umquefaltava
.o ponto é uma vírgula com mania de exatidão.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
O que é o Caradelivro senão um periódico ininterrupto e celeumático?
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Da explicação (ou de quando o hiato incomoda até a quem o exerce)
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
As cores, aromas e formas
Welcome genius!
Já é mais do que público e notório que Sir Paul McCartney já fez e ainda fará shows aqui em nossas terras tupiniquins neste mês. Já fazia um bom tempo desde a sua última estadia aqui, em 1993, e a legião de fãs saudosa já não aguentava mais esperar. Este que vos fala ainda mais. Fã confesso, ainda era muito jovem em 93 e por isso não tive a oportunidade de ir conferir o gênio ao vivo. Desta vez, já estou lá.
Garimpando velhas pastas de arquivos antigos, achei uma crítica que escrevi ainda na faculdade de Jornalismo, para a disciplina de Jornalismo Cultural, em 2005. Paul McCartney tinha acabado de lançar seu penúltimo disco "Caos and Creation in the Backyard" e eu me lembro que fiquei abismado com tanta qualidade; e já fazia um bom tempo que o Macca não lançava um belo disco.
A crítica é repleta de parcialidade, vícios acadêmicos e algumas 'cruezas' de estilo. Todavia, segue abaixo para apreciação e para tirar um pouco desta tonelada de poeira que estacionou por aqui.
Não seria audácia nenhuma dizer que Chaos and Creation in the Backyard é o melhor trabalho solo de Paul McCartney. Lançado esse ano, o disco é um marco na brilhante carreira do artista. Sucesso de crítica, o vigésimo trabalho solo de Paul, gravado em Londres e Los Angeles nos últimos dois anos, traz treze canções inéditas, todas escritas e compostas por ele.
No álbum, Paul McCartney toca a maioria dos instrumentos, assim como fez em seu primeiro trabalho solo, McCartney, de 1970. Sua banda de apoio toca apenas em uma das músicas do disco, intitulada Follow Me. Quem leva os créditos da produção é Nigel Godrich, renomado produtor inglês que já trabalhou com nomes como Radiohead e Travis, por exemplo.
Paul McCartney vinha sendo alvo constante dos críticos por fazer muitos discos lentos, românticos, melosos; que acabavam por ficar sem brilho. Chaos and Creation in the Backyard é a superação no que diz respeito a essa questão. Não que o disco seja mais rápido, socado ou hard; pelo contrário. É lento, romântico, recheado de baladas, mas é leve, bonito e inovador.
Uma combinação de lindas letras que falam de amor, amizade, paixão e desejo, arranjos perfeitos, linhas harmoniosas sem erros, orquestração de primeira categoria e uma parte instrumental impecável; com direito a flauta block, harmônio e flügelhorn, instrumentos novos trazidos por Paul. Com alto nível de qualidade poética, traz uma mistura de clássicos empolgantes de piano de McCartney e faixas mais introspectivas. A impressão que dá é que cada nota tirada dos instrumentos é uma resposta às palavras cantadas. A voz de McCartney, apesar de ele ter passado dos sessenta anos de idade e de ter fumado inúmeros cigarros em uma vida que conheceu os excessos da década de 1960, continua incrivelmente suave, macia, forte e ainda contando com os famosos falsetes que, com maestria, não desafinam.
O que faz Chaos and Creation in the Backyard ser o melhor disco de Sir Paul e um sucesso de crítica é o fato de lembrar, e muito, uma época de ouro de sua vida. O álbum remete à fase final dos Beatles e ao começo de sua carreira solo, em 1970. Mas McCartney ainda faz um resgate de outras épocas da extinta banda, e isso é facilmente perceptível. Ao escutar o disco nota-se facilmente que algumas músicas são parecidíssimas com as dos Beatles. Por exemplo, English Tea parece ter saído do White Album e Fine Line tem a mesma levada soberba de Lady Madonna. O próprio Paul McCartney descreve Jenny Wren como sendo “a filha de Blackbird”, um dos maiores clássicos dos Beatles. Ele também resgatou algumas coisas da sua fase com o Wings, banda pós-Beatles, que contava com a participação de sua falecida mulher Linda McCartney nos pianos e backing vocals e de um de seus filhos nas guitarras. Um exemplo é a música A Certain Softness, que segue a linhagem de Bluebird, do disco Band on the Run, do Wings.
De fato, todo esse processo solitário de composição ao qual Paul McCartney se submeteu valeu a pena. Paul conseguiu sair de sua pior fase, que eclodiu em 1993 com o fraquíssimo Off The Ground. Por vezes, Paul fez jus a sua história com trabalhos de alta qualidade. Porém, em outras ocasiões, mais especificamente nos últimos anos, o peso da “herança Beatles” pode ter sido demais para ele.
De acordo com o próprio artista, o êxito se deu graças a uma única fórmula: respeitar o passado e, ao mesmo tempo, livrar-se dele. Além, é claro, da contribuição do produtor Nigel Godrich.
O disco se alterna em dois momentos: o de introspecção e o de liberdade. A introspecção surge quando se nota o predomínio do trabalho de Godrich, marcado sempre por um clima carregado, com sons e arranjos não convencionais, como frisou a revista Rolling Stone. Já a liberdade aparece quando a mão de Paul se mostra mais presente, com melodias e arranjos inspirados.
Enfim, ouvir Paul McCartney cantando como se ainda fosse um beatle talvez seja a melhor coisa que Chaos and Creation in the Backyard nos proporciona.
Ficha Técnica
Ano: 2005
Gênero: Clássicos do Rock
Procedência: Nacional
EMI; ASIN: 094633795921
Faixas
1. Fine Line
2. How Kind of You
3. Jenny Wren
4. At the Mercy
5. Friends to Go
6. English Tea
7. Too Much Rain
8. A Certain Softness
9. Riding to Vanity Fair
10. Follow Me
11. Promise to You Girl
12. This Never Happened Before
13. Anyway
domingo, 17 de outubro de 2010
A ponte dos dois arcos
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Stand Up Comedy Eleições 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A condição constitucional
Evidentemente que todas estas situações são extremamente fáceis de serem resolvidas. Mas apenas o constrangimento que pode ser causado por elas já é característica execrável de qualquer processo democrático. Se uma democracia é o regime em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos, direta ou indiretamente, estes também deveriam ter o direito de não votar, posto que isto já seria uma manifestação política. E digo não votar como o não comparecimento à zona eleitoral sem nenhuma punição futura.
Parece-me que a Constituição democrática, conseguida pelas Diretas Já!, apenas reforça o apontamento de que somos induzidos a seguir com as situações vigentes, tendo nossos direitos de protestar, requerer e cobrar satisfações sendo transmitidos à orgãos particulares, como a televisão, o rádio, os jornais, em suma a mídia que transborda nossas cabeças com informações desconexas e muitas vezes omissas diante de interesses escusos de formatação da notícia. E nós, claro, patentiados e registrados por uma credibilidade burra que confiamos a estes mecanismos, apenas nos resignamos ao pensamento recluso, em mesas de bar, que apenas resultam, muitas vezes, em uma dolorosa ressaca (moral e alcoólica).
Não entendo como a obrigação em votar deve ser tomada como algo "bom" por nossos antecessores que, apesar de corretos e históricos, deixaram para nós o pequeno detalhe da intolerância eleitoral. Acompanhando os debates, principalmente pela televisão que, apesar de tudo, é o único lugar em que se vê e ouve o candidato no instante em que este se pronuncia, sem maquiagens, montagens ou arremedos de marketing dilmísticos, percebo que a triste notícia é: não há em quem votar.
E este discurso inclusivo de atinar para "exercer o meu direito" é tão ou mais piegas do que dizer que o Tiririca é analfabeto - engodo desesperado dos literatos sem voto - ou que o Serra é parente próximo do Mr. Burns. Se o comediante (o Tiririca) o é ou o fosse, isto não lhe retiraria o direito de se candidatar. Se ganhar e não souber assinar seu próprio nome na ata de posse, daí é outra história.
E para os pessimistas, os otimistas, os revolucionários, os militantes fervorosos que ainda acreditam em ideologias partidárias, oriento que não vai haver nenhuma mudança drástica em nossa economia, nossa legislação ou Constituição - mesmo com a vitória do octogenário líder da juventude Plínio de Arruda Sampaio. O que veremos serão atitudes austeras que apenas nos arrastarão por mais quatro anos até a eleição presidencial de 2014, a ser vencida, bem provavelmente, por Luís Inácio.
Assim, votarei nulo. Sem remorso, pensamento anti-cidadania ou complacência ideológica com estes idiotas que picham "vote nulo" e nem sabem os nomes dos candidatos. Atestar que isto é alienação é tão estúpido quanto os próprios eleitores que votam por obrigação. Isto representa apenas uma escolha legal, de um cidadão que não percebe perspectivas nas propostas apresentadas. E a este direito, reservo-me como atuante e efusivo representante do processo eleitoral brasileiro.
obs: para os demais cargos, ainda estou a especular.