em que se vê e ouve o candidato no instante em que este se pronuncia, sem maquiagens, montagens ou arremedos de marketing dilmísticos, percebo que a triste notícia é: não há em quem votar.
E este discurso inclusivo de atinar para "exercer o meu direito" é tão ou mais piegas do que dizer que o Tiririca é analfabeto - engodo desesperado dos literatos sem voto - ou que o Serra é parente próximo do Mr. Burns. Se o comediante (o Tiririca) o é ou o fosse, isto não lhe retiraria o direito de se candidatar. Se ganhar e não souber assinar seu próprio nome na ata de posse, daí é outra história.
E para os pessimistas, os otimistas, os revolucionários, os militantes fervorosos que ainda acreditam em ideologias partidárias, oriento que não vai haver nenhuma mudança drástica em nossa economia, nossa legislação ou Constituição - mesmo com a vitória do octogenário líder da juventude Plínio de Arruda Sampaio. O que veremos serão atitudes austeras que apenas nos arrastarão por mais quatro anos até a eleição presidencial de 2014, a ser vencida, bem provavelmente, por Luís Inácio.
Assim, votarei nulo. Sem remorso, pensamento anti-cidadania ou complacência ideológica com estes idiotas que picham "vote nulo" e nem sabem os nomes dos candidatos. Atestar que isto é alienação é tão estúpido quanto os próprios eleitores que votam por obrigação. Isto representa apenas uma escolha legal, de um cidadão que não percebe perspectivas nas propostas apresentadas. E a este direito, reservo-me como atuante e efusivo representante do processo eleitoral brasileiro.
obs: para os demais cargos, ainda estou a especular.
domingo, 19 de setembro de 2010
O exílio

Se esgueirava feito fumaça entre contornos tortos dos olhos dele que miravam ela feito harpia em busca da presa e que, facilmente, não sentiria falta do odor característico do líquido negro que escorre pelo bule na cozinha e que ele ainda não percebeu surgindo, posto que o cheiro rondasse a copa e não tinha pernas para alcançar, por enquanto, o outro ambiente. Acomodou-se vagarosamente no canapé com o cuidado equivalente a uma pena, mas que ela, traiçoeira que só, fingia não notar quando ele rubrou sua camisa nos respingos do teto que pintavam de forma estranha e escandalosa o encosto das costas, contudo sendo ele sempre distraído também não perceberia suas risadas traquinas, mesmo que por pouco tempo, pois respingara também seu rosto no dito ato. Ao sentir o frio pelas costas, imaginou água e de súbito se pôs de pé em ação envergonhada, não menos que ela tentando esconder também suas manchas atrás dos cabelos cobre encaracolados.
Ela, do altar de sua escada, fingiu-se desavisada e pouco interessada embora bastante nos atos que ele executava enquanto se deliciava em vê-la entre ele e seu par de sapatos que estavam exatos de quando se foi. Que ela executava com pouca perfeição se importava, mas que sabia que ele, ao vê-la no trato delicado com as paredes dos dois, não se molestaria, senão que gozo, ao ver declinar lentamente cada degrau de sua recente obra artística que agora ele percebia na esquina do teto, ainda que discretas, de suas iniciais que existiam há pouco graças às pinceladas perfeitas de sua grafia.
Ainda um tanto desconcertados pela situação, esgueiravam-se um do outro reatando a velha ocasião que constantemente o acometia durante os anos todos que ela o aguardava na esperança manca de um dia voltarem a se ver novamente tornando este o instante mais casual de todos. Miraram-se inicialmente pelos olhos, correndo com os mesmos pelo corpo um do outro negligenciando o tempo que havia consumido, ainda que de forma branda, as formas hoje nem tanto lineares ou mesmo interessantes para que despertassem em qualquer transeunte um desejo fetiche de possuir suas carnes mas que em seus casos eram mais lindos pois carregavam suas histórias.
Colheu-a em seus braços, lançou-se pelos olhos dele, torneou sua cintura, roçou sua pele lisa sobre a barba mal-feita, inspirou seu exalar característico, sentiu medo dele não reconhecer seu cheiro, passou os dedos por entre seus raros cabelos, largou o pincel, manchou sua camisa, não importou-se, romperam-se pela casa desafiando os espaços, arrastaram coisas pelo trajeto, voltaram a acostumar-se.
E ambos permaneceram em silêncio diante da natural falta de assunto que acomete dois quando há anos não se veem.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
"À Prova de Morte" (ou de paciência)

Para os desavisados, a homenagem pode passar despercebida e tais elementos utilizados como "linguagem" podem mais parecer defeitos técnicos na película que está sendo vista, ou seja, não intencionais. O roteiro simplório, não escolhe o modelo desarticulado e curioso de seus filmes anteriores. Tampouco explora uma montagem não linear, em mosaico, que induz o espectador a montar o mesmo/outro filme em sua cabeça.
Com três anos de atraso, "À Prova de Morte" tem todas as peculiaridades tarantinescas: diálogos longos (embora tediosos); cenas de ação (visíveis por vezes, repetitivas por muitas outras, mas espetacular e genial em uma específica); situações inusitadas e um elenco mesclado entre atores conhecidos como Kurt Russel e outros quase nascidos do suvaco, como Vanessa Ferlito.
Com quase duas horas de duração, espera-se, na sala de cinema, que algo aconteça ou que surpreenda o já fatigado e cansativo acompanhamento da obra. Vide "Bastardos Inglórios" que transcorre normalmente e, em determinados momentos, arrebata o espectador com novidades redivivas, mesmo que chegue quase que limiarmente entre o mesmo e o novo.
Assim, "À Prova de Morte" é o único longa dispensável na obra genial de Quentin que, apesar de ser do (ex)inovador diretor, é mais chato que carrapato no saco. Esperem sair em DVD, comprem pirata, baixem da Internet. Ir ao cinema é perda de tempo.
obs: se forem, assistam "Tudo Pode Dar Certo", de Allen.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Um Dia de F(úria)eira
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Fest'Afro Brasil
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Aqui não!

Todavia, o foco é
Trata-se de uma carta escrita por João Ubaldo Ribeiro a Fernando Henrique Cardoso, através de sua coluna no O Estado de São Paulo, quando da primeira vitória do tucano nas eleições presidenciais. Tive acesso a essa carta através do site da revista Carta Capital, em um texto do jornalista Leandro Fortes, que guardou essa carta esperando o dia em que FHC pleiteasse uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, uma vez que este mote também foi abeirado na carta de João Ubaldo, há 12 longínquos anos atrás.
Confiram no texto, que segue - na íntegra - logo abaixo. Vale a pena ler até o final.
Senhor Presidente – João Ubaldo Ribeiro
25 de outubro de 1998
Senhor Presidente,
Antes de mais nada, quero tornar a parabenizá-lo pela sua vitória estrondosa nas urnas. Eu não gostei do resultado, como, aliás, não gosto do senhor, embora afirme isto com respeito. Explicito este meu respeito em dois motivos, por ordem de importância. O primeiro deles é que, como qualquer semelhante nosso, inclusive os milhões de miseráveis que o senhor volta a presidir, o senhor merece intrinsecamente o meu respeito. O segundo motivo é que o senhor incorpora uma instituição basilar de nosso sistema político, que é a Presidência da República, e eu devo respeito a essa instituição e jamais a insultaria, fosse o senhor ou qualquer outro seu ocupante legítimo. Talvez o senhor nem leia o que agora escrevo e, certamente, estará se lixando para um besta de um assim chamado intelectual, mero autor de uns pares de livros e de uns milhares de crônicas que jamais lhe causarão mossa. Mas eu quero dar meu recadinho.
Respeito também o senhor porque sei que meu respeito, ainda que talvez seja relutante privadamente, me é retribuído e não o faria abdicar de alguns compromissos com que, justiça seja feita, o senhor há mantido em sua vida pública – o mais importante dos quais é com a liberdade de expressão e opinião. O senhor, contudo, em quem antes votei, me traiu, assim como traiu muitos outros como eu. Ainda que obscuramente, sou do mesmo ramo profissional que o senhor, pois ensinei ciência política em universidades da Bahia e sei que o senhor é um sociólogo medíocre, cujo livro O Modelo Político Brasileiro me pareceu um amontoado de obviedades que não fizeram, nem fazem, falta ao nosso pensamento sociológico. Mas, como dizia antigo personagem de Jô Soares, eu acreditei.
O senhor entrou para a História não só como nosso presidente, como o primeiro a ser reeleito. Parabéns, outra vez, mas o senhor nos traiu. O senhor era admirado por gente como eu, em função de uma postura ética e política que o levou ao exílio e ao sofrimento em nome de causas em que acreditávamos, ou pelo menos nós pensávamos que o senhor acreditava, da mesma forma que hoje acha mais conveniente professar crença em Deus do que negá-la, como antes. Em determinados momentos de seu governo, o senhor chegou a fazer críticas, às vezes acirradas, a seu próprio governo, como se não fosse o senhor seu mandatário principal. O senhor, que já passou pelo ridículo de sentar-se na cadeira do prefeito de São Paulo, na convicção de que já estava eleito, hoje pensa que é um político competente e, possivelmente, t em Maquiavel na cabeceira da cama. O senhor não é uma coisa nem outra, o buraco é bem mais embaixo. Político competente é Antônio Carlos Magalhães, que manda no Brasil e, como já disse aqui, se ele fosse candidato, votaria nele e lhe continuaria a fazer oposição, mas pelo menos ele seria um presidente bem mais macho que o senhor.
Não gosto do senhor, mas não tenho ódio, é apenas uma divergência histórico-glandular. O senhor assumiu o governo em cima de um plano financeiro que o senhor sabe que não é seu, até porque lhe falta competência até para entendê-lo em sua inteireza e hoje, levado em grande parte por esse plano, nos governa novamente. Como já disse na semana passada, não lhe quero mal, desejo até grande sucesso para o senhor em sua próxima gestão, não, claro, por sua causa, mas por causa do povo brasileiro, pelo qual tenho tanto amor que agora mesmo, enquanto escrevo, estou chorando.
Eu ouso lembrar ao senhor, que tanto brilha, ao falar francês ou espanhol (inglês eu falo melhor, pode crer) em suas idas e vindas pelo mundo, à nossa custa, que o senhor é o presidente de um povo miserável, com umas das mais iníquas distribuições de renda do planeta. Ouso lembrar que um dos feitos mais memoráveis de seu governo, que ora se passa para que outro se inicie, foi o socorro, igualmente a nossa custa, a bancos ladrões, cujos responsáveis permanecem e permanecerão impunes. Ouso dizer que o senhor não fez nada que o engrandeça junto aos corações de muitos compatriotas, como eu. Ouso recordar que o senhor, numa demonstração inacreditável de insensibilidade, aconselhou a todos os brasileiros que fizessem check-ups médicos regulares. Ouso rememorar o senhor chamando os aposentados brasileiros de vag abundos. Claro, o senhor foi consagrado nas urnas pelo povo e não serei eu que terei a arrogância de dizer que estou certo e o povo está errado. Como já pedi na semana passada, Deus o assista, presidente. Paradoxal como pareça, eu torço pelo senhor, porque torço pelo povo de famintos, esfarrapados, humilhados, injustiçados e desgraçados, com o qual o senhor, em seu palácio, não convive, mas eu, que inclusive sou nordestino, conheço muito bem. E ouso recear que, depois de novamente empossado, o senhor minta outra vez e traga tantas ou mais desditas à classe média do que seu antecessor que hoje vive em Miami.
Já trocamos duas ou três palavras, quando nos vimos em solenidades da Academia Brasileira de Letras. Se o senhor, ao por acaso estar lá outra vez, dignar-se a me estender a mão, eu a apertarei deferentemente, pois não desacato o presidente de meu país. Mas não é necessário que o senhor passe por esse constrangimento, pois, do mesmo jeito que o senhor pode fingir que não me vê, a mesma coisa posso eu fazer. E, falando na Academia, me ocorre agora que o senhor venha a querer coroar sua carreira de glórias entrando para ela. Sou um pouco mais mocinho do que o senhor e não tenho nenhum poder, a não ser afetivo, sobre meus queridos confrades. Mas, se na ocasião eu tiver algum outro poder, o senhor só entra lá na minha vaga, com direito a meu lugar no mausoléu dos imortais.
Os anos passam e as coisas não mudam. E mais um desqualificado está próximo de conseguir um posto na ABL. Não que se trate de uma nobre 'abadia'. Nunca foi e, provavelmente, nunca será, apesar dos grande nomes que lá já estiveram, estão e ainda estarão, como bem frisou Leandro Fortes. Mas também não precisa beirar o ridículo. Ao menos, FHC terá um forte adversário na luta pela cadeira: o astuto Ziraldo Alves Pinto. E, obviamente, nosso magnífico João Ubaldo e sua forte alma sempre viva.
Quem quiser ver o post original no blog do Leandro Fortes é só clicar aqui. E que categoria a de João Ubaldo, hein!?
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Aquilo que vi sobre aquilo que ainda não vi

Como sempre, essa lista não tem ordem de qualidade entre os filmes, apenas os lista feito receita de bolo ou "nome na porta".
- Ilha do Medo - Martin Scorsese
- O Segredo de Seus Olhos - Juan José Campanella
- Fita Branca - Michael Haneke
- O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus - Terry Gilliam
- Invictus - Clint Eastwood
- Um Homem Sério - Joel e Ethan Cohen
terça-feira, 13 de julho de 2010
For those about to rock, we salute you!
E é só isso. "It´s only rock and roll. But I like it."
sábado, 10 de julho de 2010
Sobre a vida, barrancos e solavancos

Descobriu a pequenez do ser terráqueo, humano, bem ilustrada nas palavras de Douglas Adams que, resumidamente, o dignificou – segundo relatos de seus mochilões pela galáxia - como algo inferior a praticamente tudo.
E chegou a essa conclusão porque está neurótico. Tenta não se lembrar daquilo que lembra sempre, mas tentar não lembrar é nada. Suporta negativizando as coisas, pois assim facilita o desapego dos sentidos.
É tudo isso um jogo de reflexos cerebrais, pode acreditar. Cérebro e coração juntos, cabines de controle que, em tempo certo, agem para consertar impulsos sólidos um do outro.
Cicatrizes serão sempre as mesmas cicatrizes, pensa João Página Planta. Vá-se embora da minha cabeça, pensou mais uma vez.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
La Máfia SoundPro

É uma investida que promete e que vale a pena ser conferida, sempre que possível. Domingo próximo é possível. Ainda mais sendo que outros dois grandes acontecimentos ‘dar-se-ão’ no mesmo dia. O La Máfia SoundPro dividirá a responsabilidade pelo embalo musical com a banda More Beer, que, apesar de executar covers de bandas incríveis, faz isso de uma maneira muito peculiar. Escolhem grupos astutos e não muito difundidos e as músicas executadas são escolhidas com categoria. Basta vê-los para confirmar essa minha afirmação. Eles realmente mandam muito bem.
Além dessa honra, dia quatro de julho será também o dia de comemorar
É isso. Atenção. Mais informações no flyer acima. Compareçam!
sábado, 19 de junho de 2010
O poeta do romance (ou de quando se fez nova escrita)

Laçam de pronto o instante, a melodia do acaso
Roçam e não se cansam de roçar o agora
Certos olhos podem ver além do olho
Ultrapassam a barreira do físico
Atravessam a íris feito lança
Certos olhos compõem
Ditam versos para as mãos
Na esperança de serem transcritos exatamente
Certos olhos lambem o horizonte
Acariciam as cores pela palavra
E fazem troça de que não existe nada além
Certos olhos se arremessam na amplidão
Rodopiam em sua própria órbita
Avançam de ímpeto
E de algo fica aquilo:
Certos olhos não podem ser fechados
José Saramago
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Sobre personagens e nós mesmos

Trata-se de pessoas comuns de meia idade que acreditam já ter vivido mais da metade do que tinham para viver e desperdiçaram boa parte desse tempo. Duncan, Annie e Tucker Crowe. Não são grandes exemplos, mas quem é? São exemplares comuns e contemporâneos do mundo em que vivemos. São amargos, rudes e nada pudicos. Mas são incrivelmente cativantes. Divertem e incitam reflexões que, ao menos no meu caso - após a digestão, me foram muito úteis. Enxerguei-me na pele daqueles que não se sentem capacitados de mudar o curso monótono da vida que levam, seja por já estarem acostumados a esse modo de viver ou por medo de as mudanças darem errado. Ou, ainda, por não terem o que fazer. Não importa.
Sentado na areia, me pus a pensar sobre personagens, pessoas e suas múltiplas faces. Antes, quando ainda transitava pelas estradas do recorte leste do litoral fluminense, já tinha chegado à conclusão de que gosto mais daquelas pessoas que não precisam de tudo 100% para se sentirem bem e vivas. Não se trata de conformar-se com uma vida mais ou menos e defenestrar esforços engrandecedores; longe disso. Mas o lance é fazer o melhor com aquilo que se tem e aceitar que a vida não passa de um simples romance cheio de clichês. Por hora dramático ou cômico. Noutras vezes mudo ou horrendo. Quase sempre tragicômico e melodramático. Grave e agudo.
Para falar mais um pouco do livro, mesmo que isso aqui não pretenda ser uma resenha, há de se salutar a incrível habilidade de Hornby em construir narrações perfeitas, amarradas e que retém totalmente a atenção, mesmo numa obra que parece ter sido dividida em duas partes: Duncan/Annie e Annie/Crowe; cada uma com um viés e uma pegada distinta. Incrível! Obviamente, como é característico do autor, a música e a proximidade para com o leitor são traços marcantes também nesse escrito.
Nick Horby se destaca por retratar o tempo corrente magnificamente. A cadência particular e a construção polivalente de períodos agregam valores. Continuo preferindo o Alta Fidelidade (1995), mas que belo livro é o Juliet, Nua e Crua: uma trama bem montada, com elementos que atraem e prendem a atenção e que levam a pensar os atos de cada personagem por menores que sejam, fazendo com que nos fixemos na história e entendamos os anseios de suas personagens, muitas vezes semelhantes aos nossos.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Rio das Ostras Blues & Jazz Festival

terça-feira, 1 de junho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Cultura em pauta e em risco
Todos os envolvidos repudiam o posicionamento da Secretaria de Estado de Cultura ao acatar uma interpretação equivocada da Lei Eleitoral e descontinuar ações fundamentais para o desenvolvimento social e cultural do Estado. Reivindicam a continuidade dos projetos, uma vez que eles não apresentam quaisquer possibilidades de interferência no pleito eleitoral, como reza a Lei em questão. Reivindicam também a estruturação de uma política de Estado para o setor cultural, com a devida formalização dos atuais programas específicos de cada setor, como o Cena Minas, o Filme em Minas e o Música Minas com dotação orçamentária própria.
É realmente frustrante esse cenário no qual verbas destinadas a programas culturais estão emperradas por conta de restrições do TSE e entraves burocráticos locais. A iniciativa de promover uma reunião organizada é excelente, na medida em que se trata de um quadro grave e com inúmeros imbróglios dos quais nascem mais problemas ainda e que nós nem sonhamos em saber de tudo. Uma vergonha, sem tirar e nem por mais nada.
Bom seria se aqui fosse como em Rio das Ostras, donde a Prefeitura, desde 2003, criou e oficializou o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival no calendário oficial de eventos da cidade. Bons exemplos não são apenas para serem admirados!
Portanto, a quem interessar possa:
Onde: Jardins Internos do Palácio das Artes
Quando: Segunda-feira dia 31 de maio a partir das 19h
Fórum da Música de Minas
Entidades do Setor Mineiro do Audiovisual
Fórum Nova Cena
MTG - Movimento de Teatro de Grupo
Fórum Mineiro de Fotografia Autoral
Pontos de Cultura
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Dá série: "Nerds também são bacanas"(ou "Vídeos Legais são sempre bem vindos")
segunda-feira, 10 de maio de 2010
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Se um dia eu Chico fosse
sexta-feira, 23 de abril de 2010
A espera (ou à espera)

segunda-feira, 19 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Uma carta (ou sobre Clarice Lispector) [ou viva a Ucrânia!]

Ass: J.P.P.
segunda-feira, 12 de abril de 2010

A partir de agora, o resultado de um dos meus passatempos prediletos poderá ser conferido na Rádio Rock Puro, uma rádio on-line que executa o rock mais honesto da web e que ainda possui uma seleta lista de colunistas e colaboradores, que complementam o site com textos bem interessantes. Para quem gosta do gênero, é um prato bem cheio. A minha coluna já está no ar e, muito honradamente, colaborarei com alguns textos sobre as bandas que eu gosto ou outras peculiaridades sobre este universo musical.
A Rádio Rock Puro é um projeto muito bacana do produtor Sérgio Avellar, que desenvolve um trabalho muito legal; um trabalho de resgate e divulgação de grandes nomes do rock, conhecidos ou não. Quem é assinante passa a ter acesso a um conteúdo exclusivo e muito bem organizado pelo Dinossauro. Vocês podem estar se perguntando quais os motivos para pagar por uma rádio on-line, tendo em vista a facilidade para se encontrar inúmeras rádios gratuitas pela rede afora ou ainda quando se tem a possibilidade de fazer downloads de qualquer coisa sem maiores problemas.
Eu lhes respondo com o seguinte: se o preço a ser pago pela assinatura fosse algo exorbitante, eu concordaria. Mas não é. Para quem é fã, o investimento vale a pena. A grade é repleta de programas organizados por temas, especiais de primeira, um acervo de qualidade recheado de raridades, informativos semanais, etc. Além dos textos para completar, que você pode ler enquanto aprecia o conteúdo da rádio. Enfim, eu gosto bastante e recomendo-lhes. É possível fazer um “test-drive” através de um cadastro temporário. Através dele você poderá ter acesso a tudo que a rádio tem para oferecer.
Não é possível explicar todo o projeto por aqui. Mas para saber mais sobre tudo o que a rádio oferece, clique aqui. Siga a Rádio Rock Puro também no Twitter.
quarta-feira, 31 de março de 2010
Da passagem (ou sobre mais leros-leros)
É chegada também a Páscoa! A festa do coelho ovíparo que representa a ressurreição do filho de uma virgem que engravidou de uma pomba branca e que é ao mesmo tempo o pai e o filho. Total nonsense, não?
Em comemoração a tudo isso e mais um pouco, abraço-lhes com este incrível vídeo, de uma teatralidade fenomenal e com atuações irrepreensíveis. Aí vai o petardo juvenil: e se SCARFACE virasse uma peça de TEATRO ESCOLAR?
Bom feriado!
sexta-feira, 19 de março de 2010
FIT 2010 cancelado (ou de quando a incompetência é transferida)
Doravante, ponto primeiro: o FIT é um acontecimento bienal e em diversas edições anteriores foi realizado em ano de Copa do Mundo e eleições, da mesma forma que hoje, como em 2002 e 2006. Ponto segundo: O FIT estava programado para acontecer em agosto. A Copa do Mundo acontece entre junho/julho e as eleições são em outubro. Ponto terceiro: O FIT é um decreto municipal, uma lei (n°9517) sancionada pelo então prefeito em exercício Fernando Pimentel, em 31 de janeiro de 2008. Assim, a sua simples não realização é ilegal. Ponto quarto: diversos artistas, grupos da capital estruturaram seu calendário para privilegiar sua apresentação em tal festival, um dos maiores do país e o mais importante evento artístico do estado. Ainda não obstante de outras passadas decisões não menos repugnantes – como a extinção em 2004 da Secretaria Municipal de Cultura, da suspensão do BH Cidadania, do Arena da Cultura e da mudança no orçamento da Lei Municipal de Cultura –, somos acometidos pela notícia de que o FIT será transferido para 2011.
Não somos apenas nós, artistas da capital, que perdemos direitos com a suspensão provisória do FIT. Mas também a população, que assiste um de seus principais eventos culturais nos processos de formação de público ser devastado por uma administração omissa, incompetente e politiquesta, que apenas comunicou a decisão sem ao menos conversar com os produtores locais. Ao que parece, não são os artistas desprovidos de adjetivos técnicos, qualitativos, ou a “repentina” Copa do Mundo que “calhou” de ser realizada neste ano, ou mesmo as já conhecidas obscuras eleições presidenciais que inviabilizaram o citado. Não há justificativa passível de compreensão. Como artista que possivelmente participaria do festival (concorrendo com o espetáculo Sonho de uma Noite de São João, do projeto Pé Na Rua, do Galpão Cine Horto), sinto-me ensimesmado ao escrever sobre tal acontecimento.
O que nos falta não são artistas competentes – como se estes em apenas um ano o se tornassem, como sugere a presidente Thaís –, senão que administradores menos inábeis ao lidar com o já percebido boicote artístico promovido pelo nosso prefeito Márcio Lacerda. Tendo em vista, por exemplo, a suspensão das atividades culturais na Praça da Estação, que suscitou a criação de outro evento público e autoral na cidade, a Praia da Estação, corroboro o pensamento de Marcello Castilho, do jornal Estado de Minas: o autoritarismo, a decisão de gabinete, a burocracia, o estorvo causado por uma política exclusiva, são apontamentos para que tais eventos sejam administrados por outros, que não órgãos públicos, maculados pelo constrangimento político, posto que a viabilização de tais festivais vem dos impostos cobrados da população. Em suma, recordo de uma tira do espetacular Quino, por sua Mafalda, na esperança de que nossa reivindicação não seja preterida como na charge: